Após a notícia da morte da cantora Preta Gil em decorrência do câncer colorretal, postagens nas redes sociais começaram a associar a doença da artista ao fato de ela ter recebido o esquema vacinal completo contra a covid-19, com quatro doses no total. Neste episódio do podcast Fake News Não Pod, a cientista biomédica Beatriz Calasense aborda essa suposta relação de causa e consequência entre a vacina e o desenvolvimento de câncer.
Beatriz esclarece que muitas dessas associações se baseiam em interpretações precipitadas de um estudo publicado na revista científica Oncotarget. Na pesquisa, cientistas da Universidade de Brown demonstraram, em experimentos in vitro, que a proteína spike do coronavírus poderia impactar a proteína P53, que atua na proteção das células contra mutações cancerígenas.
No entanto, a cientista ressalta que esses resultados são preliminares e servem apenas como base para investigações futuras, não sendo suficientes para afirmar que as vacinas causam câncer. O próprio autor do estudo se pronunciou, afirmando que "qualquer pessoa que conclua que nosso estudo prova que as vacinas podem causar câncer está interpretando excessivamente os dados preliminares e está mal informada".
Beatriz também discute como a ciência básica funciona, abrindo caminhos para conclusões mais robustas, e alerta que a desinformação, ao tirar estudos de contexto, contribui para o medo e a hesitação vacinal. Essa hesitação coloca em risco não apenas quem opta por não se vacinar, mas também indivíduos vulneráveis que não podem receber os imunizantes.
Por fim, reforça a importância de checar informações em fontes confiáveis e de desenvolver um pensamento crítico para não cair em afirmações simplistas e descontextualizadas.