O que conhecemos hoje sobre Educação Infantil, séculos atrás não se pode dizer que era a mesma coisa.
Na Grécia Antiga, por exemplo, as crianças não eram reconhecidas como tal, e eram até chamadas de adultos em miniatura, fazendo trabalhos e até vestindo roupas de adultos em tamanho menor. Dessa forma, não era permitido a acesso a brincadeiras, estudos e outras atividades que hoje em dia, as crianças tem acesso.
Durante séculos, o conceito de infância e criança era desconhecida. Somente a partir do século XVII, o conceito de Educação Infantil aparece. E também, o conceito de infância (sem fala: corresponde a uma etapa da vida) e da criança (crescer: refere-se a pessoa que se encontra em determinada faixa etária).
A partir do século XVIII, as crianças começaram a serem mais reconhecidas como realmente crianças. Suas vestimentas ficam mais adequadas à suas faixas etárias, começam a ter um tratamento mais humano.
E já no início do século XX, surgiram importantes teóricos, entre eles Jean Piaget e Vygotsky, que se preocuparam em estudar o desenvolvimento humano, entre os quais o das crianças, e deixaram notórios estudos sobre o assunto.
A concepção que temos hoje de infância precisou ser amadurecida ao longo do tempo. Nem sempre a criança foi vista como sujeito de direitos, essa é uma conquista extremamente importante e necessária, hoje consolidada na legislação e diretrizes de ensino.
Analisando a trajetória histórica observamos que o processo foi longo, tendo surgido as primeiras iniciativas de Educação Infantil na Europa em razão das mudanças ocasionadas pela Revolução Industrial no fim do século XVIII com creches para atender a nova demanda social. No Brasil, antes da CR/88, a denominada “Constituição Cidadã”, a escola infantil tinha caráter assistencialista, refletindo o contexto social.
No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96) surgiu como lei que define e regulamenta a educação brasileira, seja no sistema público ou privado.
É através dessa lei que todos têm direito à educação. Conforme artigo 2º da LDB: “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
A educação infantil contemporânea tem a influência de estudiosos que estavam a frente de seu tempo, Jean Piaget, teórico do Construtivismo que propõe que o aluno participe ativamente do próprio aprendizado, rejeita a representação de conhecimentos prontos, para o Construtivismo o conhecimento não é algo acabado, está em constante mudança e; para Vygotsky (Sócio - interacionismo), a interação social exerce papel fundamental no desenvolvimento cognitivo, a aprendizagem deflagra vários processos internos de desenvolvimento mental, que tomam corpo somente quando o sujeito interage com objetos e sujeitos em cooperação, um processo interpessoal é transformado num processo intrapessoal, “a interação é essencial para a transformação do homem de ser biológico em ser humano.”
O Construtivismo e o sócio – interacionismo ocupam papel importante nesse processo de transformação no que é hoje a educação infantil, tendo a infância como fase de enorme e essencial aprendizado e estabelecendo o lugar da escola nesse processo, onde a criança aprende através de estímulos, do brincar, onde deve ser respeitada sua faixa etária e necessidades para a construção do conhecimento e interação social, enquanto sujeito ativo de sua própria aprendizagem e provido de direitos.
No Brasil, contribuíram também para os estudos sobre a Infância, Maria Montessori e Emília Ferreiro.