A História registra que Paulo e Pedro foram martirizados em Roma. Mas nenhum deles (ou outro dos apóstolos) foi o fundador dessa igreja que, provavelmente, foi iniciada por alguns judeus helenistas, convertidos no Dia de Pentecoste (Atos 2.10): era formada por judeus e gentios (a maioria); era conhecida em todo o mundo (Império Romano) por causa da sua fé (1.8). Paulo desejava ("ansiava") compartilhar seus dons com os cristãos de Roma, para fortalecê-los, isto é, edificá-los na Palavra (1.11). Finalmente, Paulo desejava seguir viagem de Roma até a Espanha (15.24), local onde o Evangelho ainda não fora anunciado (Roma se tornaria uma base missionária e a igreja em Roma apoiaria Paulo nesse empreendimento missionário). Esse intento não foi realizado devido ao aprisionamento de Paulo em Jerusalém, mas foi finalmente concretizado, quando Paulo foi levado prisioneiro para Roma.
Paulo está ansioso para pregar o Evangelho em Roma, por três razões pessoais, muito fortes:
SOU DEVEDOR (v.14); ESTOU PRONTO (v.15) e NÃO ME ENVERGONHO (v.16).
Essas três razões demonstram o entusiasmo de Paulo com a Evangelização, que é importante por três motivos:
1. O EVANGELHO É UMA DIVIDA PARA COM O MUNDO (v. 14). Há duas formas de nos tornarmos devedores: quando contraímos uma dívida pessoal ou quando assumimos uma dívida em nome de uma terceira pessoa.
Deus confiou o Evangelho à igreja (i.é, aos cristãos, apóstolos, profetas, pastores, evangelistas, discípulos), ou seja, a todos nós, fazendo-nos, devedores a Deus (2 Tm 2.1,2).
Segundo John Sttot:
"Nós somos devedores para com o mundo, ainda que não sejamos apóstolos; se o evangelho chegou até nós (como de fato aconteceu), não temos o direito de guardá-lo só para nós; o evangelho de Deus é para repartir; é nossa obrigação fazê-lo conhecido de outros."
Nós nunca poderemos pagar o preço da nossa salvação.
Mas podemos diminuir essa dívida da evangelização se (v. 15) estivermos dispostos.
2. O EVANGELHO É O PODER DE DEUS PARA A SALVAÇÃO (v. 16).
A expressão "não me envergonho" tem uma aplicação prática na vida cristã, em qualquer época: não me envergonho de
CRER no Evangelho,
TESTEMUNHAR sobre o Evangelho,
COMPARTILHAR o Evangelho (isto é, EVANGELIZAR).
Mas assume um significado mais profundo e, até mesmo dramático, se a aplicarmos no contexto do próprio Apóstolo Paulo que, escrevendo aos coríntios, afirmou:
Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, ESCÂNDALO para os judeus, LOUCURA para os gentios (1Coríntios 1:22-23).
Cristo era um escândalo (vergonha) para o fariseu radical, Saulo, de Tarso. A vida de Jesus (um humilde filho de carpinteiro, da obscura cidade de Nazaré) e a morte de Jesus na cruz, ou seja, debaixo de maldição, era um escândalo, ou motivo de vergonha para os Judeus. Paulo era um perseguidor da igreja, dos cristãos, do próprio Jesus Cristo, até sua impressionante experiência de conversão na estrada para Damasco. De perseguidor, torna-se um ardoroso e comprometido ADORADOR e DISCÍPULO de Cristo.
Desse Jesus e de Seu Evangelho Paulo declara: NÃO ME ENVERGONHO!!! Paulo está disposto a compartilhar o Evangelho em Roma, a capital do Império, o centro do mundo em sua época, símbolo de poder e conquista. Sob o poder desse império dominador, Jesus foi condenado à morte por crucificação, pena reservada aos inimigos do Império, aos piores criminosos, que não eram cidadãos romanos. Paulo está disposto a pregar a mensagem desse crucificado, desprezado e executado pelo poderio romano na grande e orgulhosa cidade de Roma. Nessa circunstância, aparentemente ameaçadora, Paulo continua decorando: NÃO ME ENVERGONHO DO EVANGELHO!!! Finalizando, 3. O EVANGELHO REVELA A JUSTIÇA DE DEUS (v.17).O homem está perdido, condenado por causa do pecado. O Evangelho é o único meio, pelo qual Deus salva pecadores, aplicando Sua justiça através de Cristo. Assim Deus é, ao mesmo tempo, JUSTO e JUSTIFICADOR (Rm 3.26).