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By Café com Zumbi
The podcast currently has 19 episodes available.
Segundo encontro da análise psicológica e simbólica da primeira temporada de Avatar: A Lenda de Aang, a animação, com a ilustre presença de amigos queridíssimos. Nele, conversamos sobre diferenças sociais, e sobre como podemos ser diferentes e mesmo assim vivermos harmonicamente com as diversidades. Como não podia faltar, conversamos sobre Yin e Yang da filosofia do Taoismo que explora os significados da dualidade do universo. E chegamos até conversarmos sobre nossos monstros internos que surgem diretamente do nosso inconsciente. Excelente encontro para quem quiser explorar a psicologia analítica com a leveza da animação Avatar: A Lenda de Aang. Vem com a gente? [Atenção: Análise com Spoilers]
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O post Análise Psicológica de Avatar: A Lenda de Aang – Parte 2 apareceu primeiro em Café com Zumbi.
[Atenção: Análise com Spoilers] – Para uma melhor experiência da sua leitura, ouça ao mesmo tempo, o PODCAST no fim desse texto.
Texto por Fábio Henrique Marques
[Orientação e ideia central por Samara Corrêa e Margareth Maria Demarchi]
Acho interessante como os professores mágicos de Harry Potter colocam desafios perigosos para os alunos de Hogwarts, com até risco de morte, haja visto o Torneio Tribruxo que, em sua primeira competição, Harry, Cedrico, a francesa Fluer e o búlgaro Vítor Krum, após serem selecionados pelo Cálice de Fogo, devem enfrentar e confundir um enorme dragão para pegar seu ovo dourado. É feita uma incrível arquibancada para os alunos e professores assistirem o torneio, mas como descrevi, os professores alertam: “Há risco de morte”, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Fico imaginando na vida dos trouxas, os professores alertando seus alunos que as próximas atividades serão tão perigosas que os alunos correrão risco de morte. “Mas não se preocupem” – eles diriam – “nós vamos assistir da arquibancada. Tenham cuidado, alunos.” Acontece que em um mundo mágico tudo é possível! Será que é possível fazermos alguma analogia no mundo mágico dos trouxas, mas que foi reduzido a mundo real?
Para desvendar esse grande mistério devemos considerar o excesso de racionalidade e intelectualidade que o mundo dos trouxas está inserido hoje em dia, e que estar mentalmente e emocionalmente em um mundo encantado em que tudo ao nosso redor se comunica com a gente é considerado pelos céticos e até religiosos, como superstição. Acontece que nem sempre foi assim… a base das religiões, mitologias, conto de fadas, histórias que a humanidade criou tem fundamento nas questões emocionais humanas mais profundas. E para tudo aquilo que é mais difícil entender racionalmente, foram criados símbolos para podermos entender mais profundamente o que não conseguimos entender mentalmente dos fenômenos espirituais emocionais que nos acontecem, ou mesmo explicar os fenômenos da natureza, como suas forças violentas: raios, trovões, vulcões, furações e a força da água, e talvez tentar explicar o sol, a lua, as estrelas e as águas que caiam do céu. E quem sabe, esses símbolos não potencializam a nossa intuição? As próprias religiões usam símbolos para criar uma conexão com algo maior para poder explicar nossas questões mais profundas como de onde surgimos, qual o nosso propósito e qual seria nosso papel depois da morte. O paraíso pós morte poderia ser uma intuição profunda do que há por vir, haja vista que desde que o mundo é mundo criamos a ideia de paraíso em diversas, senão em todas as religiões, ou como intuição instintiva de querer um retorno ao conforto perfeito no útero materno, onde todos nós ainda não temos noção de perigo externo, estamos quentes e abrigados, e ainda a alimentação nos chega sem esforço nenhum… um paraíso pessoal.
Acontece que nesse caso, acertar qual das duas opções seria a correta não resolveria nada, pois o objetivo da nossa observação mágica, é entender PORQUE criamos essas mitologias, e não PARA QUÊ. E o porquê, é que psicologicamente, segundo alguns estudos importantíssimos, é uma condição humana herdada biologicamente de geração a geração, milênio à milênio, estruturada para lidar com os mistérios da vida e essa condição têm nos ajudado a viver emocionalmente, pois o mágico faz parte da vida de todas as pessoas: seja esse mágico através de uma meditação harmoniosa e cheia de paisagens imaginativas, seja através do paraíso idealizado em que nada nos faltará, seja através de uma conversa imaginativa consigo mesmo para entender melhor o que o eu profundo deseja, seja através de um sonho de uma pessoa qualquer da tribo que o pajé modificou para ser útil a todos da comunidade, ou seja para sentar ao redor de uma fogueira como os antigos faziam e contar uma história incrível que surgiu da sua cabeça. Mas parece que nesse mundo dos trouxas, todos esses fenômenos espontâneos incríveis dos humanos foram reduzidos, pois a partir do momento que a ciência explica racionalmente todas essas coisas mágicas, deixamos de dar valor a elas. E se as colocamos de lado por assim dizer, é justamente porque a ciência explicou não é mais mágico, simbólico ou mitológico. Nesse sentido, o valor daquele fenômeno ou momento foi reduzido. E o mesmo acontece com Deus. Antigamente, os raios, as catástrofes e tudo aquilo que era desconhecido era atribuído a Deus. Mas a partir do momento que a ciência pôde explicar o que era o raio e os outros fenômenos da natureza, então colocamos Deus de lado, dizendo então: “Ah! Isso não é Deus… é só a ciência.” Mas até quando vamos colocar Deus em segundo plano, ou em outras palavras, caso você, leitor, não seja religioso, até quando vamos colocar o mágico em segundo plano como descrevemos a pouco? Será que está sendo saudável haja visto a Era da Ansiedade e Depressão que o mundo dos trouxas está vivendo?
Agora, retomando a magia e mais precisamente, essa magia de Harry Potter e Hogwarts, criada da mente de uma pessoa e que com toda certeza, se inspirou na mente de outras pessoas, podemos dizer que esses professores não são totalmente doidos se considerar que eles são nossas mágicas partes sábias de nós mesmos. São as nossas intuições ou até mesmo aquela voz racional que nos ajuda escolher diante de uma situação difícil, que o torneio é exatamente o símbolo desses desafios que temos diante da vida e que cada partida é um desafio diferente, que veremos mais adiante. Mas o motivo de que os professores não estão preocupados com a morte dos alunos, é devido ao fato, que nesse mundo mágico a morte não significa o fim de tudo. Pelo contrário: significa vida. Pois após a morte simbólica do nosso ‘velho eu’, sempre vêm a VIDA do ‘novo eu’ renascido diante daquele desafio pelo qual a pessoa acabou de passar. Nesse sentido os professores só podem pensar que diante de qualquer desafio, seja ele qual for, o resultado é sempre positivo, pois a magia está no fato de que sempre algo é aprendido.
Simbolicamente o dragão do primeiro desafio do campeonato pode ser caracterizado como um desafio interno monstruoso, como um medo e a falta de habilidade para tomadas de decisões, a sustentação da autoimagem para os outros e não para si mesmo, um trauma passado, auto controle emocional, habilidades de comunicação e por aí vai. Enfrentar esses dragões internos é inevitável, mas tomar o ovo dourado para si como símbolo irrevogável do nascimento é preciso muita dedicação e empenho como Harry teve que ter, e por fim, saiu renascido depois da quase morte diante do perigoso desafio como vemos na batalha. Como é pra você colher os frutos de uma experiência, mesmo que essa experiência não seja tão agradável emocionalmente? Se você consegue observar quais são os benefícios de uma vivência difícil, consegue observar o quão é GRATIFICANTE também pra VOCÊ colher esses frutos dessa experiência? E ainda mais profundo: você consegue observar que, colher os frutos de uma experiência difícil, simbolicamente de uma experiência de vida-morte-vida, é como colher frutos mágicos que transformam a sua vida e que, se nos abrirmos para, transforma também o nosso mundo real e cinza, em um mundo mágico onde as coisas são totalmente possíveis, positivamente falando?
O torneio em si é um símbolo desses desafios internos como já descrevemos. Após capturar o ovo dourado – símbolo de renascimento de um desafio recente, Harry tem que agora entrar nas águas profundas de si mesmo (e a água em muitas mitologias sempre foram símbolos das emoções), e resgatar aquilo que é mais importante para ele e que lhe foi roubado. Harry só pôde descobrir isso após ouvir a música secreta de dentro do ovo que só poderia ser ouvida debaixo d’água. É interessante observar o quanto o canto é simbólico e faz parte da transição de um desafio para o outro:
“Procure onde nossas vozes parecem estar,
Não podemos cantar na superfície,
E enquanto nos procura, pense bem:
Levamos o que lhe fará muita falta,
Uma hora inteira você deverá buscar,
Para recuperar o que lhe tiramos,
Mas passada a hora – adeus esperança de achar.
