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Fazia tempo que eu queria entrevistar o Lucas Vaz.
Pouca gente o conhece, mas só o fato de ter um brasileiro com um fundo no Vale do Silício investindo em "softwares críticos" como energia e defesa já era curioso por si só.
O Lucas é um mineiro que fez a vida nos Estados Unidos, país que escolheu para viver desde quando era adolescente, muito motivado pelas indignações com o Brasil.
Seis dias após se formar na Universidade de Minnesota, ele se mudou para o Vale do Silício. Não tinha dinheiro nem contatos, mas sobrava ambição.
E aqui entra a magia do Vale, ressaltada não só por ele, mas por vários brasileiros e imigrantes: o Vale é meritocrático. Se você gerar valor, ele voltará para você. A cultura local oferece oportunidades e acesso. Minha suspeita é que tivemos tanta gente que criou tantas coisas incríveis sem "ser" nada que lá as pessoas sempre imaginam que podem estar diante do próximo grande empreendedor ou investidor e também como forma de giveback a quem acreditou neles. Infelizmente não é assim no Brasil.
Lucas foi investidor na Village Global, um dos principais fundos de VC early stage do mundo e em 2023, fundou a Ravelin Capital, que é um fundo de VC focado em investir em soluções de tecnologia críticas. Ele gosta de investir em setores como energia, defesa, satélites e tudo aquilo que tenha um impacto significativo para a sociedade. Na minha interpretação, ele carrega um sentimento de que VC investiu demais em aspectos "incrementais" e não transformacionais.
Tive o prazer de gravar na casa do Lucas no novo setup móvel do Sunday Drops. A conversa foi uma aula e queria frisar alguns insights que sinto que todo mundo que é empreendedor ou investidor no Brasil deveria pensar. Antes de avançarmos, quero agradecer aos meus parceiros. O Sunday Drops só é possível graças a duas das melhores soluções de software do Brasil: A Onfly e a Salvy.
* Onfly: A plataforma ideal para gerenciar viagens corporativas.
* Salvy A startup que está revolucionando a telefonia corporativa.
Ok, agora vamos para os insights.
O primeiro é o pensamento de "first principles". É assustador que, quanto mais inteligente a pessoa é, mais ela pensa em primeiros princípios. O conceito de primeiros princípios é autoexplicativo e refere-se a pensar nos fundamentos ao invés de suposições ou derivadas. Por exemplo, no nosso papo, comecei questionando se os investimentos que ele faz em empresas de hardware de alguma forma eram diferentes de software. Ele já responde que não, afinal qualquer empresa, seja hardware, software, padaria, deveria ser avaliada da mesma forma: pelos fluxos de caixa gerados. Esta forma de pensar vem em diversos momentos da conversa como nas perguntas simples que ele faz que mais demonstram se o empreendedor tem a visão de longo prazo: O que te trouxe a esse problema? Qual o segredo?
O segundo insight é sobre complexidade e como ele afasta concorrência A interpretação é minha, ok? Tem uma palestra famosa do Peter Thiel que diz que "concorrência é para perdedores". É meio ofensivo, principalmente para alguém que escreve uma newsletter e tem 100.000 competidores rs, mas a ideia é que em mercados muito concorridos o retorno tende a ser medíocre. Lucas foge de mercados concorridos. Seus investimentos são em mercados "negligenciados" e com problemas muito difíceis de resolver. A complexidade é o diferencial.
O terceiro insight é que todo investimento é, no fim do dia, uma equação. Você precisa identificar quais são as 2 ou 3 variáveis críticas que explicam o sucesso ou fracasso. O Lucas menciona que mais de 80% do tempo dele na análise é gasto pensando nisso. Investir é um quebra-cabeça. Isto me recorda os aspectos mencionados pelo Julio Vasconcellos no nosso episódio sobre o documento "What we have to believe”, que eles usam para enumerar as poucas variáveis que precisam acontecer para o investimento dar certo.
O quarto insight é que, na média, software gera muito mais valor do que consegue capturar. Boa parte das empresas de software não geram tanto lucro e fluxo de caixa, e parte relevante disso é devido ao modelo de negócios. Oferecer uma solução e cobrar por assento gera um limite alto em termos de crescimento e captura de valor. Empresas têm atuado ao buscar serem integralmente verticais, o que significa pegar uma parte relevante do trabalho duro para executar. Um exemplo do portfólio da Ravelin é a Shinkei, que atua no mercado de processamento de peixe e, ao invés de somente ofertar o equipamento/software para terceiros, passou a ser a processadora.
Se algum desses insights chamou sua atenção, você vai apreciar a conversa.
Assista este episódio no Spotify, Youtube ou Apple Podcasts.
Capítulos
(0:00) Introdução
(2:12) Quem é Lucas Vaz e como começou no mundo dos investimentos
(4:50) A escolha por setores negligenciados: infraestrutura, defesa e robótica
(8:35) O que é e por que importa
(12:10) A diferença entre seguir o hype e construir uma tese sólida
(15:45) Como ele pesquisa, valida e executa suas teses
(19:30) O papel da convicção e o risco de pensar diferente
(23:20) A visão sobre robótica integrada a software e automação física
(27:05) Por que o Brasil ignora setores estratégicos e o que isso revela
(30:40) Lições do Vale do Silício e críticas ao excesso de capital fácil
(34:15) Histórias reais de investimentos fora do radar
(38:10) O desafio de captar recursos pensando “fora da curva”
(42:00) Geopolítica, defesa e o novo mapa de oportunidades
(45:30) A importância de não romantizar o empreendedorismo
(49:00) O futuro da tecnologia física e onde ele está apostando agora
(52:20) Dicas para jovens que querem investir com propósito
(55:00) Encerramento e reflexões finais sobre pensamento independente
Fazia tempo que eu queria entrevistar o Lucas Vaz.
