Confissões de uma super-perfeccionista em recuperação

Episódio 12. O poder do círculo: desenhamos juntas


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Olá!Dou-vos as boas-vindas a este episódio do podcast "Confissões de uma super-perfeccionista em recuperação".

Esta semana quero falar-vos do poder do círculo e do poder de desenharmos juntas, em círculo.

Até parece que estou a ouvir: “O quê? Desenhar? Não… eu até queria círculo, mas desenhar…? Não, eu nem sequer tenho jeito nenhum!”

Se pensaste algo parecido com isto, deixa-me que te diga: não estás sozinha! Neste episódio desmonto este e outros mitos sobre o desenho – e falo do poder mágico de desenhar acompanhada.

Espero que desfrutem.

Neste episódio mencionamos:
Desenhamos Juntas, a sessão semanal em que desenhamos em diário gráfico, umas com as outras.
Conectar para Liderar, o meu programa de grupo para mulheres que desejam voltar a reconectar-se com a sua criatividade, quer tenham inclinação artística, quer não.
Recursos para quem quer começar ou recomeçar a desenhar.
Onde podem subscrever o podcast para serem as primeiras a saber quando há novos episódios.

Confissões de uma super-perfeccionista em recuperação é um podcast de Ana Isabel Ramos, designer, ilustradora, autora de livros e mentora de criatividade em www.airdesignstudio.com e no Instagram como @‌air_billy.

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E se algo neste episódio vibrou dentro de ti, partilha-o com as pessoas da tua vida que poderão também encontrar um eco nestas confissões. Um passo de cada vez, recuperaremos do perfeccionismo e abraçaremos a fluidez para trazermos à superfície o melhor de nós.

Créditos: “Cover Girl” de Beat Mekanik
Podcast
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Dou-te as boas-vindas a mais uma confissão de uma super-perfeccionista em recuperação, um podcast sobre perfeccionismo, criatividade e empoderamento.

Nestas confissões, vou partilhar contigo os altos e baixos do meu longo caminho de recuperação do super-perfeccionismo.

Se também tu tens vontade de deixar para trás a excessiva exigência contigo própria, soltar o perfeccionismo e abraçar a criatividade que tens dentro de ti, quer te consideres uma pessoa artística, quer não, então fica aqui nas “Confissões”.

Olá a todas, bem-vindas a um novo episódio de “Confissões de uma super-perfeccionista em recuperação”.

Antes de mais, quero agradecer a todas a forma amorosa e calorosa como estão a receber o podcast e as confissões que nele faço. Sinto que estou a tocar em temas que nos dizem muito a muitas de nós. Faz-me sentir acompanhada, o que é muito bom, porque com companhia tudo fica mais fácil. Apesar das nossas histórias não serem todas exactamente iguais, há muito nelas que é comum e transversal. Encontrar desse lado, do teu lado, quem entenda, não só com a cabeça mas também com cada célula do corpo, é muito bom.

Fazer este podcast transformou-se rapidamente no meu projecto favorito, tal como antes adorava escrever as minhas cartas semanais, em que vos mostrava os bastidores do atelier. Este podcast veio ocupar esse lugar de comunicação, agora neste novo formato, o áudio, assim como se fosse uma conversa com uma amiga muito querida.

Criar este podcast foi um daqueles projectos de pura alegria: desde definir os temas de que queria falar, a escolher a canção para o jingle (canção essa que adoro, e que me pôs a dançar assim que a comecei a ouvir, fiquei logo a saber que aquela era a canção certa!), a criar os visuais, enfim, tudo, tudo foi um prazer.

Claro que uma vez que está feito o podcast e pronto a lançar… bom, aí  faltava-me lançá-lo. Mas sabem o que fiz? [pigarreia] Não o lancei. Ah! Imaginem só, um ataque de perfeccionismo à última hora! Na hora H!

Agora vejam a ironia: tenho o podcast pronto para lançar, podcast esse que tem o título de “Confissões de uma super-perfeccionista em recuperação”, e o que é que me acontece? Procrastino, adio, espero mais uns dias, afino mais um detalhe, acerto mais uma coisinha, volto a gravar uma parte porque enfim, não estava “no ponto”, afinal não tenho propriamente uma data limite para o fazer, não importa assim tanto se lanço o podcast esta semana ou na próxima, enfim, invento mil histórias na minha cabeça para ainda não dar o passo de o tornar público! Ai! Juro que até a mim me dá vontade de rir!

E portanto é isto, queridas ouvintes que desse lado estais, é o chamado “no melhor pano cai a nódoa”. Mas vá, acho que tenho desculpa. Afinal de contas, eu não prometi ser super-perfeccionista “recuperada”, pois não? A promessa é estar “em recuperação” – vá, e aí não menti, porque tenho estado a trabalhar muito para ir recuperando dessa “tendência exagerada para procurar a perfeição”, como dizia no episódio anterior, citando a definição do Dicionário Priberam.