Tarde demais, foi-se, ele jamais voltará.”
Perdidos em nós mesmos, seja através dos nossos problemas ou do nosso egocentrismo, podemos esquecer que o amor, a fraternidade e a conexão com as outras pessoas são as coisas mais mágicas e preciosas que podemos ter. E não à toa que Harry encontra Ronnie Wesley acorrentado embaixo d’água, que, com certeza, lhe faria muita falta. E não só encontra Ronnie. Hermione e muitos outros novos amigos estavam passando pela mesma dificuldade. Mas Harry, simbolicamente assim como na nossa vida, havia conseguido explorar o máximo da sua experiência anterior com o ovo de ouro, e sabia que já era rico emocionalmente por ter passado ileso pela experiência anterior. Harry se destaca, pois é o herói idealizado por todos nós e quer salvar não só seu amigo, mas aqueles que eram importantes para os outros também. O herói último, aquele presente no imaginário de todos nós, cuja suas façanhas nos animam e nos entusiasmam, não consegue vencer sem que os outros vençam juntos. É o herói pleno, que quando idealizado como uma fonte de inspiração dentro das nossas aspirações, todos sabemos que o herói é incrível assim- salvaria a todos com toda a certeza. Harry é a representação desse herói e de algum jeito sabíamos que não deixaria as outras pessoas na mão. Ainda mais quando se trata das partes mais importantes de nós mesmos. Ainda que consideremos que as pessoas externas sejam a fonte de nossa força, só a força de amor, já reconhecida dentro de nós, poderia salvar o outro, nos compadecendo de seus problemas e ajudando-o de alguma forma, mas internamente, essa força reconhecida dentro de nós mesmo é a única que pode resgatar nossos ‘eus’ afogados nos lagos de águas profundas de nossas emoções. Se tomarmos como exemplo a parte raivosa de Ronnie como se fosse a nossa raiva interna, será que nós, no papel de Harry, estaríamos prontos para resgatar essa nossa parte raivosa afundada nas águas das emoções? Só poderíamos resgatar essa raiva por exemplo, com a parte ponderada de nossa Força interior do Herói reconhecido – essa força interior é representada pelo Harry no filme e no livro. Não seria necessário reconhecer nas águas profundas do nosso eu, qual é a utilidade da nossa raiva (ou fácil irritabilidade, em outro exemplo), para poder resgatá-la e assumi-la como parte de nós, para vivermos mais em paz com nossos fantasmas interiores? E se tomarmos as características da Hermione como nossas, no sentido de identificação e empatia, qual seria a parte que resgataríamos no inconsciente do nosso eu que ainda não exploramos? Ou em outras palavras… Por quê muitas pessoas se identificam e gostam muito da Hermione, por exemplo? Existe algo dentro delas, da força interior, que se assemelha a força de personalidade da Hermione?
Não faz mais sentido agora o canto do ovo dourado, que de dentro d’água seja a instrução para o próximo desafio dentro de um lago profundo? Vamos rever?
“Procure onde nossas vozes parecem estar,
Não podemos cantar na superfície,
E enquanto nos procura, pense bem:
Levamos o que lhe fará muita falta,
Uma hora inteira você deverá buscar,
Para recuperar o que lhe tiramos,
Mas passada a hora – adeus esperança de achar.
Tarde demais, foi-se, ele jamais voltará.”
O terceiro desafio é o labirinto. Como em tantas mitologias da humanidade no mundo dos trouxas, o labirinto só pode significar uma coisa: A complexidade e riqueza da nossa personalidade e ser. E para estudá-la com profundidade, em um primeiro momento, com certeza nós nos encontraríamos em uma miscelânea de possibilidades. E no centro do nosso ser, simbolizado pelo centro do labirinto, algo mágico e profundo poderíamos encontrar.
Na mitologia grega, por exemplo, por constrangimento público, Minos, o rei de Creta, esconde seu filho – o Minotauro, no centro de um labirinto, construído pelo engenhoso arquiteto Dédalo. O Minotauro teria sido fruto da infidelidade de sua esposa com um touro (mas não se enganem: Minos também tinha parte nisso, já que tentou enganar Poseidon). A cidade de Atenas havia perdido a guerra contra Creta, e como tributo, deveria enviar anualmente sete jovens e sete donzelas para servir como baquete do Minotauro no centro do labirinto. Para livrar Atenas do pesado tributo, Teseu decide adentrar e enfrentar o Minotauro. Apesar de ter vencido esse Minotauro e saído do labirinto com a ajuda da apaixonada Ariadne com seu novelo de lã, o símbolo que devemos entender para as nossas observações é que o Minotauro é um ser com corpo humano e cabeça de touro, simbolizando, nesse caso, que é possível encontrar nossos instintos mais primitivos e ainda animalizados no centro do nosso mais profundo eu, no nosso labirinto interior.
O labirinto de Harry tem o mesmo sentido simbólico do desafio do labirinto de Teseu e o Minotauro, mas vale lembrar que no centro, há a Taça Tribruxo, e o símbolo básico de uma taça ou um cálice, é que ele é o recipiente alquímico onde as transformações acontecem. Nesse sentido, foi consagrado em muitas mitologias como o cálice da vida eterna, pois quem bebesse desse cálice sagrado seria capaz de alcançar magicamente a felicidade para toda a eternidade. Mas o curioso, é que paradoxalmente transporta Harry e Cedrico para a morte – o encontro com Voldemort, como haviam previsto os professores de Hogwarts, que observamos no início. A morte então é algo ruim? Os professores ficariam felizes com a morte dos alunos?
Os dois são transportados para o cemitério de Little Hangleton, simbolizando ainda mais a morte, Voldemort se utiliza do sangue de Harry para que, em um ritual com ajuda dos Comensais da Morte, pudesse restaurar seu corpo. Voldmort é o símbolo maior da morte, ou em outras palavras, como o trauma e a lembrança de Harry sobre a morte de seus pais era o próprio Voldemort, e se considerarmos o Voldemort como sendo uma parte do interno de Harry, como um dragão interno de um processo traumático por exemplo, não enfrentá-lo, para então possivelmente superar esse trauma, significa revivê-lo constantemente como se revive constantemente um trauma. Por isso Voldemort é o arqui-inimigo de Harry se considerarmos que os dois são a mesma pessoa, simbolicamente e psicologicamente falando. Voldemort é o processo emocional interno de Harry não trabalhado. É o trauma não trabalhado que fica revivendo constantemente até que, só depois de diversas batalhas internas, é possível superá-lo. Nesse sentido, é como reviver a morte. E se considerarmos que Cedrico também seja uma parte de Harry, ou em outras palavras, parte do nosso processo mágico de transformação e terapêutico, algo em nós precisa morrer para que se possa reviver novamente.
Enquanto não supera, Harry revive, conversa e enfrenta a morte diversas vezes. É como a gente em processos de transformação, mas que insistimos em ficarmos no mesmo lugar. Nesse sentido, é natural que teremos que nos deparar com esse processo novamente, até que saiamos da nossa zona de conforto e enfrentemos a morte. Ao enfrentar, naturalmente uma parte de nós morreria definitivamente como Cedrico morreu, mas viveríamos para contar a história para nossos incríveis e irônicos professores que nos levam diretamente para a morte, mas que já sabiam que o enfrentamento da morte seria um processo positivo. E como vimos na batalha das varinhas mágicas entre Voldemort e Harry Potter no cemitério, outros fantasmas são libertados e que estavam presos na varinha da morte, ou se pudermos fazer a analogia com a gente mesmo, outros fantasmas que mal sabíamos que existiam e que provavelmente nos prendiam, podem enfim serem libertados, trazendo a leveza que mal sabíamos que poderiam ser alcançadas por nós mesmos.
O Torneio Tribruxo é um lindo símbolo de um processo terapêutico de transformação e de enfrentamento dos traumas. É mágico mesmo pensarmos nos complexos, mas ricos e únicos caminhos para nosso interior profundo que pode ser acessado não só com o nosso intelecto. Podemos acessar a nossa riqueza interior e desvendar dos mistérios das nossas novas potencialidades latentes internas com a magia da intuição e investigação. Será que é por isso que tantas pessoas gostam assim de Harry Potter? Novos e novos fãs aparecem quando chegam na idade de poder ler o livro ou ver o filme. Será que de alguma forma, lá no inconsciente, conseguem entender que esse mundo mágico também faz parte do seu interior mais profundo como um cálice de fogo sagrado da vida?
E aí? Continua achando que não somos mágicos? E que não podemos transformar esse mundo em algo mágico? Ou ainda vai insistir em viver em um mundo apagado e cinza que os trouxas insistem em preservar?
