Aqui começa o discurso de Jesus as multidões e aos seus discípulos contra os escribas e os fariseus, líderes religiosos da nação de Israel. É a última mensagem pública de Jesus. Seu objetivo era advertir o povo e seus discípulos a não seguirem a falsa liderança dos fariseus e dos escribas e a sua prática religiosa.
Sentar na cadeira de Moisés significa ocupar o lugar de ensino teológico. Naquela época o mestre sentava-se na cadeira e os alunos sentavam-se no chão. Era tarefa dos escribas e dos fariseus ensinar e explicar a lei transmitida por Moisés, por isso eles figuradamente ocupavam o assento de Moisés.
“Portanto, façam e observem tudo o que eles disserem a vocês, mas não os imitem em suas obras; porque dizem e não fazem” (vs 3)
Jesus estava dizendo que os fariseus e escribas conheciam a lei e a transmitiam, portanto o povo deveria seguir as instruções bíblicas transmitidas por eles. O problema deles é que não praticavam o que ensinavam. Aqui fica o alerta, que além de conhecer e guardar os ensinamentos é preciso praticar, viver conforme a palavra de Deus.
“Atam fardos pesados, difíceis de carregar, e os põem sobre os ombros dos outros, mas eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.” (vs 4) Os fariseus sobrecarregavam as pessoas com regras morais e cerimoniais, que se tornavam difíceis de carregar. Eles não se importavam com o peso do fardo que colocavam sobre as costas do povo. Eram legalistas e sempre procuravam tornar a religião mais pesada. Tudo ao contrário da graça de Jesus.
“Praticavam todas as suas obras a fim de serem vistos pelos outros” (vs 5)
Os filactérios eram pequenas caixas de couro que continham passagens das escrituras, eles usavam na testa ou no braço, em um cumprimento literal de Deuteronômio 11:18. Os escribas e fariseus gostavam de mostrar esses filactérios, para terem aparência de religiosos, mas ao mesmo tempo a Palavra de Deus não estava escondida em seu coração nem era obedecida em sua vida.
Esta era a falha fatal no caráter deles: fazer todas as coisas a fim de serem vistos pelos homens. Eles querem aparecer pelo que fazem, pela maneira de vestir, para ocupar lugares de privilégio, para terem honra, veneram as saudações públicas e gostam de serem chamados de “mestre”. Viviam em busca de honra pessoal aos olhos dos homens.
Aprendemos muito nessa passagem, principalmente a não sermos hipócritas que dizem conhecer a palavra de Deus mas não a praticam. Que vestem máscara de religiosos, para terem prestígio e serem bem vistos pelos homens, mas o coração está cheio de orgulho. “Mas vocês não serão chamados de “mestre”, porque um só é Mestre de vocês, e todos vocês são irmãos”. Aqui Jesus estava ensinando a não desejarmos títulos e honras para sermos exaltados acima dos homens. Não devemos desejar ser mestre sobre os outros, não devemos desejar ser superior aos outros, mas o nosso sentimento para com a outras pessoas deve ser de irmão. Somente Cristo é nosso mestre e Deus o nosso Pai, toda a honra deve ser dada a Deus.
Aqueles que verdadeiramente tem Jesus como mestre se tornam servos como Ele. Os verdadeiros discípulos atraem pessoas para Cristo e não para si mesmo. “Mas o maior entre vocês será o servo de vocês. Quem se exaltar será humilhado; e quem se humilhar será exaltado.” (vs 11-12)
Os escribas e os fariseus não tinham um coração disposto a servir, ao invés disso, eles queriam ser servidos. Eles não queriam ser humilhados, apenas exaltados. Diferente de Jesus, o servo sofredor (Isaías 42 ao 53), que se humilhou para assumir forma de servo (Filipenses 2:5-8). Temos uma promessa nessa passagem que se seguirmos o exemplo de Jesus e nos humilharmos agora, seremos exaltados depois. Mas também tem um alerta, se nos exaltarmos agora, seremos humilhados depois.