Share MULHERES DE 50
Share to email
Share to Facebook
Share to X
By Maria Tereza Gomes
The podcast currently has 131 episodes available.
Nós, seres humanos, não lidamos bem com o sofrimento. Nem o nosso e nem o do outro. Por isso, muitas vezes não sabemos como ajudar uma parente ou amiga que ficou viúva. O que fazer nos dias seguintes ao enterro? Como abordar quem está sofrendo a perda do amor da sua vida? "Não temos que incorrer no erro de achar que sabemos o que ela precisa. Ela também não sabe. Mostre que está disponível: 'eu tô aqui, no quê posso ajudar? Quer falar hoje? Quer uma comidinha? Posso ajudar de alguma forma prática", recomenda a psicóloga Gabriela Casellato, 50 anos, que tem doutorado em Psicologia Clínica pela PUC SP e é cofundadora, professora e supervisora do 4 Estações Instituto de Psicologia. Neste último episódio da temporada 13, também falamos sobre o que Gabriela chama de "lutos não reconhecidos", toda situação que envolve o rompimento de um vínculo significativo para a nossa vida, seja com uma pessoa, lugar ou função. Segundo a especialista, que tem vários livros lançados sobre o tema, a "vivência psicológica é a mesma, com agravo de que é um luto que a sociedade não reconhece". Para ela, o divórcio e a aposentadoria são exemplos deste tipo de luto.
Logo depois que o marido, Anésio, morreu, Maria de Lourdes Mafra Tambosi, hoje com 75 anos, moradora de Itajaí, litoral de Santa Catarina, achou uma carta endereçada a ela. Ele lamentava que ela estivesse lendo o texto, pois sabia que estava sofrendo, declarava seu amor e fidelidade e dava orientações sobre a vida financeira da família. "Eu era dependente dele para tudo, não sabia nada das contas, mas ele deixou tudo organizado", diz Lourdes nesta entrevista exclusiva ao podcast, na qual relembra o impacto da viuvez na sua vida. "Foi horrível, eu entrei em depressão. Eu me via num deserto, sozinha, sem saber que direção a tomar." Cerca de três anos depois, Lourdes conheceu seu segundo marido, com quem casou no civil, e viveu com ele até final de 2022. "Agora, sou viúva e divorciada", diz brincando.
Um casamento é feito de hábitos compartilhados. Quem dorme de qual lado da cama? Quem cuida disso ou daquilo? Os hábitos são rituais e comportamentos que realizamos automaticamente; repetimos rotinas sem pensar. "Os hábitos trazem uma margem de segurança", diz a psicóloga Marina Simas de Lima, 53 anos, do Instituto do Casal. Doutora em psicologia clínica, Marina diz que a viúva precisa ressignificar os hábitos que tinha com o marido. Para isso, pode começar devagar, tomando uma decisão consciente de mudar o hábito. Com o tempo, uma nova rotina assume o espaço da anterior."Você vai repetindo até virar algo natural", diz.
Foram 37 anos de casamento. 4 filhos. Planos de viver o resto da vida juntos. Até que um acidente de carro levou Osvaldo, o amor da vida de Rita Renzi, hoje com 70 anos, moradora de Mogi das Cruzes, interior de São Paulo. Isso foi há uma década. Depois de muito sofrimento, muitas lágrimas e um luto que parecia não ter fim, Rita diz que aprendeu a viver sem a presença dele. Mas não é só isso: ela voltou para a faculdade para estudar Direito (se formou recentemente) e também virou uma influencer sobre moda para a maturidade no Instagram. "A dor se acomoda dentro da gente. Ou a gente cresce ou se afunda. Tinha que fazer algo para sair do luto. Resolvi crescer", diz Rita nesta entrevista. Ouça e compartilhe.
O luto pode ser estudado sob diversos aspectos: pelo que provoca no cérebro, pelo que provoca nas emoções, pela fé, pela autoajuda. Foi em busca de respostas para o próprio luto que a escritora Sonia Consiglio, 56 anos, iniciou as pesquisas para o livro “#Sobrevivi - o que li, vivi e aprendi no meu luto”, lançado em março deste ano. A autora apresenta as passagens que mais a tocaram em 24 livros que leu depois da morte do ex-marido, a quem ela chama de "companheiro de alma". Nesta entrevista para o podcast, Sonia diz que "luto não se supera, se elabora; é uma nova condição na vida, nunca mais serei a mesma pessoa". Ela considera importante falar sobre o assunto, jamais fazer de conta que não aconteceu e que a viúva precisa saber que cada pessoa vive o luto de uma forma. "A presença da ausência num luto profundo é muito desafiador", diz. Ouça e compartilhe.
