Memória Capixaba de Fábio Pirajá

Graciano Neves, João Aguirre e Moacyr Avidos (Revista Chanaan, 1935)


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Diga-nos o que sabe de...Onze annos ha que falleceu o pharmaceutico João Aprigio Aguirre. A solidez do seu caracter e riqueza de suei alma o habilitaram a uma vida que foi uma continua victoria sobre todas as fraquezas humanas. João Aguirre, embora em sua elevada posição social, jamais esquecia a humilde gente do povo, dos necessitados, filhos da pobreza discreta que recebiam do saudoso proprietario-fundador da Pharmacia Aguirre, o indefectivel e generoso auxilio. Os que o conheceram sentem a perda do inolvidavel cidadão e o profundo vacuo que o seu desapparecimento deixou. Nasceu em a nossa Capital a 3 de janeiro de 1846, em um sobrado que mais tarde foi desapropriado para a construcção do Mercado Municipal e em cujo local está hoje edificado o predio dos Correios e Telegraphos. Desde a primeira infancia revelou uma mentalidade forte e sadia. Não lhe permittindo os parcos recursos que completasse o curso de medicina, conforme desejava, diplomou-se em 1869 com distincção no curso de Pharmacia. Em 1870 fundou o estabelecimento sob o patrocínio de seu honrado nome e que seus descendentes tem sabido manter com dignidade.Em 1874 casou-se com a ilustre e prendada Dama de alta linhagem Dona Maria Ernestina Siqueira do Couto Teixeira. João Aguirro exerceu vazios e multiplos cargos de nomeação e electivos em nossa terra. Na imprensa espargiu as luzes de seu espirito ao lado dos drs. Deolinda Maciel e José Corrêa de Jesus, na direcção dos jornaes "A Actualidade" e "O Liberal". Pezaroso, deante das contingencias, foi forçado a acceitar a Republica, tendo se retrahido nos primeiros tempos após a proclamação da mesma. Em momento de incertezas para nossa sociedade, assumiu o espinhoso cargo de Delegado Geral de Policia trazendo assim a confiança e o socego ao Espirito Santense. Como Delegado Presidente da Liga Maritima Brasileira neste Estado, cargo em que o surprehendeu a morte, assignalados serviços prestou a nossa Marinha de Guerra. Varão foi a quem um periodico de nossa Capital, quando do seu passamento assim se referiu: "Na madrugada de 15 de setembro terminado, succumbiu nesta cidade, com setenta e sete annos de vida, o sr. pharmaceutico João Aprigio Aguirre, varão de invulgares qualidades, que o faziam moralmente, um dos cidadãos mais integros, estimados e respeitados do nosso Estado, seu queridissimo berço natal. No exercicio de sua profissão e em outras eminentes funcções publicas, a que o elevaram o seu merito e a correcção escrupulosa de todos os seus actos, não forram pequenos, nem ficaram despercebidos, os seus grandes serviços á terra espirito-santense. Bella figura, em quem a energia do caracter sadio e a nobreza dos sentimentos encontraram um physico, que as evidenciava aos olhares menos perspicazes, o saudoso extincto perpetuou-se numa prole digna onde, se enthesouram todos os bellos predicados, que o distinguiram e singularizaram no nosso meio. Aos felizes "herdeiros do seu louvado patrimonio moral, nossas sinceras condolencias". CHANAAN quer estimular a biographia dos que passaram pela vida do Estado, deixando um rastro luminoso em nossa historia, como exemplo ás novas e successivas gerações; pede aos Seus leitores que collaborem nesta pagina, com que presta uma homenagem áquelles que marcaram, de fôrma notavel, sua época; inicia com: GRACIANO NEVES — uma intellectualidade polymorpha, que fixou sua época e que se projecta até a nova geração. MOACYR AVIDOS — o engenheiro que em o maximo de sua personalidade aos serviços de remodelamento de Victoria, evidenciando, desta forma seu espirito em constante evolvimento. JOAO AGUIRRE — a serenidade, o zelo e o cavalheirismo tradicionaes, cuja individualidade foi um marco do seu tempo.

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Memória Capixaba de Fábio PirajáBy Memória Capixaba