Dialogar sobre Educação Superior pela lente da Educação das Relações Étnico-Raciais (ERER) é reconhecer que a universidade brasileira vem sendo tensionada e transformada pelas políticas de ações afirmativas. Entre elas, destacam-se a Lei n° 10.639/03 (atualizada pela Lei n° 11.645/08) e suas Diretrizes Curriculares Nacionais que orientam a implementação da ERER, assim como a emergência das pessoas negras, quilombolas e indígenas que, a partir das ações afirmativas, adentram a universidade e reconfiguram os espaços de produção de conhecimento com suas histórias, experiências e pertencimentos.
Mesmo com avanços importantes, como a atualização da Lei de Cotas em 2023, os desafios para superar a desigualdade étnico-racial permanecem profundos, como quando observamos a sub-representação de pessoas negras e indígenas na pós-graduação e no corpo docente das ciências duras. Por isso, este episódio convoca as Instituições de Educação Superior a enfrentar o racismo de modo politizado e engajado, articulando ensino, pesquisa e extensão em práticas que disputam sentidos e produzem conhecimento emancipatório. Nesse horizonte, compreender e fortalecer a ERER significa assumir que se trata não apenas de um campo teórico, mas de um campo político e epistemológico que reivindica novos currículos, novas perguntas e novas formas de sonhar, viver e legitimar saberes tradicionais, populares e antirracistas, exigindo o comprometimento da comunidade acadêmica com a diversidade, a equidade e com as justiças social e cognitiva, no necessário processo de adensamento democrático.
Referências:
Crescimento da populacao negra no ensino superior: https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2024-11/pesquisa-aponta-crescimento-da-populacao-negra-no-ensino-superior ;
Pós-Graduacao ainda é concentrada na populacao branca: https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2025-07/pos-graduacao-ainda-e-concentrada-na-populacao-branca-aponta-estudo;
Negros e indígenas são apenas 7,4% dos professores em pós-graduação: https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2023-11/negros-e-indigenas-sao-apenas-74-dos-professores-em-pos-graduacao.
GOMES, Nilma Lino. O Movimento Negro Educador: saberes construídos nas lutas por emancipação.Vozes: Petrópolis, RJ, 2017.
KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu. Palavras de um xamã Yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
GONÇALVES, Ana Maria. Um defeito de cor. Rio de Janeiro: Record, 2006.
Idealização: Kamila Pagel, Rosânia Sousa, Gabriel Mattos Ornelas e Camila Freitas Gomes;
Pesquisa de conteúdo, roteiro e apresentação: Gabriel Mattos Ornelas e Camila Freitas Gomes;
Gravação, produção e edição: Luis Bento (Assessoria de Comunicação Social/FJP);
Entrevistado: Me. Marcone Loiola dos Santos (http://lattes.cnpq.br/9425304509311871).