A enorme facilidade de compartilhamento de informações e opiniões através das redes sociais resultou em uma desenfreada onda de popularização de informações médicas. Por um lado, a comunicação científica de qualidade, e até opiniões pessoais responsáveis, é uma ótima ferramenta de popularização de certas condições, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Para as pessoas com TEA, receber um diagnóstico é essencial em diversos aspectos da vida, tanto social quanto psicológico. Por outro lado, quando o compartilhamento de informações fica inflado e irresponsável, o resultado são centenas de vídeos que supostamente são suficientes para fazer um autodiagnóstico da sua condição. Os especialistas alertam sobre os perigos desse autodiagnóstico simplório, e é sobre isso que trata o episódio do podcast Fake News Não Pod desta semana, com a cientista biomédica Beatriz Calasense.
Quando o TEA foi primeiramente descrito, em 1943, foi exposto como uma condição caracterizada pela falta de habilidade de criar uma conexão emocional com os outros. Hoje sabemos que essa primeira definição está muito defasada e incompleta. Beatriz explica que o "autismo", como é popularmente conhecido, é uma condição que soma uma série de mudanças neurológicas, com causas biológicas ainda não totalmente compreendidas, que gera respostas com uma variedade de sintomas muito ampla. Por isso, o termo mais adequado é Transtorno do Espectro Autista, que amplia a condição para abranger cada situação.
Quando o compartilhamento de informações dentro desse tema vai além da popularização do assunto e mira fazer o espectador se identificar com alguns sintomas simples, temos um problema. O TEA, segundo Beatriz, é uma condição que depende de vários fatores, e pode impactar de inúmeras formas o dia a dia de uma pessoa. Por isso, um acompanhamento médico não é apenas importante, como também essencial. Muitas vezes, medicamentos podem ser utilizados para melhorar o bem-estar do paciente. O perigo do autodiagnóstico também entra no perigo da automedicação, que quando se trata de psicofármacos pode impactar muito negativamente a saúde mental.
"Por isso, devemos estar atentos para não cair em simplificações do TEA. A melhor, e única forma, que um diagnóstico deve ser feito é através de uma análise minuciosa por um médico especialista, que também vai ser responsável para indicar a melhor forma de encarar o diagnóstico com saúde e bem-estar", alerta a biomédica.