Paulo aqui continua a enfatizar a diferença que há entre ser um filho de Deus livre e ser um escravo da lei, do pecado e dos falsos deuses. E para explicar isso, o apóstolo faz uma alegoria entre os dois filhos de Abraão: Ismael, o filho de Agar, a mulher escrava, e Isaque, o filho de Sara, a mulher livre.

“O filho da escrava nasceu segundo a carne; o filho da mulher livre nasceu mediante a promessa”. (vs 23)

Ismael foi o filho nascido quando Abraão e Sara tentaram resolver as coisas com as próprias mãos, a fim de perpetuar a família por meio de Agar. Este nasceu segundo a carne, da mulher escrava, não por promessa de Deus, mas por precipitação humana, como fruto da incredulidade de Abraão e Sara, não houve milagre em seu nascimento, não houve nenhuma intervenção sobrenatural de Deus, ele nasceu do esforço da carne.

A promessa é o oposto absoluto da carne, pois é a palavra de Deus cumprida por Deus. Isaque não nasceu segundo a carne, mas contra a natureza da carne. Seu pai tinha mais de 100 anos e a sua mãe era velha e estéril, ele nasceu por intervenção sobrenatural de Deus, por meio de uma promessa de Deus a Abraão. Isaque nasceu segundo o Espírito, por uma ação milagrosa do Espírito Santo, assim também os crentes em Cristo nascem de novo, não segundo a carne e nem pela vontade do homem, mas pelo Espírito. Isaque é o herdeiro de tudo, as riquezas eternas, as bênçãos espirituais são uma herança, um presente de Deus aos filhos, ou seja, aqueles que recebem Cristo como Salvador, e não aos escravos que pensam que a herança é por resultado do esforço humano, por obediência à lei.

Ismael representa aqueles que vivem na escravidão sob a lei e Isaque representa aqueles que vivem em liberdade sob a Graça de Jesus.

“ Estas coisas são alegóricas, por essas mulheres serem duas alianças. Uma se refere ao monte Sinai, que gera para a escravidão; esta é Agar. Ora, Agar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Jerusalém atual, que está em escravidão com os seus filhos. Mas a Jerusalém lá de cima é livre e ela é a nossa mãe”. (vs 24-26)

Agora Paulo apresenta as duas mulheres de Abraão: Sara e Agar, como símbolos da antiga e da nova aliança, como a Jerusalém terrena, e a celestial. Deus estabeleceu a antiga aliança por intermédio de Moisés, que era fundamentada na lei. Mas a nova aliança foi estabelecida por intermédio de Cristo, que figurada em Abraão fundamenta-se nas promessas.

Agar é a mulher escrava, que gera para escravidão, simbolizada pelo monte Sinai e pela Jerusalém terrena, que representam aqueles que acreditam na salvação pelo cumprimento da lei e não por meio de Jesus Cristo. São os judeus que não se voltaram para Jesus. O legalismo, a religião das obras, a religião da escravidão, pois a lei é uma prisão. E até hoje o legalismo aprisiona muitos religiosos que não vivem a graça de Cristo, mas são aprisionados por padrões, e idolatram esses padrões, se acham espirituais por cumpri-los e ainda julgam os outros baseados nesses padrões. A lei e os padrões não podem salvar, não podem dar vida, nem justiça, nem o dom do Espírito, nem uma herança eterna, só Jesus pode dar tudo isso. E não é por merecimento ou obra humana, mas é pela graça de Deus.

Sara a mulher livre, é símbolo da nova aliança, da Jerusalém espiritual, mãe de todos os filhos da promessa, aqueles que creem em Jesus e nasceram do Espírito. Os filhos de Sara nasceram do alto, têm o céu como origem e como destino. São todos aqueles que foram salvos pela fé em Cristo, tanto judeus como gentios, e assim se tornaram filhos da promessa, herdeiros da promessa e irão para o céu, para a nova Jerusalém.

“Mas vocês, irmãos, são filhos da promessa, como Isaque.” (vs 28)

Paulo declara que os crentes da Galácia eram filhos da promessa como Isaque e não filhos da escravidão como Ismael. Eles haviam nascido do Espírito, eram membros da família de Deus pela fé em Jesus, e não deveriam ser seduzidos por falsos mestres legalistas.