Por Irmão José Ronaldo Viega Alves
COMENTÁRIOS INICIAIS
Nós Maçons podemos dizer que estamos bastante familiarizados com o uso de alguns vocábulos e expressões utilizados com o intuito de designar e de representar de forma simbólica, a figura divina, a arquitetura, a própria Maçonaria, sendo que, dentre uma gama de nomes e expressões, aos quais são feitas referências constantes em nossos Rituais, podemos aqui destacar como exemplos: o Grande Geômetra, o Grande Arquiteto do Universo, a boa geometria, geometrizar, além de outras.
Quanto ao geometrizar, para quem nunca viu o uso deste vocábulo anteriormente, vejamos como é que ele surge:
“Na antiguidade, a Geometria gozava de imenso prestígio. Além da célebre frase de Platão a seu respeito, Pitágoras ensinava aos seus discípulos que a Geometria no espaço é o pensamento da Energia criadora. Afirmava que a proporção matemática e o agrupamento da matéria eram as que produziam as formas geométricas e a harmonia, chegando a dizer que ‘Deus geometriza’.” (Aslan, 2012, pág. 532)
Mas, quantos Maçons se importam realmente em pesquisar, se aprofundar, com o objetivo de saber mais sobre esses conhecimentos que antecedem nossos Rituais, nossas instruções em Loja, e que nos ajudam a entender melhor como foi que tudo começou ou como foi que chegamos até aqui.
Para aqueles que demonstrem interesse então, pelo tema que vem sendo tratado, iniciemos por um resumo do que foi visto na sua Parte 1: foram apontados alguns dos lugares mais prováveis da Antiguidade onde teria surgido a Geometria, sendo que, por muito tempo suas origens foram tidas como situadas no Egito, muito devendo isso devido à uma teoria do historiador antigo Heródoto. Hoje, muitos pesquisadores e historiadores apontam para o uso das práticas geométricas como tendo sua gênese em outras civilizações do passado, a exemplo da Mesopotâmia, aliás, essa que é a civilização considerada pelos historiadores como sendo o berço da civilização.
Já em relação ao lugar onde ela acabou recebendo recebeu seus maiores impulsos, onde ela encontrou seu maior número de adeptos e, portanto, o lugar onde ocorreu também, uma grande profusão de descobertas e de teorias relacionadas à Geometria, podemos apontar sim, para a Grécia antiga.
Entre aqueles nomes considerados dos geômetras que mais se destacaram, os expoentes maiores, os que são citados com relativa frequência na elaboração dos nossos trabalhos maçônicos, dos artigos, das instruções, enfim, destacamos os seguintes nomes: Euclides, Pitágoras e Platão.
Ainda, dentro do capítulo precedente, vimos algumas descrições sobre a disciplina Geometria, sobre a Geometria como sinônimo de Maçonaria, esta última como se pode comprovar em registros da época, de grande utilização durante o período medieval, além de uma pequena introdução a respeito desse outro significado que lhe é atribuído, o de ser considerada uma ciência sagrada. Sobre alguns dos tópicos que acabamos de mencionar, alguns desdobramentos ainda poderão vir a ocorrer durante o desenvolvimento deste e dos próximos capítulos, desde que, sejam relevantes.
DAS ORIGENS DA GEOMETRIA NA MAÇONARIA: OS PRIMEIROS REGISTROS
Sabemos de antemão que não haveria como fixar uma data oficial para o início da Maçonaria Operativa, mas, sabemos que é no período da Idade Média que ela resplandece, e que nesse contexto ela possui uma ligação direta com a arte da construção. Se pensarmos em provas documentais, os documentos que podem atestar fidedignamente o começo oficial da Maçonaria Operativa são os Antigos Manuscritos (Old Charges).
Definindo as Old Charges
No pensamento de H. L. Haywood, essas Antigas Obrigações (Old Charges), entre outros nomes, são os documentos antigos que chegaram até os nossos dias atuais, eles estão inseridos ou tem sua origem dentro do seguinte período: de 1390 até o primeiro quarto do século XVIII.
Sobre uma ideia mais exata da importância desses documentos para a história da Maçonaria, poderemos obtê-la após a leitura desta sínte