Pouca gente o conhece, mas só o fato de ter um brasileiro com um fundo no Vale do Silício investindo em "softwares críticos" como energia e defesa já era curioso por si só.
O Lucas é um mineiro que fez a vida nos Estados Unidos, país que escolheu para viver desde quando era adolescente, muito motivado pelas indignações com o Brasil.
Seis dias após se formar na Universidade de Minnesota, ele se mudou para o Vale do Silício. Não tinha dinheiro nem contatos, mas sobrava ambição.
E aqui entra a magia do Vale, ressaltada não só por ele, mas por vários brasileiros e imigrantes: o Vale é meritocrático. Se você gerar valor, ele voltará para você. A cultura local oferece oportunidades e acesso. Minha suspeita é que tivemos tanta gente que criou tantas coisas incríveis sem "ser" nada que lá as pessoas sempre imaginam que podem estar diante do próximo grande empreendedor ou investidor e também como forma de giveback a quem acreditou neles. Infelizmente não é assim no Brasil.
Lucas foi investidor na Village Global, um dos principais fundos de VC early stage do mundo e em 2023, fundou a Ravelin Capital, que é um fundo de VC focado em investir em soluções de tecnologia críticas. Ele gosta de investir em setores como energia, defesa, satélites e tudo aquilo que tenha um impacto significativo para a sociedade. Na minha interpretação, ele carrega um sentimento de que VC investiu demais em aspectos "incrementais" e não transformacionais.
Tive o prazer de gravar na casa do Lucas no novo setup móvel do Sunday Drops. A conversa foi uma aula e queria frisar alguns insights que sinto que todo mundo que é empreendedor ou investidor no Brasil deveria pensar. Antes de avançarmos, quero agradecer aos meus parceiros. O Sunday Drops só é possível graças a duas das melhores soluções de software do Brasil: A Onfly e a Salvy.
* Onfly: A plataforma ideal para gerenciar viagens corporativas.
* Salvy A startup que está revolucionando a telefonia corporativa.
Ok, agora vamos para os insights.
O primeiro é o pensamento de "first principles". É assustador que, quanto mais inteligente a pessoa é, mais ela pensa em primeiros princípios. O conceito de primeiros princípios é autoexplicativo e refere-se a pensar nos fundamentos ao invés de suposições ou derivadas. Por exemplo, no nosso papo, comecei questionando se os investimentos que ele faz em empresas de hardware de alguma forma eram diferentes de software. Ele já responde que não, afinal qualquer empresa, seja hardware, software, padaria, deveria ser avaliada da mesma forma: pelos fluxos de caixa gerados. Esta forma de pensar vem em diversos momentos da conversa como nas perguntas simples que ele faz que mais demonstram se o empreendedor tem a visão de longo prazo: O que te trouxe a esse problema? Qual o segredo?
O segundo insight é sobre complexidade e como ele afasta concorrência A interpretação é minha, ok? Tem uma palestra famosa do Peter Thiel que diz que "concorrência é para perdedores". É meio ofensivo, principalmente para alguém que escreve uma newsletter e tem 100.000 competidores rs, mas a ideia é que em mercados muito concorridos o retorno tende a ser medíocre. Lucas foge de mercados concorridos. Seus investimentos são em mercados "negligenciados" e com problemas muito difíceis de resolver. A complexidade é o diferencial.
O terceiro insight é que todo investimento é, no fim do dia, uma equação. Você precisa identificar quais são as 2 ou 3 variáveis críticas que explicam o sucesso ou fracasso. O Lucas menciona que mais de 80% do tempo dele na análise é gasto pensando nisso. Investir é um quebra-cabeça. Isto me recorda os aspectos mencionados pelo Julio Vasconcellos no nosso episódio sobre o documento "What we have to believe”, que eles usam para enumerar as poucas variáveis que precisam acontecer para o investimento dar certo.
O quarto insight é que, na média, software gera muito mais valor do que consegue capturar. Boa parte das empresas de software não geram tanto lucro e fluxo de caixa, e parte relevante disso é devido ao modelo de negócios. Oferecer uma solução e cobrar por assento gera um limite alto em termos de crescimento e captura de valor. Empresas têm atuado ao buscar serem integralmente verticais, o que significa pegar uma parte relevante do trabalho duro para executar. Um exemplo do portfólio da Ravelin é a Shinkei, que atua no mercado de processamento de peixe e, ao invés de somente ofertar o equipamento/software para terceiros, passou a ser a processadora.
Se algum desses insights chamou sua atenção, você vai apreciar a conversa.
Assista este episódio no Spotify, Youtube ou Apple Podcasts.
Capítulos
(0:00) Introdução
(2:12) Quem é Lucas Vaz e como começou no mundo dos investimentos
(4:50) A escolha por setores negligenciados: infraestrutura, defesa e robótica
(8:35) O que é e por que importa
(12:10) A diferença entre seguir o hype e construir uma tese sólida
(15:45) Como ele pesquisa, valida e executa suas teses
(19:30) O papel da convicção e o risco de pensar diferente
(23:20) A visão sobre robótica integrada a software e automação física
(27:05) Por que o Brasil ignora setores estratégicos e o que isso revela
(30:40) Lições do Vale do Silício e críticas ao excesso de capital fácil
(34:15) Histórias reais de investimentos fora do radar
(38:10) O desafio de captar recursos pensando “fora da curva”
(42:00) Geopolítica, defesa e o novo mapa de oportunidades
(45:30) A importância de não romantizar o empreendedorismo
(49:00) O futuro da tecnologia física e onde ele está apostando agora
(52:20) Dicas para jovens que querem investir com propósito
(55:00) Encerramento e reflexões finais sobre pensamento independente