Imagine que você tem um casamento feliz há 10 anos. Que seu marido é um sujeito brilhante e um pai carinhoso e presente na vida de seus dois filhos. Imagine, então, que num dia 30 de dezembro, a família está reunida numa cidade bucólica para passar o Ano Novo e, numa cena corriqueira, ele vai escovar os dentes, sofre um AVC e morre nos seus braços. Foi assim que a Renata Piza, hoje com 45 anos, redatora-chefe da revista Elle, ficou viúva, aos 33 anos. É possível se recupera de uma perda assim? "A fase mais pesada do demorou de seis a sete anos para passar e não sei se um dia consegui sair dele. Eu sempre vou ser a viúva do Daniel, faz parte da vida", diz ela nesta entrevista. É preciso dizer que Renata, com dois filhos pequenos e sozinha para pagar as contas, não conseguiu ficar em casa chorando, teve que levantar e trabalha. Ouça a entrevista completa.
"Atire a primeira pedra a mulher que nunca sofreu um abuso financeiro”, diz a jornalista Mara Luquet, especialista em finanças pessoais, CEO e fundadora do site de notícias MyNews. Mara diz que em geral somos abusadas pela família, filhos e marido - e não nos damos conta disso - e que a situação piora quando nos tornamos viúvas. É preciso ter cuidado com todos que se candidatam a “ajudar” ou que chamam para uma “sociedade” ou que pedem dinheiro emprestado. “Diga não, não e não.” Mara também defende que a viúva não abra mão da sua parte na herança em hipótese alguma. “Não divida nem o seguro de vida : é seu dinheiro, você vai precisar dele. Você tendo, seu filho tem. Ele tendo, você terá ou não”, diz a autora do livro “Infidelidades Financeiras - Crônicas de uma voyeur”, lançado em 2020. Recomendações rápidas para você que ainda não é viúva: tenha uma previdência complementar no seu nome; pague o INSS, que é uma forma de garantir renda vitalícia; tenha educação previdenciária antes mesmo de ter educação financeira. Ouça o episódio completo e saiba mais.
Em 2019, Angélica Consiglio, agora com 53 anos, jornalista e empreendedora em São Paulo, ficou viúva após um casamento de quase três décadas. Os meses que se seguiram foram de intenso sofrimento. Angélica, que sempre foi forte, segura, determinada, teve síndrome do pânico, enxaqueca por 92 dias, quebrou duas costelas, sofreu distensão em todos os esportes que pratica. "Eu casei aos 22 anos. Não tinha tido vida adulta sozinha, só com ele. Durante o processo de luto, eu me vitimizava", contou ela durante entrevista ao podcast. Para realinhar sua vida, contou com o apoio da família, de tratamento psicológico e da pintura, que se tornou uma atividade regular. Um ano após o falecimento, ela começou a se preparar para encontrar um novo amor. E deu certo: desde janeiro de 2022 está casada com Gilberto Morelli de Andrade. Ouça o depoimento dela e descubra como é possível recomeçar: "O meu coração expandiu", diz.
Quais são os direitos da esposa quando o marido morre? Levamos esta pergunta para a advogada Paloma Iannuzzi, 35 anos, do escritório Iannuzzi Advocacia, de Sorocaba. Paloma é especializada em direito de família e sucessão. Para responder a esta pergunta, ela explica os regimes de casamento (são cinco) previstos em lei, em que condição a viúva é meeira, quem assume as dívidas do falecido e o que são herdeiros necessários e o que são herdeiros colaterais. O tema é complexo, mas tentamos simplificá-lo para você. Ouça e depois nos conte o que achou.
É fato: a viuvez ocorre mais para as mulheres, pois elas vivem mais que os homens. Dados do IBGE mostram que quatro em cada dez mulheres de 60 anos ou mais são viúvas. Se a viuvez é uma grande perda para todas, por que temos tanta dificuldade para falar sobre o assunto? Para a psicóloga Denise Miranda, 53 anos, do Instituto do Casal, "nós precisamos nos preparar para esse momento; falar com nossos parceiros ele quer que seja o enterro; perguntar como estão as finanças?" Enfim, precisamos tratar de assuntos práticos hoje, os dois juntos, cada um expondo sua visão. Além de nos orientar sobre essa difícil conversa, Denise também dá conselhos para superar a tristeza que certamente virá.
The podcast currently has 131 episodes available.