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HUMILDADE – AMAR A VERDADE MAIS DE QUE A SI MESMO.


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Por Irmão Renê Dem
Lidar com humildade é tocar um ponto sensível do nosso Ego. Obriga-nos a sondar as profundezas que tocam uma intimidade às vezes até enterrada em nosso subconsciente. Como todas as profundidades, hesitamos antes de descer nelas, principalmente quando se trata das de nossa consciência; por medo de ter que enfrentar nosso inconsciente.
Perguntemo-nos se a etimologia nos pode ajudar?
O dicionário etimológico nos ensina que a humildade é da família dos "húmus", (arar) a terra, da mesma forma que o homem. A sua origem remonta ao século X. do latim humildade: humilitas. A origem da palavra homem é indo-européia “ghyom” que significa terra. Em grego khthôn - terra e khthonios - subterrâneo.
Voltemos a esta primeira noção importante da etimologia: a ideia de ligar o homem e a humildade à terra e ao submundo.
O interessante é que a ideia da terra nos mostra que o caminho da humildade não se dirige para o céu, mas para a terra, aquela que está na origem da vida e da humanidade. Acho que entender o significado da humildade começa com conhecer a si mesmo e o significado que você dá à vida.
Não encontramos aqui o símbolo do trigo e da germinação próprio do ritual de São João? “Nada morre, tudo renasce”.
Citemos Wirth em The Occult Symbolism of Freemasonry: “O pensador que, guiado pelo fio da perpendicular, mergulhou nas profundezas, ali mediu toda a sua ignorância”.
A iniciação nos levou pela porta baixa, semelhante à passagem de nosso nascimento para um novo mundo.
O ritual nos faz entender que toda verdadeira ciência é filha da humildade!
Muitos filósofos concordam com isso;
Segundo Kant, existe uma humildade real, que ele diz ser: "a consciência e o sentimento de seu pouco valor moral em comparação com a lei" Longe de atacar a dignidade do sujeito, essa humildade a pressupõe (não haveria razão para submeter à lei um indivíduo que não seria capaz de tal legislação interior: humildade implica elevação) e a confirma (submeter-se à lei é uma exigência da própria lei: a humildade é um dever).
São Bernardo, ou se preferirem, o abade Bernardo de Claraval, disse isso, aos nove cavaleiros que em 1118 ele enviou para a Terra Santa:
“O cavaleiro deve estar armado, entre outras virtudes, com a humildade para a couraça que preserva suas profundezas íntimas.”
O nosso F. Clovis deduz disto: “A humildade é, na verdade, como diz São Bernardo, uma couraça que nos preserva do Eu esquecido quando através da meditação conseguimos descer ao nosso abismo.”
Não vamos esquecer o lema imortal de Sócrates gravado no templo de Delfos
“Conheça a si mesmo e conhecerá os deuses e seu universo”.
O "conhece-te a ti mesmo" de Sócrates implica que o conhecimento de nós mesmos é o conhecimento de TODOS nós mesmos. Este conhecimento é uma aceitação que é a forma mais nobre de humildade. Nosso signo de ordem e nosso avental ilustram muito bem esse ponto, pois significam o controle dos próprios impulsos para sublimá-los.
O sentido da vida está certamente na capacidade de encontrar os outros e encontrar-se consigo mesmo numa dimensão profunda e respeitosa. É uma forma de aprender a liberdade. A humildade permite-nos colocar-nos numa condição de pureza e inocência e, voltando à simplicidade da primeira idade, realizar a busca desinteressada da verdade.
Mas não se trata de encontrar apenas a si mesmo. O conhecimento que um tem de si mesmo deve levar ao outro.
O caminho mais curto para o outro é estar em paz consigo mesmo! O think tank nos revela a fórmula do VITRIOL (Visite o interior da terra e, corrigindo, encontrará a pedra escondida dos Sábios). O futuro iniciado está sozinho consigo mesmo e capaz de se encontrar consigo mesmo.
Amar o próximo como a si mesmo e a si mesmo como ao próximo: “Onde há humildade, dizia Santo Agostinho, também há caridade. É que a humildade leva ao amor, como nos lembrou Jankélévitch, e todo amor verdadeiro, sem dúvida, o pressupõe. Sem humildade, o eu ocupa todo o espaço disponível, e só vê o outro como um objeto (da luxúria,
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Malhete PodcastBy Luiz Sérgio F. Castro