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MAÇONARIA REVOLUTIVA


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Por Irmão Hever da Silva Nogueira
Sabe-se que bem antes do Século XVII, no mundo inteiro, já existiam Instituições Maçônicas, embora, muito pouco se conheça sobre essas Organizações, pois são raros os registros a respeito. Todavia, nos escassos documentos encontrados, pode-se constatar que já existia uma certa preocupação com a Finalidade a ser atingida e as condutas de seus integrantes, uma vez que, criteriosamente, estabeleciam, não só, os deveres, mas, sobretudo, os modos e os procedimentos a serem desempenhados, fora e dentro das Instituições. E, além disso, minutavam um ultimato determinando o resguardo de um segredo absoluto sobre todos os ensinamentos transmitidos, junto com as sanções e punições que seriam aplicadas devido à inobservância dos preceitos. E, não esqueceram de registrar os procedimentos a serem observados nas admissões de novos membros.
Com certeza, tais exigências eram feitas, em razão das Organizações Maçónicas, da época, buscarem preservar os seus objetivos, cuidando para que os métodos empregados nas construções dos Castelos, Igrejas, Fortaleza e outras Edificações, permanecessem incólumes. Era a época da Maçonaria Operativa.
Se for observado atentamente, o porquê da existência das Instituições, pode-se inferir que a Maçonaria Operativa, já tinha como finalidade: o desenvolvimento da humanidade, considerando que, por meio de construções e edificações, promoviam o surgimento de novos lugares e o crescimento de cidades existentes, propiciando, então, um progresso à humanidade.
Imagino ser difícil aquilatar se os Obreiros, daquela época, tenham sido excelentes membros – exímios pedreiros, cumpridores de seus deveres, desempenhando, com eficácia e eficiência as tarefas e deveres que lhes eram atribuídos. Contudo, se for levado em conta que muitas edificações - executadas por eles no mundo todo - ainda continuam existindo, permanecendo firmes e de pé, até mesmo, desafiando às intemperes e outras reações do tempo, por séculos, há de se considerar que essas magníficas construções, salientam deliberadamente que os Maçons cumpriram seus deveres, com muita eficiência.
Então pode-se dizer que os Pedreiros contribuíram maravilhosamente para que a Maçonaria Operativa atingisse, plenamente, a sua finalidade.
E assim, perdurou por determinado tempo, até que a queda do Feudalismo (no último período da Idade Média), reforçado pelas Reformas Religiosas e pelo Movimento Cultural (Iluminismo) que buscava promover mudanças na política, na economia e na sociedade europeia, interferissem na maneira de operar da Maçonaria Operativa, salientando que a Instituição constatasse que a sua Finalidade teria que ser continuada, contudo, de forma bem diferente, pois a sua destinação de construir Castelos, Fortalezas e Igrejas chegara ao seu final. Então, dessa forma, a construção física deveria dar lugar a outro tipo de construção: A construção de um novo homem... visando se adaptar às mudanças, para dar prosseguimento ao desenvolvimento da humanidade.
Por isso, a Maçonaria passou a permitir que Homens, com outros conhecimentos e habilidades sociais, integrassem os seus quadros, de maneira a gerar uma renovação estrutural e intelectual que propiciasse atingir a nova maneira de atingir a sua finalidade e, consequentemente, passou à condição de Maçonaria Especulativa.
Por tal condição, evidentemente, instituiu que seus Membros estudassem, pesquisassem, observassem, analisassem e avaliassem em busca de adquirirem conhecimentos imprescindíveis para alcançarem o aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social.
Como se pode constatar, a Maçonaria Especulativa - em sua nova fase – buscou então, propiciar ao Homem/Maçom se desenvolver como Cidadão, levando-o a se preocupar em construir o seu templo interior.
E assim, muitos avanços foram efetivados nas Ciências e nas Artes, devido as ações adequadas dos Maçons, promovendo melhores condições de vida aos seus semelhantes.
Outrossim, verificou-se incríveis mudanças sociais no mundo. Não foram poucas as lutas dos Maçons para acabar com a escravidão e promover a liberdade individual; foram incansáveis as buscas para exterminar os cativeiros; majestosas foram as investidas para extinguir as explorações do homem pelo homem. E, assim, de forma maçônica, propiciaram o direito de ir e vir a cada cidadão, possibilitando que cada qual vivesse com dignidade.
Mas as ações não se deram exclusivas em proveito das pessoas individualmente, foram bem além, os Obreiros buscaram promover a Independência das nações exploradas pelo jugo estrangeiro. Instalaram-se em Libertar os países do domínio ultrajante dos dominadores... e, com suas coragens e arrojos, conseguiram promover o desenvolvimento da Humanidade.
E, isso, traduz que muitos Maçons, realmente, se houveram como Legítimos Obreiros da Arte Real, possibilitando que a Maçonaria atingisse, em certo período, a sua Finalidade.