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O post Harry Potter e o Cálice de Fogo – Os Professores desejam a morte dos Alunos no Torneio Tribruxo? [Análise] apareceu primeiro em Café com Zumbi.
[Atenção: Análise com Spoilers] – Para uma melhor experiência da sua leitura, ouça ao mesmo tempo, o PODCAST no fim desse texto.
Texto por Samara Corrêa e Margareth Maria Demarchi
Voltando nosso olhar analítico para a saga do bruxo Harry Potter, propomos começar a análise pelo próprio nome do livro/filme: O prisioneiro de Azkaban, pois encontramos aí uma contradição: Sirius Black, não é mais um prisioneiro e sim, um fugitivo desta ‘prisão’ chamada Azkaban (nome dado pela autora JK Rowling numa mistura em ‘homenagem’ a prisão de Alcatraz e a palavra Abaddon, que vem do hebraico e significa destruição ou destruidor, que é usado na bíblia hebraica para designar um abismo sem fim). E quanto a nós, estamos também querendo fugir de determinadas prisões mentais as quais nos confinamos?
Voltando agora nosso olhar para a história em si, mais uma vez, Harry passa por conflitos dentro da casa dos tios, mas que casa é esta que sempre há conflitos?! Podemos imaginar que seja nossa casa externa, nossa moradia mesmo: local que muitas vezes abriga pessoas com dificuldades de relacionamento. Mas já repararam que é em nossa mente que repercutem todas as dificuldades que encontramos no dia a dia? É em nossa casa mental que abrigamos os mais belos sonhos e os mais terríveis pesadelos! Na nossa história, Harry quer a permissão do tio Dursley para excursionar, quando estiver em Hogwarts, mas depois de transformar a tia Guida Dursley num balão, esta permissão não foi dada! Também, a tia Guida mexeu no ponto fraco de Harry: seus pais! E como funciona em nossas mentes, quando o que ouvimos mexe em nossos ‘pontos fracos’? Será que ficamos tranquilos ou nossa ansiedade, medos, dúvidas e anseios nos ‘atacam’? Sem contar que estamos sempre querendo permissão de nossa consciência (assim como Harry queria a do tio), para excursionar pelo novo, pelos nossos possíveis potenciais. E como nossa consciência responde? Ela nos dá permissão ou ficamos presos em nossos padrões mentais? Esta é uma reflexão e tanto!
Com toda a bagunça que a transformação da tia Guida em balão trouxe, nosso amigo Harry decide fugir, a noite e sozinho, e vai para um ponto de ônibus esperar o Nôitibus Andante. Durante a espera um cachorro sai do meio dos arbustos e até nos dá a impressão que irá atacá-lo! Assim, como em nossa mente confusa, quando estamos em meio a desafios, nos sentimos perdidos e queremos fugir, de tudo e de todos, e a simbologia da noite interna, nos traz esta sensação de medo. E encontrar um cachorro na escuridão, só nos faria aumentar este medo e a confusão! Mas ainda bem que o Nôitibus Andante logo chega para salvar o Harry!!!
E o que seria este ônibus tão desajeitado em nossas mentes? Seria o trajeto de mudança, pois se queremos fugir de medos, angustias, anseios, embarcamos em viagens ‘doidas e desajeitadas’, na busca de algo novo, na esperança de encontrar um caminho que nos faça sentido. Porém este trajeto não é confortável, no livro vemos que o Harry se identifica com outro nome para o ‘cobrador’ e até tenta esconder sua cicatriz, ou seja, no trajeto de nossas mudanças interiores, muitas vezes, escondemos o que fizemos no passado, na esperança de sermos aceitos pelos outros, com uma infiel imagem de nós mesmos. Isto faz parte deste caminho ‘desajeitado’ e é até natural para que possamos ‘chegar a algum lugar’.
Mas Harry chega até o Caldeirão Furado, é recepcionado pelo ministro da magia Cornélio Fudge, pensando que será punido por ter usado magia fora de Hogwarts e se surpreende, quando é tratado com tanto cuidado e aceitação! Mas temos que lembrar que Harry é a criança que sobreviveu a ‘você sabe quem’! E os bruxos acreditam que Harry adulto possa vencer Voldemort de uma vez por todas. E nós, paramos pra pensar que também vencemos inúmeros desafios em nossas vidas? Nossa primeira vitória foi ter nascido! E cada escolha que fazemos, desde pequenos, nos faz aprender. Por isso que temos que olhar para os acontecimentos da vida: para compreender as consequências que criamos, com as escolhas que fazemos. Só assim entenderemos o caminho que estamos trilhando. E a vida sempre responde da melhor maneira para o nosso aprendizado. Sendo assim, é interessante prestar atenção em como falamos, ouvimos, sentimos e percebemos as situações, para saber, através das consequências, o que estamos criando para o futuro!
Outra vez embarcando, só que agora no trem para Hogwarts, Harry tem um encontro nada agradável com um Dementador! Este demônio sugador de almas, tenta sugar a alma de Harry, que é salvo pelo professor Lupim, que até então estava dormindo, alheio aos acontecimentos, na mesma cabine dos três amigos. Em nossa mente, o Dementador “entra”, quando nos deixamos levar pelos pensamentos negativos, pois ‘ele’ conhece a dor ali instalada! E tais pensamentos vão nos sugando e aumentando ao ponto de perdermos todas as memórias boas, uma vez que nos atemos mais aos pensamentos ruins do que aos bons! O bom pensamento aceitamos e soltamos, mas os ruins são revistos tantas e tantas vezes, que criam controle sobre nós e assim acabamos por desenvolver o medo. Como consequência podemos até chegar a depressão, que é a ‘ausência de vida’: nos faltaria perspectiva, nos faltaria objetivo, nos faltaria vontade, nos faltaria entusiasmo e energia realizadora! No filme o professor Lupim, depois de salvar Harry do Dementador, oferece a ele um pedaço de chocolate, e sabemos que é cientificamente comprovado, que o chocolate incentiva a produção de serotonina, que é um neurotransmissor que desenvolve a felicidade e controla o humor, além de outros benefícios desta delícia! Ou seja, podemos iniciar um ‘combate’ aos nossos pensamentos ruins de várias maneiras: com exercícios, terapias, alimentação saudável e até com pedaços de chocolate, só não vale exagerar hein! Como disse Dumbledore: “Pode se encontrar a felicidade mesmo nas horas mais sombrias, se a pessoa lembrar de acender a Luz”.
Uma vez em Hogwarts, Harry e seus amigos voltam à rotina das aulas. Pra começar teve a aula da professora Sibila, de Adivinhações: ela fala de maus presságios para Harry, apenas observando sua xícara de chá! Ainda bem, que o livro descreve, que na aula seguinte, da professora Minerva, o medo foi acalmado com a mesma perguntando: de quem foi o agouro de morte deste ano da professora Sibila? Minerva afirma que todos os alunos, que receberam este mau agouro estão vivos! Voltando o olhar para nós mesmos e sabendo da propensão de nossas mentes aos pensamentos negativos, temos que ter cuidado com as premonições que parecem ser ruins, pois podemos encher nossas mentes de preocupações, alterando o presente e comprometendo o futuro.
Continuando a rotina de aulas, toda a turma foi para a aula do Trato das Criaturas Mágicas, do agora nomeado professor, Hagrid. O desafio foi conhecer e montar o Hipogrifo, um animal enorme com cabeça e asas de águia, corpo e patas traseiras de cavalo: ninguém quis se aventurar! Quando Hagrid perguntou quem seria o primeiro, todos deram um passo para trás, deixando nosso amigo Harry Potter em primeiro plano! Harry, enfrentando seu medo, foi lá e seguindo as orientações do professor para olhar nos olhos do orgulhoso animal e não piscar, conseguiu (após reverenciá-lo), montá-lo e voar com o mesmo! Que delícia! Draco Malfoy não teve o mesmo respeito e acabou machucado pelo bicho!
Como entender esta situação em nós? Se nos identificamos com a postura de Harry Potter, aprendemos a ter humildade de reverenciar e olhar para as nossas forças interiores (no caso representado pelo mitológico Hipogrifo), sabendo que muitas vezes precisamos domá-las para não explodir em momentos de tensão e raiva. Porém se nos identificamos com a postura de Draco Malfoy, que é a de uma pessoa orgulhosa, teremos ataques de fúria a cada crítica recebida, chegando até a destratar as pessoas a nossa volta. Isto porque pessoas orgulhosas, geralmente, são mais sensíveis a crítica, se relacionam de forma competitiva e se irritam quando não atingem seus objetivos, devido aos seus sentimentos de inferioridade. Como o autoconhecimento nos liberta: numa metáfora, podemos pensar que se nos conhecemos e domamos nossas forças interiores, aprendemos a deixar voar em liberdade nossa mente, que muitas vezes se encontra presa aos padrões que querem nos impor.
