O missionário precisa aprender a depender de Deus e demonstrar gratidão por aqueles que Deus levanta para cuidar de suas necessidades. Paulo escreve esta carta para registrar o seu tributo de gratidão a essa igreja que foi sua parceira no ministério até o final da sua vida.
É importante destacar que Paulo põe toda a ênfase de sua alegria no Senhor, e não na generosidade dos filipenses. Ele sabia que os crentes de Filipos eram apenas os instrumentos, mas que o Senhor era o inspirador.
Paulo tinha profunda consciência de que a providência de Deus, às vezes, opera por meio das pessoas. Assim, Deus supriu suas necessidades por intermédio da igreja. Ele agradece à igreja a provisão, mas sua alegria está no provedor.
Muito embora Paulo julgasse legítimo receber sustento das igrejas (ICo 9.4-10), decidiu não usufruir esse direito (ICo 9.12; 2Ts 3.9). Desta forma, em alguns lugares, precisou trabalhar para suprir as suas próprias necessidades (lTs 2.7-9).
Com isso, aprendeu a viver contente em toda e qualquer situação. A vida de Paulo não floresceu num paraíso de arrebatadoras venturas. Ele passou por grandes necessidades. Sabia o que era fome, sede, frio, nudez, prisão, açoites, tortura mental e perseguições.
O apóstolo não era uma estátua. Ele era um homem de carne e osso. Já teve experiências de alegrias e aflições, mas na urdidura dessa luta aprendeu a viver contente. Seu contentamento, porém, não emanava dele mesmo, mas de outro, além de si mesmo. Seu contentamento vinha de Deus!
O aprendizado do contentamento cristão, não se dá por meio de um ritual místico, mas pelo exercido da confiança na providência divina, na qual o apóstolo Paulo estava sempre amparado.
Nosso contentamento deve estar em Deus mais do que nas dádivas de Deus. O contentamento de Paulo não está em coisas ou circunstâncias.
A base do seu contentamento é Cristo, e não o dinheiro.
Para ele, o ser é mais importante do que o ter. Humilhação ou honra, fartura ou fome, abundância ou escassez eram situações vividas por ele, mas no meio delas, e apesar delas, aprendeu a viver contente, pois a razão do seu contentamento estava em Deus, e não nas circunstâncias.
Paulo empregou a palavra “suficiente em Deus” a fim de expressar a sua independência das circunstâncias externas. Estava sempre consciente de sua total dependência de Deus. O próprio apóstolo escreveu: “... a nossa suficiência vem de Deus” (2Co 3.5).
“Tudo posso naquele que me fortalece” (4.13). Paulo não pode tudo; ele pode todas as coisas dentro da vontade de Deus. Ele pode todas as coisas em Cristo, não à parte de Cristo.
De um lado, há o poder que Paulo experimenta nas circunstâncias adversas da vida. Esse é o poder da vitória sobre as demandas de cada dia. Paulo tem esse poder diário para enfrentar as necessidades diárias. Paulo está somente habilitado a enfrentar todas as circunstâncias, porque Jesus é quem o fortalece.
A razão da fortaleza do apóstolo Paulo não é a sua idade, a sua força, o seu conhecimento, a sua influência ou os seus ricos dons e talentos, mas Cristo. Ele tudo pode porque o todo-poderoso Filho de Deus é quem o fortalece.
Assim, Paulo transformou a sua prisão em um campo missionário, e os frutos apareceram mesmo entre algemas. Esse fato nos ensina que não é o lugar que faz a pessoa, mas é a pessoa que faz o lugar.
Pastor Valter dos Santos / IEQ sede