Jesus sai de uma festa familiar e vai para a festa mais importante dos judeus, a festa da Páscoa, na cidade de Jerusalém. Naquela época, a população de Jerusalém, que girava em torno de cinquenta mil pessoas, quintuplicava. A Páscoa era a alegria dos judeus e, em simultâneo, o terror dos romanos.
Havia grande temor de conflitos, uma vez que pessoas de todo o Império Romano se dirigiam a Jerusalém nessa semana. O templo era o centro fundamental dessa festa; e foi exatamente aí que Jesus agiu.
No casamento, Jesus exerceu misericórdia; no templo, exerceu juízo e disciplina. No casamento, ele transformou água em vinho; no templo, pegou o chicote e expulsou os cambistas.
No entanto, o zelo intenso pela casa de seu Pai não é menos revelação da glória do Filho que sua participação no poder criador e doador de Deus ao realizar o milagre por ocasião das bodas.
Só havia um lugar e uma ocasião para nosso Senhor inaugurar de modo próprio o seu ministério público: o lugar devia ser Jerusalém, a capital, no templo, o centro da vida do povo e do culto; a ocasião devia ser a festa da Páscoa, a quadra mais solene do ano, quando a cidade se enchia de peregrinos de todas as partes da terra. Aqui Jesus deixa a vida privada para começar sua carreira pública.
Jesus purificou o templo motivado pelo menos por três razões:
1) porque o templo, a casa de oração, estava sendo dessacralizada; 2) para demonstrar que todo o aparato de sacrifícios de animais carecia completamente de permanência; 3) porque o templo estava sendo transformado em covil de ladrões.
O templo era formado por uma série de pátios que conduziam ao templo propriamente dito e ao Lugar Santo. Primeiro, havia o Pátio dos Gentios; logo depois, o Pátio das Mulheres; então, o Pátio dos israelitas; e, depois, o Pátio dos Sacerdotes.
Todo o comércio de compra e venda era feito no Pátio dos Gentios, o único lugar onde os gentios podiam transitar. Aquele pátio fora destinado aos gentios para eles virem meditar e orar. Aliás, era o único lugar de oração que os gentios conheciam.
O problema é que os sacerdotes transformaram esse lugar de oração numa feira de comércio onde ninguém conseguia orar.
O mugido dos bois, o balido das ovelhas, o arrulho das pombas, os gritos dos vendedores ambulantes, o tilintar das moedas, as vozes que se elevavam no comércio; todas essas coisas se combinavam para converter o Pátio dos Gentios em um lugar onde ninguém podia adorar a Deus.
Esse episódio nos ensina duas lições:
Em primeiro lugar, a casa de Deus é lugar de adoração, e não de comércio (2,13-17). O único espaço aberto no templo a pessoas de “todas as nações” (além dos israelitas) era o pátio externo (às vezes chamado Pátio dos Gentios); e, se essa área fosse ocupada para o comércio, não poderia ser usada para o culto.
Em segundo lugar, a casa de Deus é lugar de contemplar Jesus, o verdadeiro santuário de Deus entre os homens (2.18¬ 22). Jesus não apenas purificou o templo, mas também o substituiu, cumprindo seus propósitos. Quando pediram a Jesus um sinal de sua autoridade, ele deu como exemplo sua morte e ressurreição.
A morte e a ressurreição de Jesus são os argumentos mais eloquentes e decisivos em favor de sua pessoa divina e de sua missão redentora. Jesus veio para substituir o templo. Sua morte varreu dos altares os animais do sacrifício.
Com sua morte e ressurreição, cessaram todos os sacrifícios cerimoniais. Ele veio para oferecer um único e irrepetível sacrifício. Ele morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação.
Agora, a verdadeira adoração não tem mais que ver com a geografia do templo. Devemos adorar a Deus em espírito e em verdade.
Pastor Valter dos Santos / IEQ sede