Esse texto relata uma tragédia que marcou a família de Jacó.
O estupro de Diná. A frase "tomando a possuiu" indica violência e deve ser interpretada como estupro. Apesar de Siquém ser descrito com mais gentileza no restante do relato, o dano causado por sua violência foi irreversível (vs 3 e 19).
Diná foi a única mulher dentre os doze filhos de Jacó. Quando seu pai finalmente estabeleceu-se por um pequeno tempo perto da cidade de Siquém, ela decidiu sair para conhecer o lugar, talvez em busca de amigos. Em sua exuberância juvenil, ignorou os perigos do estilo de vida pagão dos jovens de Siquém, diretamente contrário às tradições de sua família. Talvez estivesse confiante de que poderia cuidar de si mesma, apesar de estar em terra estranha.
Aquilo que começou como um passeio motivado pela curiosidade, acabou na tragédia do estupro de Diná, praticado por um jovem príncipe de Siquem (Gn 34 2). Quaisquer que tenham sido as circunstâncias que levaram a essa tragédia, Diná certamente não esperava nem merecia essa degradação máxima. Ela não apenas teria de conviver com o trauma do estupro como também teria poucas chances de ter um casamento feliz no futuro.
Hamor, pai de Siquém aproximou-se do pai de Diná para pedi-la em casamento, como era de costume na época. O príncipe a queria tanto que pediu a Jacó para estabelecer o preço do dote da noiva (v. 12). Hamor também propôs uma aliança entre os dois povos (algo proibido por Deus). Apesar de o ato de estupro praticado por Siquém ser deplorável, ele demonstrou mais dignidade em sua tentativa de consertar a situação do que o próprio pai e irmãos de Diná. Armando um golpe, eles colocaram toda a população masculina em desvantagem e, depois, os massacraram.
A reação dos irmãos demonstra claramente que estavam conscientes de sua separação social como unidade familiar. A vingança foi realizada por todos os irmãos de Diná, filhos de Lia. A dor da mutilação deveria atingir seu ponto máximo no terceiro, dia, permitindo para Simeão e Levi agirem sozinhos. Parece que os outros irmãos foram apenas saquear a cidade(v.27). Os filhos de Jacó decaíram de seu nível de moralidade e igualaram-se aos cananeus em seus costumes. Ao se apoderarem das mulheres dos heveus, os filhos de Jacó colocaram-se no mesmo nível de violência de Siquém.
A reação de Jacó centralizou-se não na honra de sua filha nem na moralidade da vingança de seus filhos, mas nas práticas políticas. Seu comentário revela que a posição do povo escolhido de Deus dentro da Terra Prometida era ainda precária e que ele mesmo continuava mais preocupado com sua sobrevivência prática do que com assuntos espirituais.
O resultado da visita de Diná a cidade de Siquém foi esmagadoramente trágico: ela foi estuprada, todos os homens da cidade foram assassinados, viúvas e crianças foram escravizados, Jacó e sua família foram obrigados a fugir de casa, as chances de Diná conseguir um bom casamento acabaram e o nome de Deus foi desonrado entre os idólatras. Mesmo as escolhas mais simples são frequentemente desafios espirituais nos quais nós devemos ter cautela.
A curiosidade com relação ao mundo pode nos colocar em situações nas quais vamos sofrer nas mãos de pessoas incrédulas. Que os pais também sejam advertidos para fazerem de sua casa um abrigo e um escudo para seus filhos.
Infelizmente, atualmente ainda convivemos com a violência sexual. Mulheres, jovens e até mesmo crianças são vítimas dessa prática cruel.
A vítima de estupro deve ser encorajada a reconhecer que Deus promete nunca deixá-la nem abandoná-la (Isaías 41.10), (Hb13.5- 6).
O processo de cura não é fácil e leva tempo, mas, como vítima de um estupro, aprenderá descansar em Deus para receber força e cura. Também vai aprender que sua experiência pode ser usada para honra e glória de Deus, talvez até compartilhando a cura que receber de Deus com outras vítimas.