Estado da Arte

Ficção Científica


Listen Later

A ficção científica é notoriamente difícil de se definir. Hugo Gernsback dizia que é um entrelaçamento de romance, ciência e profecia. Segundo Darko Suvin é um gênero baseado em uma alternativa imaginativa ao ambiente do leitor, enquanto para Clifton Fadiman é um tipo de “arqueologia do futuro”, uma “criança selvagem” “gerada pela Imaginação no corpo da Tecnologia”. Com pelo menos 200 anos de história oficial, desde a época do Frankenstein de Mary Shelley, a ficção científica proliferou seus frutos fantásticos em mídias diversas além dos livros, como o cinema, fanzines, rádio, TV, quadrinhos e mais recentemente videogames, plasmando arquétipos para os mais profundos medos, esperanças e obsessões do nosso imaginário: aventuras intergalácticas, invasões alienígenas, utopias, distopias, super-heróis, tecnocracias e tecnofobias. Se para muitos ela é mero entretenimento e ‘escapismo’, “no mínimo desde os anos 50, escritores como Ray Bradbury insistem em que vivemos dentro do ambiente tecnológico dos dispositivos da robótica e da cibernética que muitas obras de ficção científica descrevem…” Em 1953 Philip Wylie dizia: ‘A função singular do autor de ficção científica – o criador de mitos do século XX – é aprender a ciência das operações da mente e a partir daí planejar o seu trabalho’… Poucos anos depois, Robert Heinlein declarou: ‘É o único meio ficcional capaz de interpretar a mudança, a precipitação impetuosa da vida moderna. A ficção especulativa é a corrente principal da ficção’.” [A Companion to Science Fiction] Ecoando esse entusiasmo, John Campbell afirmava que diferentemente de outros gêneros narrativos, “ela assume que a mudança é a ordem natural das coisas, que há objetivos à frente maiores do que aqueles que conhecemos”, e um personagem de Kurt Vonnegut Jr. dizia a um outro, autor de ficção científica, “Eu amo vocês, seus filhos da puta.  … os únicos suficientemente aloprados para agonizar sobre o tempo e as distâncias sem limite, sobre os mistérios que nunca morrerão, sobre o fato de que estamos agora mesmo determinando se a viagem espacial pelo próximo bilhão de anos está seguindo rumo ao Paraíso ou ao Inferno.”
Convidados       
André Cáceres: jornalista graduado pela Faculdade Cásper Líbero, autor da distopia Cela 108e de diversos artigos sobre literatura e ficção científica para o jornal O Estado de São Paulo.
Cláudia Oliveira Fusco: mestre em estudos de ficção científica pela Universidade de Liverpool, jornalista e professora de literatura fantástica e comunicação digital.
Luiz Bras: ficcionista, ensaísta, coordenador de oficinas de criação literária e autor da rapsódia Distrito federale da coletânea de contos Paraíso líquido.
Fontes em O Grande Teatro do Mundo

Referências

* A Companion to Science Fiction (Blackwell companions to literature and culture) editado por D. Seed.
* Science Fiction – A Very Short Introduction de David Seed.
* Speeking Science Fiction: Dialogues and Interpretationeditado por A. Sawyer e D. Seed.
* The Cambridge Companion to Science Fiction editado por E. James e F. Mendlesohn.
* The Routledge Companion to Science Fictioneditada por M. Bould e Andrew Butler.
* Encyclopedia of Science Fiction editada por Don D’Ammassa.
* Science Fiction Quotations: From the inner mind to the outer limits editado por G. Westphal e A.C. Clark.
* Cyberculture, Cyborgs and Science Fiction: Consciousness and the Posthuman de William S. Haney II.
* New Encyclopedia of Science Fiction editada por John Cute e Peter Nicholls.
* The Philosophy of Science Fiction Film editado por Steven M. Sanders.
* The Essential Science Fiction Television Reader editado por J.P. Telotte.
* Time Machines: The Story of the Science-Fiction Pulp Magazines from the Beginning to 1950.
* Science Fiction Cinema: Between Fantasy and Reality de Christ...
...more
View all episodesView all episodes
Download on the App Store

Estado da ArteBy Estado da Arte