No episódio desta semana, o Curioso por Ciência traz uma proposta promissora no combate à covid-19: uma vacina desenvolvida no Brasil que combina diferentes proteínas do coronavírus e apresenta bons resultados até mesmo contra variantes como delta e ômicron.

Desde o início da pandemia, em 2019, a covid-19 causou quase 7 milhões de mortes no mundo. As vacinas existentes foram fundamentais para conter o avanço da doença, mas todas compartilham uma limitação: são baseadas exclusivamente na proteína spike, usada pelo vírus para invadir as células humanas. Como essa proteína sofre constantes mutações, novas variantes podem escapar da proteção oferecida pelos imunizantes tradicionais.

Buscando uma alternativa mais resistente a essas mudanças, a pesquisadora Júlia Teixeira de Castro desenvolveu uma vacina que une a proteína spike à proteína nucleocapsídeo, conhecida como N. Essa junção forma uma proteína quimérica, chamada SpiN, capaz de ativar não apenas os anticorpos, mas também os linfócitos T, responsáveis pela memória imunológica e pela proteção de longo prazo.

Nos testes com camundongos e hamsters, os resultados foram animadores: os animais vacinados mantiveram o peso, não apresentaram inflamações nos pulmões e, o mais importante, sobreviveram à infecção por diferentes variantes do vírus, incluindo wuhan, delta e ômicron.

A formulação final do imunizante, batizada de SpiN-Tec, já foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e está atualmente na fase 2 dos testes clínicos em humanos, um avanço significativo da ciência brasileira na luta contra a covid-19.

O estudo intitulado Desenvolvimento de proteína quimérica e avaliação de seu potencial vacinal contra covid-19 integra o doutorado de Júlia Teixeira de Castro, orientada pelo professor Ricardo Tostes Gazzinelli, foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Imunologia Básica e Aplicada da Faculdade de Medicina de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e defendida em 2024.