Quando me caiu a ficha de que estava a evitar lançar o primeiro episódio, que estava a procrastinar, decidi puxar do meu chapéu de Sherlock Holmes – ou de “Sherlocka Holmes”, se preferirem – e pus-me a investigar. Que se estava a passar para estar a procrastinar neste momento decisivo, o momento de partilhar com o público um projecto que tanto gozo me trouxe e me traz? O momento de abrir as portas deste “confessionário” do super-perfeccionismo?

Apareceram alguns indícios que rapidamente reconheci, dado que este trabalho da recuperação do super-perfeccionismo já vem acontecendo há alguns anos. Reconheci o padrão da procrastinação. Reconheci o padrão de guardar na gaveta algo que me deu imenso prazer a desenvolver, mas que partilhar com o público significa mostrar-me a mim própria, com vulnerabilidade. E significa também, e inevitavelmente, que estarei exposta a críticas, ataques, e, quem sabe, algo mais.

Numa daquelas sincronicidades incríveis, por estes dias aconteceu uma coisa deveras curiosa numa sessão da formação que estou a fazer, o Level Up. Numa aula sobre confiança ao vender, a formadora falou dos medos relacionados com esse momento: o medo de brilhar, o medo de não ser suficiente e o medo da perseguição. A mim, os medos que mais me tocam directamente no coração são o primeiro, o de brilhar, e o último, o medo da perseguição. Como explica a formadora, não há muitas gerações atrás, as mulheres eram perseguidas por falarem, por levantarem a voz. Eram acusadas de bruxas e arruaceiras e silenciadas, muitas vezes assassinadas.

E nós sabemos que os tempos são outros, e tal, mas a história repete-se e não é implausível o silenciamento das mulheres na actualidade, o que alimenta, e muito, esse meu medo da perseguição.

Voltando à formação, depois da parte expositiva da sessão, a Nayla, a nossa formadora, pôs-nos a fazer uma dinâmica em que tínhamos que imaginar estar no momento de abrir as portas para o nosso programa (no meu caso, o momento em que conto ao meu público que abri as inscrições para o programa de grupo Conectar para Liderar). Quando mentalmente me imaginei aí, a formadora pediu-nos que sentíssemos o medo no corpo e identificássemos onde esse medo se localizava.

E aí aconteceu uma coisa muito curiosa, e também muito estranha. De repente, deu-me no joelho uma dor muito fina e aguda, que activou uma ligação imediata na minha cabeça: quando partilho o meu programa com o mundo, activa-se um medo de perseguição, um medo de ser perseguida pelas minhas ideias, ideias essas que partilho no programa de grupo Conectar para Liderar. Esse medo manifesta-se fisicamente com uma dor no meu joelho. Porque se me doer o joelho, não posso correr. E se não posso correr, não posso escapar da perseguição.

Foi um momento muito revelador! Eu pensava que os meus medos se prendiam mais com o primeiro mencionado na aula, o de brilhar, mas afinal este medo da perseguição também está bem presente em mim.

Curioso, não é? Assim, não admira que chegado o momento de partilhar o primeiro episódio de podcast com o mundo, tenha arranjado cinquenta e quatro mil trezentas e vinte e três correcções e pequenos ajustes para fazer, adiando de facto o seu lançamento – ou seja, adiando o momento de tornar o podcast público.

Bem, e como é que se supera esta procrastinação? Ou melhor, como é que se superam estes medos? A verdade é que não se superam, por assim dizer, mas vão-se superando, aos poucos, gradualmente. Não podemos ficar à espera daquele momento em que não sentimos medo, porque isso nunca vai acontecer. Temos de avançar e fazer, apesar do medo.

No caso concreto do lançamento do primeiro episódio do podcast, eu decidi abraçar uma estratégia que me é muito cara: decidi lançar o podcast “aos bocadinhos”, suavemente, e partilhei o primeiro episódio do podcast com um grupo de assinantes da minha newsletter que tinham manifestado interesse em receber informação sempre que saísse um novo episódio. (Já agora, e se quiserem, também poderão receber os episódios em primeira mão indo a www.airdesignstudio.com/podcast/ )

Nesse dia, uma sexta-feira, se não estou em erro, mandei um email a esse pequeno grupo em que praticamente sussurrei que o episódio estava publicado e acessível, e depois respirei fundo três vezes, desliguei o computador e fui tentar acalmar o meu coração de toda aquela agitação.

Eu sei, eu sei, qual agitação, não é?

