Conversando com o autor Lucas Rosa de 'É uma guerra de palavras' - As idas e vindas de É uma Guerra de Palavras causa no leitor um estranhamento muito bem-vindo em tempos que soam racionais demais. Os desabafos de um narrador tão inteligente quanto contestador, embrulhados em linhas de prosa poética, fazem a síntese de É uma Guerra de Palavras lembrar uma frase frequentemente atribuída a Bob Marley: ‘‘Vocês riem de mim porque sou diferente, eu rio de vocês porque são todos iguais."

Maysa Amaral é poetisa de grande talento e, no dia de hoje, vem compartilhar conosco sua trajetória, seus versos, suas impressões e expressões que trazem consigo em mãos um 'coração de poeta'.

Nossas relações interpessoais tornaram-se tão sistêmicas e preguiçosas que, ao raiar da menor necessidade de esforço, desistimos do encontro com o próximo. O descarte é a representação unânime do, cada dia mais desumano, homem contemporâneo.

Extremismo? Extremismo é levar uma vida como a de S. BRUNO- "Quanta utilidade e gozo divino trazem consigo a solidão e o silêncio do deserto a quem os ama, só os conhecem quem já os experimentou. Aqui podem os homens esforçados regorgizar- se em seu interior quando querem morar consigo, cultivar sem cessar as sementes e as virtudes e alimentar-se, felizmente, do fruto do paraíso."

- São Bruno, carta a Raul

O erro é o canal possível para que, ainda em vida, possamos dirimir nossas faltas.- Estava, em mais um belo dia, cometendo erros de matemática básica que me fizeram relembrar um provérbio latino para a palavra 'borracha' em tabuinhas de madeira: Virar o estilete'

"A Solidão do coração não é outra coisa, senão uma vontade de desapego no próprio coração, que se conserva puro de imaginações e fantasias incontroladas, assim como dos próprios afetos e desejos para sentar-se espiritualmente aos pés de Cristo e aí aprender a não ocupar-se a não ser somente de Deus e das coisas sobrenaturais."

Inocêncio Le Masson, Antologia de autores Cartuxos, Três dias de camino no deserto (Disciplina, lib. I c. IV)

"Eis aqui a regra que deves observar: todo o teu esforço tem de atender a fazer que em teu coração haja sempre um contínuo silêncio e uma perpétua solidão, a fim de que teu ânimo permaneça livre de tudo o que não seria acolhido por Deus ou que não levará teu coração ao alto, a Ele. Também teu espírito tem de ser puro, simples e despojado de todo pensamento, de toda coisa sensível, das formas, das imaginações e das imagens de modo que possas tranquila e livremente atender somente a Deus, acender-se somente a Ele."

Lanspérgio, O silêncio do coração.

"Os que se apegam a si mesmos seguem um caminho muito perigoso; trata-se, no fundo, de homens honestos, porém apegados ao mundo que não sabem fazer outra coisa senão ocupar-se de seus próprios assuntos; por isso a solidão é perigosa."

Lanspérgio, Speculum chistianae perfectionis.

"A contemplação, com efeito, é o acto de uma alma que se esquece e se imobiliza perante coisas mais belas do que ela própria. (Tal é a natureza da admiração e o poder da beleza contemplada que nos liberta do que nós somos e nos torna indiferentes ao «eu» ). O acto con-

templativo de caridade é o mais simples e o mais imediato de todos.

Uma vez mais podemos frisar a continuidade dos processos da natureza e da graça : toda a vida é amor e todo o amor é e squecimento de si próprio; consiste em nos prendermos para encontrarmos um valor mais elevado. Em toda a parte, na natureza, a vida apenas se perpetua pela imolação dos indivíduos, sacrificados em cada geração para que a chama que eles receberam se transmita e alastre, sempre viva."

Um Cartuxo, Silêncio com Deus.

Que falta faz não conhecer o próprio lugar.