Como sobreviver a uma pandemia sem esmorecer, embrutecer ou enlouquecer? Era esta a pergunta a que muitos de nós tentávamos responder quando, em final de julho de 2020, o telefone tocou para quatro mulheres de Braga. Uma mente inquieta e brilhante chamada Helena, a quem a inércia tira o sono, tinha reconhecido em nós a mesma vontade de agitar as águas. "Cinco mulheres na curva da história e das suas estórias" começaram assim, sem saber como nem porquê um vaivém de pessoas, ideias e projetos, uma história em 70 capítulos chamada Entre Braga e Nova Iorque.
Muito poderia ser dito sobre o que conquistamos com estes 70 episódios. Que fomos ouvidos em muitos pontos do mundo. Que fizemos companhia a muita gente num momento de angústia global. Que descobrimos que poucas pessoas mesmo interessantes têm um percurso em linha reta. Que nenhuma vida muda de curso sem tocar muitas outras. Que o ser humano não está feito para o marasmo, mas para a paixão e a descoberta. Que a opinião que expressamos hoje pode mudar amanhã. Que a busca pela verdade, a liberdade, a beleza e a justiça são comuns a quem quer mudar o mundo. Que encontraríamos grande alívio se conhecêssemos melhor as angústias e solidões uns dos outros. Que tudo tem o seu tempo e o seu final ou recomeço.
E porque o nosso mote foi sempre a Mudança, e com a sua saída para se dedicar a novos voos e compromissos, hoje entrevistamos finalmente a nossa mentora e maior força motriz, não necessariamente para lhe conhecermos o CV (isso despachamos logo nos primeiros minutos), mas para desvendar o lado B de Helena Mendes Pereira, uma mulher de muitos mundos.
Acabamos este ciclo e iremos hibernar, sem agenda, sem planos e sem certezas absolutas de parar ou recomeçar, porque Liberdade também é poder não ter respostas nem certezas. Fechamos com um brinde, porque passamos por muita coisa juntos, porque isto trouxe muita coisa linda, porque foi do caraças, e porque tu Helena és do caraças. Obrigada por te teres lembrado de fazer isto. Brindamos a todos nós, aos nossos projetos para mudar o Mundo, a Braga, a Nova Iorque, e às viagens enormes que fizemos com tantas pessoas incríveis sem sair do nosso estúdio, brindamos às viagens mais longas - dentro de nós e uns para os outros. Até breve ou até sempre, principalmente obrigada a quem nos ouviu e manifestou de tantas formas a sua atenção, opinião e carinho.