A aula de Defesa Contra as Artes das Trevas foi a melhor! O quanto o riso e a alegria ajudam nossas mentes a procurar alternativas para nossos ‘bichos papões’! E o que seriam estes bichos? São as memórias, que não são analisadas e por isso mal compreendidas, que se transformam em medos (lembrando que o medo é o instinto protetor que nos traz mal estar, se exagerado; e este medo se dá mesmo que não conheçamos a causa dele, que pode até estar vinculado a algo acontecido na primeira infância). Cada um tem seu próprio ‘bicho papão’. O que aflige uma pessoa, pode ser algo irrisório para outra, nunca sabemos das dores alheias. E isto fica claro, quando o professor Lupim coloca os alunos para soltarem a magia do ‘Ridiculus’: um tem medo de aranha, outro medo do professor Snape, etc. Mas podemos ressignificar estes medos, investigando a causa e em que momento surgiu! Se lembrar do que aconteceu (principalmente se foi na infância, momento em que fortes sentimentos nos assolam pela falta de compreensão), poder transformar tal sentimento não compreendido em algo menos traumático ou até ridículo, faz com que nos sintamos mais confortáveis com a determinada situação.
O oposto acontece no jogo de Quadribol, que aconteceu num dia chuvoso, com céu escuro e muita agitação! Mais uma vez Harry se depara com os dementadores, cai de sua vassoura e só não se esborracha no chão, porque Dumbledore desacelera sua queda. Em nós, ao contrário da alegria, esses ‘dias escuros’, onde os ‘dementadores’ nos cercam (que acima comentamos, que em nós são incentivados pela repetição de pensamentos negativos), podem despertar imagens ou memórias ruins e se não estivermos preparados para tais imagens/memórias, podemos ser ‘pegos’ e ficarmos deprimidos! E além de Harry cair da vassoura, o time perdeu o jogo! Quantas reflexões podem nos trazer estes ‘dias chuvosos’: como lidamos com as perdas e com as frustrações? Neste ponto existem diferenças entre o livro e o filme (por isso a leitura do livro é sensacional!). No livro, após a derrota, o amigo de Harry, Cedrico Diggory, que iria embora de Hogwarts, dá a entender que não teriam outra chance de vitória no campeonato de quadribol. Mas mesmo diante das derrotas e dificuldades Cedrico não deixa de mostrar para Harry que sempre podemos transformar as derrotas em novas oportunidades. Somos assim também? Vemos oportunidade em nossas derrotas? Ou apenas desanimamos? Normalmente temos dificuldade em compreender nossos ‘ganhos’ em uma situação difícil, mas sempre, em quaisquer situações, temos aprendizados. Nos cabe sempre analisar se ‘esta derrota’ nos enfraqueceu ou nos fortaleceu!
É aí que entra a importância do Mapa do Maroto para nós mesmos! Para nosso amigo Harry o mapa, que foi entregue pelos gêmeos Fred e Jorge Weasley (irmãos do Rony), tinha o objetivo de mostrar a localização exata de cada pessoa dentro dos limites de Hogwarts, além de indicar caminhos, passagens secretas e outros lugares interessantes do castelo e seus terrenos. Se quisermos analisar em nós os aprendizados que obtemos, a partir das situações difíceis, um ‘mapa’ mostrando cada passo de nossos pensamentos, sentimentos e sensações não seria incrível? O desafio é construir este mapa, e conforme vamos nos descobrindo, encontramos novos caminhos dentro de nós mesmos.
De posse do Mapa Maroto, Harry encontra o Professor Lupin, que veio para Hogwarts para lecionar Defesa Contra as Artes das Trevas. O próprio nome da disciplina é bem simbólico, e é o professor quem ensina ao nosso amigo conjurar o Expecto Patronum (expressão que vem do latim e significa: aguardo um guardião). Uma magia avançada que só tem efeito se o bruxo estiver bem concentrado, com todas as suas forças em uma única lembrança feliz. Uma situação no mínimo curiosa, é Harry pedir ajuda justo ao professor que se transforma em lobisomem, ou seja, alguém que não tem controle sobre seus instintos animais. Assim, muitas vezes, somos nós, reagindo às situações desafiadoras, sem autoconhecimento e autocontrole, como que, querendo nos defender, atacamos! Mas o querido bruxo Harry é determinado a buscar formas para solução dos problemas que surgem, tem esta capacidade e sabe de suas limitações diante dos desafios. Olhando para nós, só quando conhecemos bem nossos desafios conseguimos criar possibilidades de soluções mais adequadas a situação a ser enfrentada, lembrando que outro aspecto importante é termos vontade para agir e capacidade de decisão para mudanças de comportamento.
Ainda com o Mapa Maroto e sua capa da invisibilidade, Harry vai para Dedos de Mel e lá ele ouve da professora Minerva e do Ministro da Magia que foi por causa de Sirius Black que seus pais morreram e que ele é seu padrinho! Ele acredita que o padrinho quer encontrá-lo para matá-lo! Ou seja, a consciência de Harry vai acessando e ampliando através das memórias do inconsciente (considerando que todos os personagens são expressões da mesma pessoa, como já dissemos na segunda parte da análise: Harry Potter e a Câmara Secreta). Como já temos a informação que Sirius Black não tem a intenção de matar Harry, todas as alegações sobre ele são falsas. Essas imagens (aparentemente em oposição) são um aprendizado para que Harry perceba que o que ele pensava sobre seu padrinho é apenas uma imagem/memória que distorcia a verdade sobre Sirius. Esta ficou tão distorcida na mente de Harry, que acreditou realmente que seu padrinho queria matá-lo.
Há novamente diversas variações entre o livro e o filme, mas os pontos que mais nos chamam atenção no livro não aparecem no filme: Harry ganha o campeonato de quadribol, usa a magia do Expecto Patronum contra os Dementadores (que na realidade era Draco Malfoy e seus amigos disfarçados) e se senti fortalecido (nos mostrando que nossas ‘pequenas’ vitórias nos fortalecem também); a Hermione, em outro exemplo, assume estar usando o Vira-Tempo (um dispositivo mágico utilizado para viajar no tempo, entregue a nossa amiga pela professora Minerva, para que ela pudesse participar de mais aulas, do que o tempo permitia), e isso na Hermione é preocupante, pois está agindo antes de entender a si mesma. Uma pessoa quer se tornar algo, o faz por achar que ainda falta para ela ser. Hermione queria ser sempre a melhor, a mais inteligente: por ter nascido trouxa e querer provar que podia ser bruxa. Agir assim gera ansiedade pela busca, gera a tentativa excessiva de controle. Percebemos que sua energia começa a se esvair, demonstrando preocupação com tantos afazeres e assim fica sem tempo para se descontrair; ela fica intolerante e nervosa, pois está na ânsia de se tornar algo, quando na verdade já é. Muitas pessoas, por diversas razões: como medo do fracasso, cobrança para o sucesso, entre outras coisas, perde sua naturalidade, a vida simples e descontraída que poderia ter!
Após Harry e seus amigos irem conversar com Hagrid sobre Biguço, filme e livro tratam da mesma situação: a ida à Casa dos Gritos para solucionar todo o mal entendido sobre a morte dos pais de Harry. Sirius Black e Professor Lupin se encontram e contam para Harry Potter todo o ocorrido da época da morte de seus pais. Pedro Pettigrew, mais conhecido como o rato Rabicho, foi o causador de toda a confusão, mas Harry não permite que o matem, mostrando o discernimento dos Potter. Como pode ser tão confuso, complicado e dolorido esclarecer os males entendidos de nossas vidas! Mas será que há outra maneira de nos sentirmos em paz conosco mesmo? Acreditamos que não! Buscar o diálogo e o esclarecimento pode não ser a maneira mais ‘fácil’ (pensando em confrontos e conflitos que desta atitude podem advir), mas é a melhor maneira de nos sentirmos com a consciência tranquila.
Agora a cena impactante do filme: Harry vai ajudar seu padrinho, Sirius Black, que estava sendo sugado por vários Dementadores. (Sirius, que antes virou cão quando saíram da Casa dos Gritos na tentativa de não permitir que Lupin, transformado em lobo por causa da lua cheia, atacasse os que lá estavam). Harry então, conjura um Expecto Patronum, mas não com a força necessária para afastá-los! Quando de repente, no último suspiro de seu padrinho, aparece um cervo reluzente e espanta todos os Dementadores! Harry acredita que seu pai veio auxiliá-los. Não reconhecendo, e até desmerecendo, sua força interior. Alguém aí se identifica com esta situação? Quantas vezes julgamos não ter forças para enfrentar as situações extremas da vida? Será que nossos aprendizados cotidianos não nos fortalecem ao ponto de estarmos preparados para enfrentar os desafios da vida? Pra pensar!
