#077 – Fala-se há algum tempo na importância, dentro do processo de publicação de um livro, de contratar um leitor sensível, alguém que possa pescar termos delicados e aplainar assuntos  polêmicos. Em segundo plano, o que não se fala é das consequências de uma literatura sem surpresas e sem coragem.

O debate é uma pequena parte de um grande fenômeno de escrutínio nas redes sociais, uma transformação radical das formas de recepção dos textos. Já foi defendido que todo livro deve ser considerado em sua totalidade.  Hoje, a tal pós-modernidade parece se realizar em um cenário em que cada fala, cada frase, vale pelo todo, em que obra e autor são indissociáveis.  Nivela-se o inequívoco discurso hediondo à ambiguidade, à ironia tão próprias da literatura.

Nosso tempo não é o mais fértil para as ideias. Cada vez mais, o pertencimento ganha prioridade diante do pensamento crítico. Como autores e pensadores, devemos olhar para isso.

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