quando tocou 2022, muita verdade começou a diluir em mim de uma forma nitidamente palpável, e na verdade, eu nem sou de fazer essas coisas. odeio retrospectivas, a sério. eu vivo tiro direito, sem olhar para trás. mas nesse ano, a verdade sobre todos os anos começaram a ser exibidas a minha frente e comecei a refletir muito. algo importante que eu aprendi durante todos os anos, parece ser sempre a mesma coisa, e eu tenho tentando ser fiel a isso, é o sigilo. a dica do o que ninguém sabe, ninguém estraga, começa já a ser uma verdade para mim, quando num momento eu conto um plano para alguém, essa pessoa espalha essa palavra confidencial, e me vejo como assunto na boca das pessoas. anos passam, meses passam, o teu plano não se realizou, porque o que ninguém sabe, ninguém estraga, ou no pior dos casos, o que muitos sabem, muitos estragam. não que te vão enfeitiçar, ou coisa dessa natureza, de pobres, mas sobretudo que energias negativas existem, pessoas invejosas que não te querem ver melhor que eles, não te querem ver bem, também existem, então, são essencialmente essas pessoas que nem sequer devem ou precisam saber nem uma vírgula na história das nossas vidas. também levei muito tempo a isso porque estava ignorar a africanidade. ser-se africano também é ser um pouco mais supersticioso. o africano por natureza, quando está para fazer uma coisa, qualquer que seja, tende a escondê-la a um nível, que nem o colega de cama vai conseguir ouvir, e ao abrir a boca para falar de um plano, eu estava a ofender toda áfrica. peço desculpa também aqui! o peso dos anos anteriores, nunca me significaram tanto nos anos novos a ponto de carregá-los. nem mesmo o que eu fiz ontem, tem tanta relevância para ser carregado hoje. penso que viver na horizontal é menos cansativo. levas a vida em linha reta sem interrupções na linha do tempo, e tá-se bem. isso não é uma espécie de texto emocional, eu sinceramente não consigo fazer isso. a melhor motivação é a pessoa sentar o rabo no banco e pôr a mão cabeça, e deixar que a vida faça o trabalho de apresentar tudo o quanto foi e não foi feito.