Enquanto isso… sabemos que Harry desmaia e acorda na ala hospitalar de Hogwarts. Dumbledore chega e fala para Hermione que ‘três voltas devem dar, e tem três horas para chegar antes da porta fechar’, numa discreta alusão ao uso do Vira-Tempo, que este sabia que ela estava usando. Lá vão os nossos heróis embarcar numa viagem no tempo para ‘salvar mais de uma vida inocente’. Harry e Hermione revivem as cenas da pseudo morte do Hipogrifo para salvá-lo e também a impactante cena de Harry com seu padrinho sendo atacado por Dementadores. Seria possível nós voltarmos no tempo para reviver cenas que nos incomodam? Voltar ‘O’ tempo não é possível, mas quantas e quantas vezes não voltamos ‘NO’ tempo, enquanto ficamos revivendo na memória, detalhadamente, as feridas dos acontecimentos passados? Ficar remoendo o que aconteceu de ruim conosco é como se voltássemos no tempo e lá ficássemos presos sentindo a dor vivenciada. E já dissemos, no início deste texto, que este é um caminho para o Dementador “entrar” em nossas mentes: quando nos deixamos levar pelos pensamentos negativos! E não seria interessante, ao invés de deixar o Dementador ‘entrar’ usarmos a magia do Ridiculus para olharmos de maneira diferente para a situação passada? Seria nosso ‘Bicho papão’ visto sob uma nova perspectiva! Por isso é eletrizante ver que Harry assume toda sua força para conjurar o Expecto Patronum e saber que foi ele mesmo o criador do cervo reluzente que espanta todos os Dementadores para, por fim, salvar seu padrinho! Quando usamos toda nossa potencialidade interior somos capazes de muitas proezas que nosso consciente dúvida!
E o que falar então da cena em que Sirius Black sai voando no Hipogrifo? É o coroamento de todo o aprendizado do filme/livro! Se consideramos que todos os personagens fazem parte de um só ser, temos aqui um ex prisioneiro (Sirius Black), que após desfazer todos os enganos que o prendiam, pode voar livremente num animal mitológico, que representa a força do material (representado pelo cavalo) e do espiritual (representado pela águia). Sirius Black encanta a tantos por trazer este símbolo de liberdade que o aprendizado de nós mesmos nos traz!
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban é uma história que nos encanta (e brincando com o próprio nome podemos dizer que nos prende!), por nos mostrar que as ‘histórias’ nem sempre são como nos foram contadas e que podemos ir em busca do que é a verdade para nós mesmos. Assim, aprendendo a lidar com nossas verdades, podemos nos fortalecer e nos libertar de velhos padrões que nos prendem em nossas próprias mentes!
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[Atenção: Análise com Spoilers] – Para uma melhor experiência da sua leitura, ouça ao mesmo tempo, o PODCAST no fim desse texto.
“Você não nasceu para ser rei, Loki. Você nasceu para causar dor, sofrimento e morte. É assim que é, é assim que foi, é assim que vai ser. Tudo para que outros possam atingir a melhor versão de si mesmo.” – Mobius – Série Loki.
Diante de tudo que podemos observar em Loki, tanto do vilão como da figura da mitologia nórdica, nós do Herói que Existe em Nós afirmamos que Loki é uma figura positiva para nós. Ele está além do bem e do mal, e se firma na ideia de ‘transcender a dor’, pois usa as discórdias, as intempéries e as feridas como ferramentas para conseguirmos enxergar o tesouro por trás daquilo que conscientemente (ou inconscientemente), não queremos ver.
Obviamente, antes da série, (que ainda não vemos um Loki se tornando um possível herói), vocês me diriam que o Loki claramente é um vilão! Não seria possível que Loki seja uma figura de transcendência positiva. E realmente vemos isso na fala de Mobius (Owen Wilson) que iniciamos esse texto, dizendo para Loki, que realmente ele é, sempre foi e sempre será, uma figura que causa dor, sofrimento e morte, para que outros possam atingir a melhor versão de si mesmo, mostrando-lhe ao mesmo tempo em seu ‘projetor do tempo’, os Vingadores se tornando as melhores versões de si mesmos, vencendo o “mal” do mundo – cena do primeiro filme dos Vingadores, em que Loki é derrotado. E mostra em outro momento que, enquanto o Deus da Mentira causa sofrimento nas pessoas, um sorriso no canto da sua boca aparece, pretendendo confirmar que o irmão de Thor sentia prazer em causar dor.
E como poderíamos dizer, então, que Loki, pode ser o agente que traz a melhor versão de nós mesmos se ele sabe o que é, se autodenomina o Deus da Trapaça e da Mentira, e ainda tem prazer no faz, claramente revelando seu lado maléfico? Teria esse lado maléfico uma tendência às causas boas?
Não estamos aqui explorando a série para dizer que todos aqueles que ainda se utilizam apenas de faces más ainda não exploraram suas faces boas, mas iremos um pouco mais além, explorando mitologias e arquétipos da nossa psicologia, para entendermos, pelo menos parcialmente, o aspecto transcendente do Deus da Trapaça. Trapaça, mentira, destruição em nós que desmoronam nossa zona de conforto e nos trazem diversas feições da dor, do sofrimento e da morte, mas pode ser símbolo, da transformação, do fogo purificador, da morte e do renascimento – subvertendo nossas concepções de que temos que sempre buscar o bom e o belo, pois também há transcendência nos aspectos sombrios, destruidores e que nos causam dor. Não à toa que há algumas teorias da mitologia que o conectam com o símbolo do fogo – o fogo que queima para transformar [como obviamente vemos na ciência, culinária e em tantos outros exemplos da natureza].
E podemos já começar explorando a Mitologia Nórdica, mais especificamente no Edda em Verso – uma coleção de poemas nórdicos preservados no Manuscrito Medieval Islandês Codex Régius, do século XIII, que contém a base das mitologias germânicas trazida pela tradição oral dos heróis e deuses que conhecemos hoje na forma mais popular por conta dos quadrinhos e da cultura pop. Como Thor, Odin, Loki, Frigg, Sif, entre tantos outros.
Edda em Verso, compilado este que, por ser da tradição oral, em que os contos eram passados de geração em geração, não podemos chegar aos seus autores, mas podemos entender, como nos elucida o psiquiatra Carl Gustav Jung, que todas as histórias que temos pelo mundo, não importando seu autor, são criadas por um ímpeto natural dos seres humanos de produzir histórias, e obviamente, são histórias que revelam muito sobre nós mesmos, pois antes de serem planejadas com algum propósito pelos seus respectivos autores, teriam de ter como referência a nossa própria natureza: nossos anseios, desejos, aspirações, inspirações, senso de pertencimento, medos, e busca pelo sentido da vida, além de é claro, muitas outras partes da nossa natureza.
Tudo aquilo que temos dentro de nós como seres humanos, é a referencia que temos para criarmos as histórias e mitos através do tempo, e não podia ser diferente. Portanto, qualquer história ou mito pode revelar muito sobre quem somos nós. É por isso que o psiquiatra Carl Gustav Jung, o mitologista Joseph Campbell, o filósofo da Grécia Antiga Aristóteles e muitos outros especialistas, sugerem que todos os personagens de uma mitologia condizem a uma pessoa só.
No poema mitológico Lokasenna – O Sarcasmo de Loki do Edda em Verso, um dos poemas que Loki aparece, o vemos como um agente da discussão entre os deuses. E se nos valermos das dicas dos pesquisadores, filósofos e sábios que vieram antes de nós, como descrevemos acima, Loki é face de nós mesmos como protagonista da história e todos os outros personagens são as nossas outras faces. Nossa face boa, nossa face traiçoeira, nossa face a favor da vida, nossa face mentirosa, nossa face divina, mas também nossa face vingativa e por aí vai…
Assim, o protagonista deus traiçoeiro e de pouca confiança, se infiltra em uma celebração dos deuses Aesir (Æsir – clã de deuses que residem em Asgard) somente para iniciar uma batalha de insultos. “A cada xingamento, um outro deus intervém para atacar Loki ou defender o insultado, virando ele então, o próximo alvo do deus das trapaças.”
A princípio, por não suportar os elogios que todos os presentes no banquete dirigiam aos servos de Ægir – Fimafeng e Eldir, Loki mata Fimafeng. Talvez por conhecer que todos os deuses ali presentes continham pelo menos uma face sombria de si mesmo e não mereciam tamanha fartura. Fimafeng, o elfo belo e divino que tem alegria em servir, não poderia viver enquanto a face sombria de cada deus não fosse revelada.