Mas, minha gente, nunca disse que estava “recuperada”, só prometi estar “em recuperação”.

Enfim, retomando a história, na terça-feira seguinte, dia em que defini que iriam sair os episódios semanais deste podcast, enviei finalmente um email a toda a minha lista – e pronto, assim se deu, finalmente, a publicação.

Hmmm, só que ainda não estava tudo… claro, era bom demais a história acabar assim, vitória vitória, consegui e já está. Pois. Hmm. Não.

É que para além de avisar as pessoas que já recebem a minha newsletter, eu também preciso de avisar as pessoas que ainda não a recebem, ou seja, preciso de partilhar nas redes sociais (como Instagram e Linkedin).

E vamos lá ver se sabem o que aconteceu…?

Houve mais um momento de bloqueio agudo! Minha gente, eu já só me ria de mim e para mim, ao sentir que tudo era dificuldade em definir o que iria partilhar nas redes sociais. Tudo foi uma barreira, desde que texto escrever (e eu adoro escrever, habitualmente não tenho dificuldade em escrever…), que imagens partilhar, que vídeos criar, que templates armar para me facilitar a vida no futuro,… olhem, tudo.

Mas identificado o padrão da procrastinação, e identificado o medo por detrás, ficou mais fácil ir avançando, um passinho de cada vez. Com curiosidade – como se fosse detective – e com benevolência – como se estivesse a falar com uma amiga – fui fazendo esse trabalho de investigação para entender o que está por detrás de cada bloqueio. Uma vez que identifiquei o bloqueio, lhe pus nome e apelido, começar a superá-lo ficou mais fácil.

É isso também que proponho nos meus programas, tanto nas sessões em que desenhamos juntas – uma sessão semanal de meia hora em que fazemos exercícios de desenho em diário gráfico – como no programa de grupo, o Conectar para Liderar, em que ao longo de oito semanas vamos trabalhando temas como a procrastinação e a conexão connosco próprias.

Superamos os nossos bloqueios não com grandes saltos, mas sim com pequenos passos, um de cada vez. Por vezes, é uma micro-acção, um micro-movimento, que nos desbloqueia. Assim foi também comigo: depois de “brincar” um bocadinho com as imagens estáticas e animadas para o podcast, percebi qual era o meu caminho. Acabou por ser um trabalho muito divertido de tentativa e erro, e nova tentativa e erro, até chegar a um resultado gráfico de que gostei e que me deu muito gozo fazer. Com estes modelos, um para reel (vídeo) e outro para imagem estática (para posts), já estava quase pronta para partilhar o primeiro episódio do podcast nas redes sociais. Hmmm, e aqui, notem a ênfase no “quase”! Verdade, “quase”, porque ainda precisei de contornar as dificuldades da tecnologia, já que na hora H, a tecnologia não funcionou – e a reel que tinha que sair no Instagram não saiu.

Quem havia de dizer que o lançamento de um podcast iria estar próximo de uma novela, cheia de drama e reviravoltas?

Bom, não vos vou maçar mais com estes detalhes, mas se há uma ideia que gostaria que retivessem é a seguinte: estamos “em recuperação” e não “recuperadas”. Como quase tudo o que trabalhamos na vida, estamos sempre em processo, um processo que não termina nunca. O que queremos é que quando chegar novo bloqueio, novo medo, nova procrastinação, consigamos identificá-lo mais rápido, investigá-lo com curiosidade e benevolência e iniciar um micro-passo para o superar.

Hoje, confesso: dá-me vontade de rir todas as barreiras que eu própria inventei na hora de tornar público o primeiro episódio de podcast. Mas também olho para trás e celebro, porque apesar de ter tido um ataque de perfeccionismo agudo, isso não me bloqueou para sempre. Pelo contrário: fez-me ir investigar e mergulhar nos medos subjacentes, identificá-los e desenhar micro-acções para ir superando esse perfeccionismo.

Recuperada? Não. Em recuperação? Sim! E com alegria!

 

Confissões de uma super-perfeccionista em recuperação é um podcast de Ana Isabel Ramos, designer, ilustradora, autora de livros e mentora de criatividade em airdesignstudio.com e no Instagram como @‌air_billy.

Se não queres perder nenhum episódio, poderás subscrevê-los na tua plataforma preferida de podcasts, ou então assinarr a newsletter em airdesignstudio.com para os receberes semanalmente na tua caixa de correio.

E se algo neste episódio vibrou dentro de ti, partilha-o com as pessoas da tua vida que poderão também encontrar um eco nestas confissões. Um passo de cada vez, recuperaremos do perfeccionismo e abraçaremos a fluidez para trazermos à superfície o melhor de nós.

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