Memória Capixaba de Fábio Pirajá

Naufrágio do Navio Holandês Altair (17/04/1956)


Listen Later

Era Abril de 1956 e o navio holandês Altair se aproximava do porto de Vitória, vindo do Rio de Janeiro. Estas duas cidades eram escalas de uma viagem entre Buenos Aires e Rotterdam.Sob o comando do capitão Kop e carregado com 6.500 toneladas de carga variada, 43 tripulantes e 14 passageiros, o Altair ao se aproximar de Vitória, navegava com tempo bom, boa visibilidada e brisa amena.


Ao avistar a bóia de recife do Cavallo, o capitão ordenou a parada das máquinas e aguardou a chegada do piloto para que fosse feita a correta aproximação ao porto.Como não havia piloto disponível, o capitão jogou âncoras e neste processo quase houve colisão com um navio japonês que já havia ancorado nas redondezas. Para evitar o choque, foram feitas algumas manobras e o navio acabou se chocando com o recife da Borborema.


Após algumas tentativas de salvar o navio, ochefe de máquinas informou ao Capitão Kop que a sala de máquinas estava sendo inundada e que nem os motores nem as bombas poderiam mais ser utilizadas.


Navio Altair afunda em Vitória - 28 de Abril de 1956.


NA CABINE CENTRAL O COM. KOP FICOU VÁRIOS DIAS, SEGUNDO ELE PRÓPRIO DECLAROU, PASSANDO A BISCOITO E ÁGUA.O COMANDANTE KOP QUER MORRER.


REPORTAGEM DE JOSÉ L. PESSOA FOTOGRAFIAS DE FlORINO PETROCCHI.


COM 43 tripulantes e 14 passageiros a bordo, o navio holandês "Altair" bateu numa pedra, na entrada do pôrto de Vitória, e está, há mais de uma semana, afunda-não-afunda, ameaçado de partir-se ao meio. Seu comandante, o holandês Pieter Kop, de 33 anos, que nos primeiros dias recusava-se a abandonar o navio, continua, agora de bordo de um escaler, a poucos metros, vivendo a tragédia do barco.


Duas versões surgiram para explicar o acidente : a primeira, dando como culpado o comandante Kop, que teria 'tentado aportar sem auxilio do Serviço de Praticagem da Capitania dos Portos de Vitória; a outra, responsabiliza, diretamente, a Capitania por não haver comunicado ao navio que a bóia existente no local da pedra estava deslocada.


Na opinião do comandante Kop, a fatalidade foi que decidiu tudo, pois estava habituado a entrar no porto de Vitória, manobrando com segurança. Dessa vez, porém, não sabendo falar português, não entendeu o clássico "Aviso aos Navegantes", da Agência Nacional, advertindo sôbre a irregularidade no balisamento da barra.


A atitude do comandante Kop, de aparente serenidade diante da tragédia, parece ser a do homem que prepara o seu próprio destino. A êsse respeito, aliás, é bem clara sua declaração: "Se o meu navio fôr a pique, saberei o que fazer; tornarei a decisão de uni homem do mar".

Após várias tentativas de salvar o navio, o chefe de máquinas informou ao Capitão Kop que a sala de máquinas estava inundada, tornando impossível o uso dos motores e bombas. Um pedido de socorro, um "MAYDAY", foi emitido e um rebocador foi requisitado.


Felizmente, tanto a tripulação quanto os passageiros conseguiram abandonar o navio em segurança, e não houve vítimas no acidente. Pouco tempo depois, com grande parte do casco submerso, o "Altair" foi abandonado e declarado como perda total.Atualmente, o "Altair" repousa na profundidade da entrada da Baía de Vitória, bastante desmantelado devido à ação do tempo e demolição, que visava evitar riscos à navegação.

...more
View all episodesView all episodes
Download on the App Store

Memória Capixaba de Fábio PirajáBy Memória Capixaba