Os deuses se revoltam contra Loki e o mesmo se enfurna nas sombras de uma floresta, ou se podermos arriscar, na face obscura de nós mesmos. Em outras palavras, Loki, ou por ora – a nossa face reveladora, se obscurece naquele nosso canto da mente ainda não explorado, por ser escorraçado por aquele nosso suposto lado bonzinho.
Mas imaginemos que cada face sombria em nós que não queremos enxergar e admitir, é como uma bola cheia de ar numa piscina que tentamos afundar para dentro da água para que ninguém a veja. Sim, uma piscina mesmo! Aqui é só uma referência para entendermos como tentamos esconder nossas imperfeições. Acontece que como temos várias faces “negativas”, e tentando segurar todas as bolas para que suspostamente, não passemos vergonha perante às outras pessoas, pois veriam que não somos tão bons como gostaríamos que as pessoas nos vissem, naturalmente, não conseguiríamos segurar todas essas bolas cheias de ar das nossas imperfeições, e elas “explodiriam” para fora da água, com a própria força da natureza. O mesmo se dá quando não conhecemos todos esses nossos lados supostamente negativos. Aquilo que tentamos colocar para “debaixo do tapete”, uma hora vem à tona e nos constrange inevitavelmente.
Loki, portanto, é parcialmente, o símbolo daquele que quer revelar o que propositalmente (e por vezes inconscientemente) não queremos entender em nós mesmos, e todos os nossos lados ditos “bonzinhos” (como os deuses) querem se livrar de Loki. Mas o Deus da Trapaça retorna para o banquete e quer seu lugar de direto! Simbolizando que todos as nossas faces devem ter lugar dentro de nós, para que não “explodam” inesperadamente em nós mesmos.
Para os deuses, ter Loki na mesa, seria o mesmo que admitir que nosso lado “sombrio” poderia viver lado a lado com nosso lado “bondoso”. Mas ninguém consegue sustentar essa imagem de “bondoso” por muito tempo, se ainda não conhecer todas as faces de si mesmo, “boa” e “ruim”, e dar lugar a elas! Aceitando-nos como nós somos, e conhecendo aquele nosso lado não tão positivo, que normalmente reprimimos, para que possamos finalmente entender o tesouro de tudo aquilo que ainda não exploramos em nós e aprendermos, verdadeiramente, como conviver melhor conosco mesmo.
Loki, enfim, começa a revelar que todos os deuses já fizeram algo que não consideramos dignos de elogios, insultando-os. Um após o outro denuncia cada ato dos deuses na mesa do banquete. Delatando o deus da música e da Poesia, Bragi; depois sua esposa Iduna, a deusa da Poesia e responsável pela imortalidade dos deuses. Deuses do Destino e do Amor, como Gefjon, e seus pais adotivos Odin e Frigg. Entre tantos outros como Freyja, Njördr, Týr, Freyr, Byggvir, o famoso Heimdallr, entre tantos outros. Revelando orgulho, traições, covardia, culpa, devassidão, predileções, privilégios, assassinatos, e por aí vai. E aos poucos todos vão sendo surpreendidos pelo tolhimento ou talvez, pelo entorpecimento das revelações de Loki, expostos às faces de si mesmos que nunca gostariam que fossem reveladas. Faces poéticas, musicistas, e propensos a imortalidade; deuses da fertilidade, do amor e da união; faces corajosas, e conhecedores dos destinos, agora, desnudos e vulneráveis pelas faces que rejeitavam, reprimiam e se negavam a admitir que existiam em si mesmos.
Até que Thor aparece em cena e com seu martelo Mjölnir promete privar Loki de falar, o ameaça arrancar-lhe a cabeça e manda-lo diretamente para Hel. Mas o deus da mentira, rapidamente decidi ir embora, pois sabia que o Deus do Trovão poderia verdadeiramente atacá- lo. Foge para a cachoeira Fránangr transformando- se em um salmão. A água é fluxo a favor da vida, mas uma queda d’água nos remete a força da natureza, que da junção de correntes de regatos e água branca em torvelinhos, ao encontro com a rocha perfeita e o precipício de rupturas de rochedos e de solo terroso, a água despenca em torrenciais do mais alto ao mais baixo até as profundezas abissais, nos incita a esquecer temporariamente das preocupações e admirar os grandes potencias da natureza e a beleza de uma catarata. Mas grande massa de água também nos esmagaria e nos traria morte ao invés da vida, que também nos convoca a conhecer os domínios sombrios em nós mesmos. Loki, transformado em animal marinho, transita facilmente entre águas torrentes, em turbulências da vida, que nos provoca da mais elevada situação a mais baixa situação, e fluiria normalmente, entre altos e baixos, se outros seres dentro de nós não fossem aquelas faces tiranas com máscara de bonzinhos, chamadas aqui de deuses, que capturam Loki. Skadi, deusa associada a caça, ao inverno e às montanhas, com suas alturas estupendas, se utiliza do seu poder de caça, em meios aos nossos invernos pessoais quando as paredes montanhosas nos nossos problemas se tornam ainda maiores, para prender o Loki, revelador das nossas imperfeições e que agora, transformado em salmão, fluiria melhor entre os altos e baixos das águas da vida, mas constantemente considerado o deus da trapaça, porque eventualmente, gostamos de contar muitas mentiras para nós mesmos.
Nesse interim, Loki é aprisionado com a cabeça debaixo de uma cobra, onde seu veneno poderia gotejar constantemente, para que pudesse “saborear” a dor de seu próprio “veneno”, em contrapartida, revelando ainda mais as faces sombrias dos deuses considerados como tendo apenas faces luminosas. A grande reviravolta desse conto é quando observamos que Loki é casado com Sigyn, a deusa associada a fidelidade e constância cuja etimologia do seu nome é “amiga da vitória”, e se predispõe a ajuda-lo, recolhendo em uma tigela, o veneno da cobra que deveria cair sobre Loki. Obviamente, a tigela se enche e Sigyn é obrigada a esvaziá-la. Nesses momentos, Loki, privado da liberdade, sofre com o veneno da cobra. O líquido tóxico cai sobre ele, causando-o tamanha dor, que toda a terra treme com seus gritos de sofrimento. No conto nórdico, é assim que são gerados os terremotos. Mas são eventuais terremotos dentro de nós mesmos, em nossos invernos pessoais, que desconsidera toda a ajuda do nosso Loki interior.
O deus traiçoeiro, mas que todos os deuses amam, como se diz na própria mitologia de Lokasenna, é o agente revelador das nossas sombras. É o deus da trapaça, pois gostamos de contar mentiras para nós mesmos, escondendo prioritariamente de nós mesmos, que somos imperfeitos, que somos vulneráveis e que obviamente, não conseguimos manter a face do bonzinho por muito tempo, se não aprendermos a olhar para nossas próprias faces sombrias, aprender com elas, e extrair o melhor tesouro delas, como já dissemos.
Só assim crescemos verdadeiramente, entre o bem e o mal em nós mesmos. Não mais forçando aquela positividade tóxica, como o veneno da cobra que nos fere e eventualmente se torna um terremoto devastador dentro de nós. Não à toa Loki é casado com a amiga da vitória. Pois só nos revelando inteiramente, no bem e no mal, também poderemos, casar com a amiga da vitória. Em nós!
Na série, por fim, vemos um Loki, obviamente divido entre o bem o mal, como sempre foi, sempre é, e sempre será, mas que no fundo todos os outros deuses o amam, pois sabem que Loki é o agente do caos aparente, mas que significa transformação. Loki muitas vezes, em nós, é necessário. É o toque de caos necessário para que se possa haver evolução. E em várias situações, Loki mostra seu lado maléfico para causas boas, geralmente contra sua intenção original. Não à toa também, conhecemos no seriado, várias faces de Loki, e até um jacaré aparece. Mas na mitologia nórdica sua criatividade é utilizada por outros deuses para lidar com situações sem esperança.
Loki, Loki na variante criança, Loki jacaré e o Loki mais velho, se unem para sobreviver em meio ao caos. São obliterados para o vazio, convivem naturalmente com o caos e como eles mesmos enfatizam: “Os Lokis sobrevivem.”
Loki criança, lhe presenteia com uma adaga, que também simboliza o corte, a divisão, os lados opostos da mesma coisa repartida, mas principalmente simboliza a arma do traiçoeiro, daquele que ataca pelas costas, paradoxalmente daquele que fere para curar, o punhal da dor que podemos considerar traiçoeira, mas que nos impulsiona a crescer.
Traição, sobrevivência, mentira em nós. Alguns toques de caos para que se possa haver evolução.
