No episódio desta semana, o Curioso por Ciência traz os dad0s de estudo realizado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP indicando que a deficiência de vitamina D durante a gestação e a amamentação pode impactar de forma permanente o pâncreas dos filhos, especialmente os do sexo masculino. Os resultados chamam a atenção para a importância da nutrição materna no desenvolvimento de órgãos vitais do bebê, como o responsável pela produção de insulina.
A pesquisa utilizou modelo experimental com ratas prenhas alimentadas com dietas com e sem vitamina D. Algumas delas também receberam suplementação de cálcio, permitindo isolar os efeitos específicos da deficiência vitamínica. Após o nascimento, os filhotes foram acompanhados até a idade adulta jovem.
Os resultados revelaram que apenas os filhotes machos nascidos de mães com deficiência de vitamina D apresentaram alterações significativas no pâncreas. Eles produziram menos insulina, tinham menor área das ilhotas pancreáticas e apresentaram uma quantidade reduzida de células beta, além de menor atividade de genes relacionados à produção do hormônio. As fêmeas, por outro lado, não mostraram alterações significativas, indicando uma possível diferença de sensibilidade entre os sexos.
Outro achado importante foi que a suplementação de cálcio nas mães não preveniu os efeitos observados nos filhotes, sugerindo que os prejuízos são atribuíveis especificamente à ausência de vitamina D durante o período gestacional.
Embora realizado em modelo animal, o estudo reforça a necessidade de atenção à saúde nutricional durante a gravidez e abre caminhos para futuras investigações sobre o impacto da vitamina D no desenvolvimento metabólico de seres humanos.
O estudo Efeitos dimórficos da deficiência materna de vitamina D nas alterações morfofuncionais das ilhotas pancreáticas na prole de ratos é parte do doutorado de Aline Zanatta Schavinski, com orientação do professor Luiz Carlos Carvalho Navegantes, no Programa de Pós-Graduação em Fisiologia da FMRP.