E Jonas se levantou para fugir de diante da face do Senhor para Társis; e, descendo a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem e desceu para dentro dele, para ir com eles para Társis, de diante da face do Senhor. (Jn 1.3 ARC)
O curso da desobediência é sempre uma trajetória descendente — isto é, até que Deus intervenha. Na pressa de Jonas de fugir da ordem do Senhor para pregar uma mensagem de arrependimento aos ninivitas, ele “[desceu] para Jope”, “desceu para dentro” do navio e “[desceu] até à terra, cujos ferrolhos se correram sobre” ele no ventre do grande peixe (Jn 2.6, ênfase acrescentada).
Quando Jonas estava dormindo profundamente sob o convés do navio, tentando fugir de Deus, “o Senhor lançou sobre o mar um forte vento […] e o navio estava a ponto de se despedaçar” (1.4). No entanto, no meio de uma tempestade furiosa e da atividade febril dos marinheiros que gritavam, choravam, oravam e jogavam coisas na água, Jonas continuou dormindo.
Como Jonas poderia estar tão exausto? Decerto ele estava física e espiritualmente desgastado por sua decisão de fugir de Deus. Embora a desobediência possa ser estimulante no momento — embora possa proporcionar um burburinho momentâneo —, é sempre exaustiva no final. É difícil resistir contra os aguilhões (At 26.14). Dificilmente se pode encontrar um sono mais miserável ou desconsolado do que aquele que segue nossa rebelião contra uma palavra de Deus e o desejo subsequente de nos escondermos de qualquer um e de todos, retirando-nos para a privacidade de nossa cama.
Jonas queria que Deus o deixasse em paz. Deus, no entanto, era misericordioso demais para fazê-lo. Então ele enviou uma tempestade, e a tempestade enviou o capitão do navio para encontrar Jonas e despertá-lo. O capitão usou a mesma palavra que Deus havia falado anteriormente para chamar Jonas para pregar: “Levanta-te, invoca o teu deus!” (Jn 1.6 ARC, ênfase acrescentada; compare com 1.2).
Aqui, então, está um quadro de grande relutância — não apenas a relutância de Jonas em fazer o que lhe é ordenado, mas a relutância de Deus em deixar seu servo no desânimo e na miséria de seu pecado. Os três dias que Jonas logo passaria no ventre do grande peixe testificam ainda mais essa verdade sobre Deus. Embora a rebelião de Jonas merecesse punição, Deus logo o resgataria de perecer no mar e o restauraria para que ele pregasse julgamento e misericórdia ao povo de Nínive.
Deus vem a nós repetidas vezes em nossa desobediência, não querendo nos deixar chafurdando em nosso pecado. Mesmo que coloquemos os dedos nos ouvidos e finjamos não ouvi-lo, e mesmo que nos recusemos a obedecer, Deus vai atrás de seus filhos errantes. Ele nos ama tanto, que não quer nos deixar à nossa própria sorte. Em nosso pecado, não podemos fugir da misericórdia de Deus, aquele que nunca nos deixará nem nos abandonará.