Abraham Harold Maslow foi um psicólogo americano, conhecido pela proposta da ‘Hierarquia de necessidades de Maslow’, ou como normalmente a conhecemos – a pirâmide de Maslow. Que basicamente consiste em uma demonstração em forma de uma pirâmide que explica nossas necessidades básicas em que, na base dessa pirâmide se encontram nossas necessidades primordiais como fome, sede, sono, saúde, abrigo, etc. E para resumir, no topo dessa pirâmide se encontram nossas realizações pessoais, aquele estágio da nossa vida em que tudo parece fluir e que podemos não mais apenas, nos concentrar em nossas necessidades mais básicas.
Acontece que segundo as pesquisas do próprio Maslow, apenas 1% dos pesquisados norte-americanos, conseguiram alcançar o topo da pirâmide e se dedicarem efetivamente em realizações pessoais. E que, segundo a contribuição de Sigmund Freud para o mundo da psicologia, o comportamento humano tem como seu principal pilar tentar evitar a dor. E o que curiosamente, nos liga à própria sobrevivência, pois, como nem sempre, temos as condições sociais de conseguir suprir todas as necessidades básicas, ficamos excessivamente concentrados na nossa sobrevivência.
Loki nessa situação é o articulador da sobrevivência. É o agente que nos convida a entender os nossos altos e baixos, as nossas sombras e luzes. É o deus traiçoeiro que nos ajuda a não mais contar mentiras para nós mesmos. É o que se utiliza da sobrevivência para nos desafiar a transcender a dor e a crescer com ela.
Inspirados por Loki, não necessariamente precisamos ficar presos apenas às nossas necessidades básicas, mas podemos transitar por outras potencialidades que nos levariam ao topo da pirâmide, e aos picos montanhosos onde nascem as águas fluidas, transitando nas elevações das nossas realizações pessoais, mas predispostos a entender nossas profundezas abissais que, naturalmente são assustadoras, e supostamente traiçoeiras, como o deus da mentira. Não obstante, mais assustador ainda seria deixar que deuses em nós contenham o nosso encontro com tesouros escondidos nos recantos inexplorados de nós mesmos. Tóxico como o veneno da cobra em Loki seria também nos enchermos de ilusões da ostentação, da positividade apenas na aparência. Em outro aspecto, tentando fugir da dor, agimos como os deuses que querem evitar que se revelem suas dores e vulnerabilidades, e por isso mesmo, tentam esconder as revelações de Loki.
Termino, enfim, o texto como comecei. “Você não nasceu para ser rei, Loki. Você nasceu para causar dor, sofrimento e morte. É assim que é, é assim que foi, é assim que vai ser. Tudo para que outros possam atingir a melhor versão de si mesmo.” – disse Mobius a Loki. Mas acrescento: ‘Esse é o Glorioso Propósito controverso de Loki. Em Nós! Para que possamos atingir a melhor versão de nós mesmos!’
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O post “Loki e a Mitologia Nórdica: A Sobrevivência do Ladino” Análise psicológica e mitológica de Loki apareceu primeiro em Café com Zumbi.
[Atenção: Análise com Spoilers] – Para uma melhor experiência da sua leitura, ouça ao mesmo tempo, o PODCAST no fim desse texto.
Loki sempre quis ser o rei no lugar do irmão Thor quando Odin se fosse, não é?
Será que ele mereceu ser um herói nessa segunda temporada?
Entre ser rei e um herói… Quais símbolos importantes vimos nessa série que são de explodir a cabeça de tão bons?
Bora entender em mais um episódio do Herói que Existe em Nós?
——–
Confesso que estava duvidando dessa série, mas me surpreendeu muito por causa da abordagem que fizeram do multiverso, sobre viagens no tempo com enredo muito bem elaborado, com inimigos invisíveis como o Khang e o próprio Tear com a extinção dos multiversos.
O objetivo do Loki sempre foi ser melhor que o Thor e o Odin. Thor Herói, Odin Rei… Será que ele queria ser mesmo um herói ou um rei? Ou sempre quis ser um trapaceiro, e deus da mentira e da enganação como na mitologia Nórdica?
Como deus da mentira, e mitologicamente falando, o símbolo Loki como um trapaceiro é como as vias imprevisíveis na nossa vida, o erro que veio para o bem, o demônio causador de rupturas que nos obriga a mudar e a nos transformarmos. O símbolo básico do Loki psicologicamente falando é esse: O símbolo da ruptura, da quebra, que te desafia a se transformar.
Não a toa que existam múltiplas variações de Loki e uma delas tente e talvez consiga ser herói, acima de Thor, pois salvou a linha do Tempo Sagrada e as ramificações do multiverso, e talvez também, acima de Odin, pois não só é rei de Asgard, mas também, substituindo Khang, rei do multiverso e do tempo.
Um verdadeiro Deus. Rei e Herói…. Entre rei e herói, o que esses símbolos significam na prática a favor do autoconhecimento?
Essa variante de Loki, se deparou desde a primeira temporada, com o valor de um propósito na vida.
Loki descobre que sua mãe adotiva foi morta por sua causa nos tempos de Thor 2, mas nunca chegou a acontecer com essa variante. Mas o choque foi grande ao ver, nos arquivos da AVT, informações sobre seu passado, presente e futuro. Sua mãe até chega a dizer quando Loki não a considera como mãe: “Você é tão perspicaz sobre todos, menos para você mesmo.” Ela sabia que Loki, lá no fundo a amava, e ele mal conhecia esses sentimentos. Realmente os arquivos pegam Loki em cheio. Começa ali a surgir os primeiros sentimentos de um novo propósito, uma transformação.
Seu primeiro propósito era o poder, vencer através da imposição do medo, e profundamente abalado com o que acabara de ver sobre sua mãe, chega a dizer a Mobius sobre si mesmo e sobre suas intenções vilanescas anteriores, e que até chegou a dizer sobre o glorioso propósito da AVT: “Eu não gosto de machucar as pessoas… Eu faço isso porque eu preciso… porque eu precisei. É o truque cruel e elaborado e conjurado pelos fracos para inspirar medo.” A segunda ruptura é essa e logo percebe seu engano no flashback da sua vida. É aqui que percebe os fracos e suas fraquezas, os fadados a falhar, como a série inteira sugere sobre o próprio Loki – o deus destinado a falhar, que nunca teria um bom propósito na vida. Mas Loki é a ruptura, a transformação. Loki subverte a falha, para que ela se torne algo bom para ele mesmo. Chega a dizer na primeira temporada que a AvT é desvio no caminho de ascenção dele. Estaria prevendo seu futuro?
A variante tem então uma transformação definifita. Quer agora, encontrar o seu propósito, ou como disse outra variante da primeira temporada, um glorioso propósito. Ironicamente até desdenha do glorioso propósito da AVT de controlar as pessoas na justificativa de preservar a Linha do Tempo Sagrada. Mas na segunda temporada seu propósito se intensifica, e é ironicamente GLORIOSO, de verdade como vimos nesses últimos episódios, mas é, como deveria ser para um verdadeiro deus da mentira. Loki se anula eternamente para salvar os outros? A ambiguidade de se conquistar o tão esperado reino, um reino ainda maior que Asgard, com um propósito de salvar todas as linhas do tempo, mas a custa de sua anulação?
Vamos entender isso melhor…
Loki se torna uma espécie de herói. Mas há uma diferença simbólica (e arquetípica) entre o REI e o HERÓI.
O herói é uma expressão da juventude. É muito comum vermos a expressão ‘herói’ em pessoas mais jovens. É aquela expressão do destemido, daquele que enfrenta os desafios e não se importa nem com as consequências, nem com o alerta dos mais velhos sobre os possíveis perigos.
O herói acha que vence bastando apenas o esforço. Considera que a força de sua vontade é capaz de vencer qualquer barreira e tem o engano da invencibilidade.
É, por assim dizer, uma força imatura de seu desenvolvimento, ou melhor… uma força ainda em crescimento. Ainda é um menino por assim dizer, e precisa se tornar homem. O herói menino, pode até ir pra fase adulta e continuar na ilusão do destemido herói.
Em um pólo distorcido desse herói, a pessoa pode se tornar um valentão exibicionista. Quer proclamar sua superioridade e exige seu direito de dominar as pessoas que o cercam. Alguma semelhança com Loki? Esse tipo de pessoa na vida real, ataca aqueles que identificam sua presunção pra esconder sua covardia e sua insegurança. E pra disfarçar com a força do herói, tem o senso inflado sobre sua importância e capacidade. Mas sua intensão de invencibilidade, de tentar e de se mostrar sempre forte, se torna insustentável, pois não trabalhou a covardia e a insegurança, e essa variante de Loki começou a perceber isso. Impunha medo para conquistar e dominar as pessoas e tentava matar o Thor, mas o verdadeiro sentimento, a mãe já havia identificado: ela sabia que ele a amava. Loki era perspicaz sobre os outros, menos sobre si mesmo.
