Pode-se estabelecer diversos olhares para o seio maçônico e, por meio deles, encontrar caminhos nobres para o desenvolvimento desta sociedade de indivíduos dedicados à busca da verdade, do aperfeiçoamento pessoal e do serviço à sociedade. No entanto, seja em quaisquer dos ângulos possíveis que a observemos, mesmo em um olhar franco e despretensioso, não é possível deixar de observar o abismo que separa a devoção da vaidade em seu seio. Este olhar que evitamos, é o que mais assombra nossas fileiras, motivo pelo qual não podemos mais ignorar sua existência entre a dedicação sincera e as vaidades efêmeras que seduzem os incautos.
A devoção é o alicerce da maçonaria, impelindo-nos a buscar conhecimento, desenvolver virtudes morais e contribuir para o bem-estar da humanidade. Aqueles que se comprometem com essa busca sincera compreendem que a jornada é árdua e requer esforço constante para superar nossas próprias limitações. A devoção nos chama a transcender nossos egos e a trabalhar para o bem comum, cultivando a humildade e a fraternidade.
No entanto, nem todos resistem às tentações da vaidade que se apresentam em nosso caminho. A vaidade é um veneno sutil, encontrando brechas em nossos corações e mentes, alimentando o desejo de reconhecimento, poder e status. É nesse ponto que o abismo começa a se abrir, dividindo aqueles que se dedicam verdadeiramente daqueles que sucumbem às suas ambições egoístas.
Infelizmente, deparamo-nos com irmãos que buscam a maçonaria não pelo encontro com a verdade e a sabedoria, mas pela promoção de suas próprias ambições pessoais. Eles enxergam a ordem como um trampolim para obter prestígio, influência e reconhecimento social, desviando o foco da essência maçônica, esvaziando-a de sua profundidade e propósito.
O abismo entre a devoção e a vaidade é uma realidade que não podemos ignorar, pois mina os ideais pelos quais nos esforçamos. Devemos reconhecer e confrontar essa falha, individual e coletivamente, buscando um equilíbrio entre a busca sincera da verdade e a humildade que nos mantém alinhados com os princípios maçônicos.
Talvez seja hora de olharmos para dentro de nós mesmos, com honestidade e autenticidade, e questionarmos nossas motivações. Precisamos estar vigilantes para não permitir que a vaidade obscureça nosso compromisso com a dedicação e o serviço desinteressado. Afinal de contas a maçonaria é uma jornada pessoal, e cada um de nós deve assumir a responsabilidade por nossas escolhas e ações.
Ao enfrentarmos o abismo entre a devoção e a vaidade, devemos reafirmar nossa dedicação à busca da verdade, à construção do caráter e à promoção do bem-estar da humanidade. A maçonaria, em sua essência, é um farol de esperança, uma oportunidade para transcender nossos egoísmos e nos tornarmos melhores seres humanos.
Ao olharmos para a maçonaria que habita em nós, estejamos sempre atentos a refletir profundamente sobre o abismo que nos desafia, esforçando-nos para manter a devoção autêntica e buscar a harmonia entre nossas mais nobres aspirações e a humildade que nos mantém fiéis aos valores maçônicos. Somente assim poderemos superar o abismo que nos separa das vaidades e construir uma maçonaria verdadeiramente enriquecedora e transformadora.
Eugenio Polessa