Em entrevista a Marco Antonio Soalheiro, no Mundo Político, Fernando Aith, professor titular da Faculdade de Saúde Pública da USP e diretor do Centro de Pesquisas em Direito Sanitário da USP, afirma que o fim da emergência internacional da pandemia de covid-19 é importante, mas alerta que todas as semanas ainda morrem cerca de 300 pessoas no Brasil vítimas da doença - número considerado alto pela saúde pública. Aith relembra que o Brasil está entre os países com pior desempenho no enfrentamento do vírus, com um registro de mais de 700.000 mortos, e que o principal motivo foi o negacionismo que determinou as ações do governo federal sob a presidência de Jair Bolsonaro. O professor destaca o que chamou de má gestão do Programa Nacional de Imunização, que levou ao desmantelamento do sistema vacinal do país. Por outro lado, Aith aponta como ganho da pandemia o reconhecimento do SUS pela população como principal garantia do direito à saúde e a possibilidade de serem identificadas fragilidades do Sistema Nacional de Saúde - entre elas, a carência tecnológica de equipamentos básicos e o nível de dependência do mercado externo. Ao comentar o histórico subfinanciamento da saúde no Brasil, o professor Aith aponta a proposta do arcabouço fiscal enviada pelo governo Lula ao Congresso, que retoma a exigência dos mínimos constitucionais para saúde e educação como um mecanismo de enfrentamento do problema.