Entrementes, com o passar do tempo, algo vem ocorrendo e causando uma certa transformação no interesse do Homem/Maçom e influindo, sobremaneira, em suas ações como Obreiro, o que não só impede que a Maçonaria alcance a sua Finalidade, mas, até mesmo, interfira no âmago de sua existência.
Já há um certo tempo, os procedimentos incoerentes aos preceitos transmitidos pela Ordem, vem provocando a desunião. Então, dissidências, brigas internas e outras desarmonias aconteceram, propiciando uma divisão na Instituição.
E tais acontecimentos acabaram influindo completamente na própria transmissão dos conhecimentos, gerando uma espécie de particularização ritualística. Cada parte dissidente tem a sua forma particular de envolver os Integrantes.
E muitas outras mutações, dentro da Ordem, passaram a acontecer desviando o atingimento da sua Finalidade e dos objetivos dos Obreiros.
Estudar com atenção; pesquisar detalhadamente; investigar a verdade, deixou de ser o verdadeiro propósito do Homem/Maçom. E o Homem/Maçom se viu levar pela fatuidade e o seu Templo Interior passou a ser amalgamado pela vaidade, ostentação e ganância.
As disputas acirradas por Cargos, manifestando a cobiça, além de abalar na União dos Obreiros, nas Lojas, contribui intensamente para que o Maçom abandone aos trabalhos e dessa forma, o crescimento preciso do Homem/Maçom é totalmente conturbado.
Atualmente, a evasão está bem acentuada, devido a vários fatores, sendo que muitos alegam que “não exista objetividade em pertencer a Ordem”.
Verifica-se que uma parte significativa de Maçons, não mais se interessa pelo Aperfeiçoamento Moral, Espiritual, Intelectual e Social; até mesmo, chega a desprezar, veementemente, o compromisso solene realizado diante do GADU e da própria Consciência... E o cumprimento dos deveres previstos, em muito, não são levados a sério.
Os Aventais já não são mais usados como protetores aos fragmentos resultantes dos desbastes da Pedra Bruta. Agora, são lindos adornos emoldurando os Títulos Nobiliários que os Maçons buscam obter.
E, com isso, pouco a pouco, os próprios Maçons estão colaborando para a extinção da Maçonaria, fazendo dela uma espécie de Associação Recreativa e Social, em que o “ Vai Quem Quer” seja mais importante que os Trabalhos Ritualísticos. E a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade passam a serem vistas, simplesmente, como uma “legenda tradicional e antiga” e nada mais.
Dá a impressão da Maçonaria Especulativa ter chegado ao seu final.
É bem verdade, que ainda existam os verdadeiros Irmãos... abdicados de suas vontades pessoais em detrimentos aos interesses maçônicos...verdadeiros altruístas que lutam para que a Ordem permaneça alvissareira e cumprindo os seus Desígnios. Mas, muitas vezes, se veem envolvidos pelas ações dos demais, sendo obrigados a promoverem um esforço redobrado para que a Maçonaria não se extinga e não destorça a sua Finalidade.
Quiçá, as mutações sofridas pelo mundo, com as novas descobertas tenham, implicitamente, colaborado com tais mudanças no Homem/Maçom.
Não há como negar que as inimagináveis descobertas científicas; o progresso da cibernética; a geração da inteligência virtual; e, outros maravilhosos avanços tecnológicos, acabaram exigindo não só certas mutações nos hábitos humanos, mas, especialmente, adaptações e adequações muito expressivas.
Lamentavelmente, verifica-se que a mesma forma vertiginosa da contribuição para o desenvolvimento material das novas transmutações, não promoveu uma proposta semelhante quanto ao desenvolvimento humanístico da humanidade.
Então, da mesma forma que a Maçonaria se houve, em razão das mudanças ocorridas com o fim da idade média, sentindo a necessidade de passar de Maçonaria Operativa para Maçonaria Especulativa, há de constatar que as novas alterações acontecidas no mundo, obrigando-a a reforçar mais ainda a finalidade de promover o desenvolvimento da humanidade, entenda que deva se transformar em Maçonaria Revolutiva.
E, assim, buscando revolucionar a sua essência, o seu manancial evolutivo, a sua originalidade, e, primordialmente, os seus conceitos, sem perder as Tradições, projete e estabeleça novas métodos, novos modos, novas formas de procedimentos para serem seguidos pelos seus Integrantes, de forma que os leve realmente a constatar que a única condição de atingir à sua Finalidade, será pelo aperfeiçoamento individual... moral, intelectual, tecnológico, espiritual, social e, sobretudo, humanístico.
Ir.: Hever da Silva Nogueira
CIM 97619
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Malhete PodcastBy Luiz Sérgio F. Castro