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Retratar a vida privada na História não é como a curadoria de uma exposição em um museu. Se fosse assim, o cenário de uma casa no início dos anos 70 seria repleto de vestígios materiais precisamente datados, todos dispostos de forma coerente e uniformemente distribuídos. Mas uma casa de verdade é um espaço vivo, bagunçado e caótico. E mais, em um ambiente doméstico coexistem diferentes estilos, temporalidades. Por exemplo, a vitrola pode ser dos anos 50, os quadros dos anos 30, enquanto a camisa de futebol já com três estrelas revela o item mais recente desse lugar habitado por diferentes personalidades.
O filme brasileiro “Ainda estou aqui” (2024) é um mergulho intenso nesses detalhes que nos fazem acreditar que adentramos a casa de Eunice e Rubens Paiva naquele janeiro de 1971. Desde os registros em Super-8 que marcam a textura da imagem em alguns momentos, até objetos de trabalho de engenharia na mesa de escritório da casa. Tudo ali nos remete a presença humana. E talvez por isso, por estarmos devidamente convencidos haver vida nesse cenário, sofremos tanto quando o mundo de fora — o mundo da ditadura — destroça essa família.
By Cinematógrafo PodcastRetratar a vida privada na História não é como a curadoria de uma exposição em um museu. Se fosse assim, o cenário de uma casa no início dos anos 70 seria repleto de vestígios materiais precisamente datados, todos dispostos de forma coerente e uniformemente distribuídos. Mas uma casa de verdade é um espaço vivo, bagunçado e caótico. E mais, em um ambiente doméstico coexistem diferentes estilos, temporalidades. Por exemplo, a vitrola pode ser dos anos 50, os quadros dos anos 30, enquanto a camisa de futebol já com três estrelas revela o item mais recente desse lugar habitado por diferentes personalidades.
O filme brasileiro “Ainda estou aqui” (2024) é um mergulho intenso nesses detalhes que nos fazem acreditar que adentramos a casa de Eunice e Rubens Paiva naquele janeiro de 1971. Desde os registros em Super-8 que marcam a textura da imagem em alguns momentos, até objetos de trabalho de engenharia na mesa de escritório da casa. Tudo ali nos remete a presença humana. E talvez por isso, por estarmos devidamente convencidos haver vida nesse cenário, sofremos tanto quando o mundo de fora — o mundo da ditadura — destroça essa família.