A resistência da Ucrânia à invasão russa surpreendeu a comunidade internacional. A Rússia subestimou a reação do país vizinho e, por outro lado, os países da Otan se aliaram em torno da Ucrânia de forma inesperada. Neste primeiro ano de guerra, o país recebeu em ajuda militar e financeira US$ 120 bilhões. A título de comparação, em 2021 a ONU anunciou que precisaria de US$ 6 bi para alimentar a camada mais miserável do planeta por um ano e US$ 40 bi para atender todas as populações com insegurança alimentar. A invasão da Rússia no território ucraniano pretendia ser uma ofensiva para afastar a OTAN das suas fronteiras. Mas, a guerra acabou por produzir um efeito contrário, já que diversos países da Europa que não integram a aliança do Atlântico Norte cogitam aderir à Organização. Em entrevista a Marco Antônio Soalheiro, no Mundo Político, o jornalista e correspondente internacional Jamil Chade analisou o cenário de um ano de guerra. Disse que na ONU há uma percepção de que o mundo vive um momento de extremo risco, com potencial de rachar a comunidade internacional e redefinir a geopolítica mundial. Ao avaliar o papel do Brasil, Chade lembra que a tradição diante do conflito é não se posicionar e que a proposta apresentada pelo presidente Lula de mediação pela paz é bem recebida pela ONU, mas encarada como uma ação para o futuro. No momento, a percepção é que Rússia e Ucrânia acreditam que podem ganhar a guerra e que o cenário vai piorar antes de melhorar