Estamos no Brasil de 2020, e vivendo na quarentena da pandemia do covid-19. Então, em meio a uma pandemia, estar saudável, não é uma preocupação de pouca monta. Mas, o que é muito interessante é observar que muitas das nossas postagens nas redes sociais é sentindo falta do cabeleireiro ou da ida a academias. As pessoas estão infelizes por terem medo de ficarem feias, segundo lógico o padrão estético. O tão propagado “medo de engordar” e as piadas sobre isso nas redes, mostram que mais do que pegar o coronavírus, as pessoas tem medo do corpo indisciplinado, que seria esse corpo gordo. Vemos assim, que a preocupação com o corpo não se resume somente no maior uso de medicamentos, mas também por questões que envolvem o cuidado de si, na construção de uma existência mais “normal” possível. Disciplinar-se para comer bem, para estar saudável e magro. E para os mais “paranoicos” estocar remédios ainda não comprovadamente aptos para prevenir a doença, como fazem os que estão lotando as farmácias de manipulação comprando “cloroquina” e “hidroxicloroquina”. Em suma, cuidar de si, do corpo, se vigiar, disciplinar-se são ideias e ideais que não são novos e já são objeto do olhar de filósofos e filosofas e teóricos e teóricas sociais, e revelam um regime político muito bem estruturado, do que vamos apenas conversar sobre ele hoje. Este cuidar passa, correntemente, pela o fator consumo. Cuidar é consumir, o consumo do cuidar de si. Para além disso, estes cuidados e consumos inserem-se em nossos regimes de governo. Tudo está interligado. Um pensador contemporâneo chamado Michel Foucault, fez de sua caminhada intelectual uma busca constante para tentar explicar esses regimes de "poder". Para falar sobre ele, seu pensamento e como nos utilizarmos de Foucault como ferramenta para pensar nosso tempo, convidamos a Filósofa Roberta Liana Damasceno, que nos deu uma aula sobre o "Governo da Vida no neoliberalismo." Vocês nos encontram no Instagram @elaspesquisam , no Twitter @podcastElas e nosso e-mail é [email protected].