Deus é o vivo por excelência: “Eu sou aquilo que sou.” Somente Aquele que é pode ser o Deus da
vida.
Não estávamos destinados a morte, mas sim à imortalidade. Se é assim, de onde vem a realidade da
morte? Desde os primórdios a morte é apresentada como castigo: "por inveja do diabo a morte foi
introduzida no mundo” (Sb 2,23-24)
Temos que entender que não existe só a morte física, mas também a morte espiritual. No livro da
Sabedoria, quem se esforça para viver melhor e seguir a Deus, a vida de virtudes, a vontade de Deus,
terá só a morte física. Ao contrário de quem renuncia conscientemente a graças e as virtudes,
morrerá espiritualmente. Porém, Jesus, pela morte no calvário, nos trás a realidade de vida eterna.
Por que então tememos tanto a morte? Quando temos a certeza de que ao vivermos e respirarmos,
a única certeza que temos é de que a morte chegará. Porém se vivermos o caminho de Deus, a
morte será irmã, não a temeremos. O engraçado é que queremos ir para o céu, mas não queremos
morrer. Necessariamente precisamos passar por esse mistério, assim, temos que ver a morte como
algo que temos que passar para chegar ao Céu, sem teme-la.
No evangelho encontramos a narração da ressurreição da filha de Jairo, operada por Jesus. É tão
fácil para Jesus trazer alguém a vida, como a gente consegue acordar alguém que estava no sono.
Por mais que esses sejam sinais extraordinários, nós teremos um ainda maior, a ressurreição da
carne, a vida eterna. São João Crisóstomo comentando a mesma passagem do Evangelho diz a Jairo:
“Não ressuscitou Cristo tua filhinha? Pois bem, com absoluta certeza a ressuscitará com glória
maior". São João segue dizendo a nós: “A menina de Jairo, depois de ressuscitada, morreu de novo;”.
Conclui, dirigindo-se a Jairo e deixando para nós um precioso ensinamento: “mas, a tua filha, quando
ressuscitar, será para sempre imortal”. Esse é o destino original que temos, é o que nós cristãos
acreditamos. Essa fé deve se fortalecer de modo que olhemos para a nossa morte e para a do outro
com um olhar sem medo. A única certeza que temos na vida. A vida não termina na morte, mas ela
se inicia nela: a vida eterna.
Já na segunda leitura, o assunto parece destoar um pouco do tema central, porém, não. São Paulo
chama as duas comunidades para doar, para ofertar, partilhar os bens, para que o evangelho
continue a acontecer. Quando São Paulo coloca esse ponto da partilha, ele nos leva a pensar que
dessa vida não levaremos nada, mas que o que temos, Deus nos confiou para administrar, assim,
não levaremos para depois da morte. São João Bosco incentivava os jovens para viver o retiro da boa
morte, para fazer uma análise em seus bens, se de fato o que temos, usamos. Somos chamados,
então, a ser caridosos, nos preparando para doar tudo a Deus, pois não levaremos nada na morte,
somente a fé em nosso Senhor Jesus Cristo. De rico que era, Jesus despojou tudo que tinha para nos
dar acesso a vida eterna.
Se olharmos com caridade para os dons que Deus nos concedeu, olharemos para a casa de Deus
como a nossa casa, que temos que colaborar para a manutenção. É possível ter caridade na fé e ter
caridade com o próximo. O compromisso é com Deus. É uma forma de agradecermos a entrega da
vida de Jesus a nós.
Inspirados pela palavra de Deus, lembremos de sempre pedir perdão a Deus pelos nossos pecados,
para poder ter a oportunidade de viver o convívio dos eleitos.