Poucos são os pregadores que se atreveriam a fazer o convite com que Paulo começa esta seção. A maioria dos pregadores diria não "façam o que eu faço", mas sim "façam o que eu digo". Mas Paulo não só dizia "escutem minhas palavras", mas também "sigam meu exemplo".
Paulo convida seus amigos não simplesmente a escutá-lo, mas também a imitá-lo.
Talvez soe um pouco orgulhosa essa fala de Paulo, mas olhando o contexto entendemos melhor. Havia na Igreja de Filipos aqueles que eram um aberto escândalo por sua conduta, e por seu modo de viver demonstravam ser inimigos da cruz de Cristo. Não se sabe com inteira certeza quais eram estes, mas consta que viviam uma vida de gulodice e imoralidade e usavam seu assim chamado cristianismo para justificar-se.
Fosse quem fosse, Paulo lembra-os de uma grande verdade: "Sua cidadania", diz-lhes, "está nos céus". Estamos diante de uma imagem que os filipenses podiam entender bem. Filipos era uma colônia romana. Estas colônias eram lugares assombrosos. Os romanos as disseminavam como centros militares estratégicos.
Nestes lugares os romanos estabeleciam colônias cujos cidadãos eram principalmente soldados que tinham terminado sua carreira — vinte e um anos —, que recebiam em recompensa a plena cidadania romana. Agora, estas colônias se caracterizavam por ser em qualquer lugar que se encontrassem — fragmentos de Roma. Não importava onde estivessem, usavam-se vestimentas romanas, eram governadas por magistrados romanos, falava-se o latim, administrava-se a justiça romana, observava-se a moral romana. Ainda que estivessem nos limites da Terra, estas colônias permaneciam imperturbáveis e inalteravelmente romanas.
Paulo, pois, diz aos filipenses: "Assim como os colonos romanos nunca esquecem que pertencem à Roma, assim também vocês jamais devem esquecer que são cidadãos dos céus; sua conduta deve concordar com sua cidadania". Seja onde for que o cristão se encontre, sua conduta deve demonstrar que é cidadão do reino dos céus.
Pois bem, lembrem-se que têm um dever mais alto que este. Onde vocês estiverem devem viver como é digno de um cidadão do reino de Deus; jamais esqueçam os privilégios e as responsabilidades da cidadania, não, a de Roma, mas sim do Reino de Deus.
De modo que o cristão deve lembrar sempre o Reino do qual é cidadão; sua conduta deve ser digna dessa cidadania.
O que é o que Paulo espera deles?
Espera que se mantenham firmes. O mundo está cheio de cristãos em retirada, cristãos que quando começam as dificuldades ocultam seu cristianismo ou, ao menos, silenciam-no. O verdadeiro cristão permanece firme e sem se envergonhar em qualquer situação.
Espera a unidade; os cristãos têm que estar unidos num mesmo espírito como irmãos. Que o mundo se inimize e viva em luta, discussões e diferenças; os cristãos devem ser um.
Espera certa invencibilidade. Jamais devem desistir na luta da fé. Frequentemente o mal parece não conhecer a derrota; com frequência parece impossível que o cristão se purifique do mal e lute contra o pecado do mundo. Jamais o cristão deve abandonar a esperança.
O cristão deve continuar sua luta por Cristo sem jamais desanimar. Espera uma coragem tranquila
Se chegarem a agir assim, darão tal exemplo aos pagãos, que estes se fartarão e se rebelarão contra o próprio estilo de vida, comprovarão que os cristãos possuem algo do que eles carecem e tratarão de participar da vida cristã pela simples razão da própria conservação.
Se almejamos o Céu e a eternidade ao lado do Senhor, precisamos trocar os conceitos do mundo pela sabedoria divina. Olhe para a cruz de Cristo, e ali encontrará todos os verdadeiros conceitos em um único gesto.
O CÉU É A NOSSA CASA
Somos estrangeiros aqui.
“Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra a alma” (1 Pedro 2:11).