Psicologicamente falando, esse herói que cai no engano de querer a todo custo vencer o mundo, está excessivamente ligado a mãe e tem a necessidade inconsciente de superá-la e afirmar sua masculinidade. Esse herói não sabe o que fazer com sua conquista quando as coisas voltam ao normal, ainda é imaturo demais e fica preso nesse ciclo de auto afirmação do herói. Pois é incapaz de perceber suas próprias limitações, e ainda não é perspicaz suficientemente sobre si mesmo.
Explicando melhor a energia do Herói é a força do homem para romper com a mãe e ir para o mundo, mas ainda imaturo, enfrenta o mundo emocionalmente de longe, como se estivesse ainda ligado à mãe, que o vai proteger de tudo. Paradoxalmente, entender as próprias limitações é força de que o herói precisa para se tornar homem. O Herói é a força de independência do homem.
Em outras palavras, o herói pode ser bom ou ter pólos negativos, mas ele é de fato a força de passagem da fase da infância para a fase adulta. Faz a pessoa sonhar o impossível, mas traz o invariável engano e traiçoeiro da invencibilidade.
Já o símbolo (ou arquétipo) do rei, é a expressão da proteção, pois o rei é aquele que protege seu reino. E muito mais que isso, é a expressão da autoridade com a generosidade e acolhimento.
O famoso Rei Arthur, da mitologia celta, possuía um interesse genuíno pelas pessoas. Amava verdadeiramente as pessoas, mas não lhe faltava autoridade. Segundo nos contam as inúmeras descrições desse nobre e bom rei de todos os tempos.
O símbolo rei (que intuímos e sabemos de algum jeito aqui dentro – arquetipicamente falando), e uma pessoa tomada por esse espírito de rei, no sentido de inspiração, quer desenvolver as virtudes de todas as pessoas de seu reino, e ajudar os mesmos a corrigirem suas falhas para que se tornem virtudes futuramente, como o profundo propósito do rei deveria ser.
É símbolo de prosperidade que traz fertilidade, colheita e benção. Símbolo da ordem, da geração (no sentido de gerar e criar), como um bom pai, provedor e protetor. Em várias civilazações antigas, o rei é mensageiro de Deus ou o próprio deus encarnado, e é o ordenador das leis sagradas enviada pelos deuses. Nesse sentido Loki questiona as leis da AVT e instaura, segundo sua concepção, um reino mais justo, quando substitui as ramificações do Tear de Viktor Timely com o seu poder de Loki. O símbolo rei é também, ainda fazendo analogias com esses antigos reinos, o estrategista com sua atuação na guerra e na economia, é o amantes das artes e o provedor da beleza para seu povo, e é também um guerreiro, pois sabia que deveria sempre lutar junto de seus guerreiros.
Essencialmente, essa variante Loki está transformando e se tornando esse rei arquetípico, existente no imaginário e nas profundezas de todos nós. O rei é tão profundo e arquetípico, que se reiniciássenos o mundo “podando” essa linha do tempo, aos moldes dos agentes da AVT, provavelmente criamos a figura do rei sagrado novamente. É uma estrutura humana criada por nós mesmos desde que o mundo é mundo, desde os primórdios da humanidade.
Loki completa seu objetivo inicial de ser o rei dos reis. Talvez, sempre esteve, essencialmente integrado a energia do rei, haja visto o incentivo de Odin à Thor e à Loki, prenunciando que o destino de ambos era ser rei.
Loki precisava, talvez de um autoconhecimento mais profundo, ou talvez precisasse expericiar mais a vida como orientadora quando nos coloca desafios para serem superados, para única e exclusivamente, nosso desenvolvimento. Afinal, a vida não é uma didática de crescimento?
Será que não foi justamente todas essa passagens e desafios da vida que fez de Loki, o buscador desses conhecimentos, para além de seu irmão Thor?
E nesse seu desenvolvimento começa a perceber, paulatinamente, que, para ser um verdadeiro rei é preciso também se abdicar de interesses pessoais e estar disposto a alguns sacrifícios. E é apenas quando coloca seus interesses pessoais em segundo plano, como vimos no desfecho da série, que pode se tornar um verdadeiro rei.
Tal é assim, conosco quando nos fazemos empréstimo desse arquétipo do rei, que já em existe em nós, como uma estrutura fundamental pré-existente. O rei em nós é ordenador, o gerador, aquele que traz prosperidade, é o protetor e aquele que acolhe quem precisa, tem autoridade na fala, mas é o incentivador das virtudes e correção da falhas. É por fim, o provedor da ordem divina na nossa vida prática, é símbolo do pai de todos, é o deus rei em nós.
Nesse sentido, Loki, encontra formidavelmente seu Glorioso Propósito!
Sacrifica seus interesses, e sacrifica até a autonomia de si mesmo, para favorecer a vida de todas as pessoas de todas as ramificações, e principalmente seus amigos, novos valores inevitavelmente identificados e adquiridos pelo objetivo de seu novo processo.
E, em um surreal símbolo das últimas cenas, palmas para os criadores da série, e que me arrepiou até o fundo da alma, vemos uma linda árvore feita de todas ramificações do tempo, que, com o toque e a junção, Loki substitui a leis estebalecidas pelo Khang com o poder de suas novas leis divinas, transformando-a em verde, com uma clara referência à árvore nórdica Yggdrasil, árvore eixo central dos nove mundos, mas também do sacrifício do deus-rei Odin, em que é auto dependurado, e auto flagelado, mas que depois resnasce para que o oráculo das runas nórdicas pudesse existir e os humanos pudessem ter as grandes perguntas existenciais e sobre os propósitos da vida respondidas.
Loki então se consolida como o deus-rei do tempo e de todas as ramificações do Universo, no lugar de Khang. Acima do símbolo rei Odin, reinando para além de Asgard (Asgard como obstinado desejo do antigo Loki), mas que agora finalmente reina como seu pai que um dia reinou em Yggdrasil. E acima do símbolo herói que seu irmão Thor representava, pois salvou todas as pessoas de todos as ramificações do tempo e da linha Sagrada.
A custa da sua autonomia? Só saberemos talvez, na terceira temporada.
Mas o símbolo de auto sacrifício é digno de um Deus Rei maduro. De uma pessoa que sabe se entender profundamente, para ser algo maior para contribuir com o todo. Está além do herói que ainda quer ser invencível pra poder provar o seu próprio valor. E muito mais além do vilão incapaz de identificar, com humildade, as próprias limitações. Mas na ruptura do símbolo do Deus Loki, o símbolo da enganação e da mentira, subverte a própria essência se tornando uma variante, capaz de reinar como um bom rei, ou melhor, um deus-rei. Mas sem o Loki falho das primeiras experiências, jamais poderia ser capaz de reinar em todos os multiversos, nem nos multiplos reinos internos de si mesmo, transportando em analogia com o nosso mundo real. Subvertendo nossa ideia de que não somos bons o suficiente para qualquer coisa que seja.
Sensacional Loki Deus Rei, mas sua posição é totalmente merecida!
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Analisamos a animação Avatar: A Lenda de Aang, e os 10 primeiros episódios do desenho rendeu muito assunto para conversarmos sobre autoconhecimento. Indescritível sensação é gravar com amigos queridos, poder compartilhar pontos de vista diferentes e perceber o quão bom é poder agregar na percepção do outro e construir conhecimentos em conjunto. Aang, Katara, Sokka, Tio Iroh e Zuko, foram os principais foco da nossa conversa nessa série de vídeos que estamos apenas começando. Esperamos vocês nesse encontro! [Atenção: Análise com Spoilers]
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É com alegria que mais uma vez estamos com todos vocês que nos acompanham fazendo a análise do segundo livro e filme do Harry Potter e a Câmara Secreta.
Acredito que a primeira observação que devemos fazer é sobre o próprio título do livro: A Câmara Secreta! E quando a gente transporta essa ideia do título para nossas descobertas internas, podemos fazer um paralelo para considerar que a câmara secreta são nossas próprias indagações, dificuldades, desafios, monstros, sombras, medos, crenças limitantes, desejos ou vergonhas que sufocamos. E como já nos disseram os sábios de todas as eras do nosso mundo dos trouxas: “nós somos o nosso maior inimigo”, senão trabalharmos para, no mínimo, entender nossos enigmas internos. Voldemort é o inimigo número 1 de Harry! O curioso é que nós também temos aquela nossa dificuldade número 1 – aquela que parece que nos persegue por grande parte da nossa vida. Pode ser a baixa autoestima, pode ser a raiva ou a tristeza, pode ser o descontentamento constante, pode ser a procrastinação, e pode ser tantos outros inimigos internos. Pode ser até aquilo que alguém nos disse em algum momento da nossa vida, que mal nos lembramos direito, e que de certa forma, seguimos o que esse alguém nos disse. São as crenças limitantes. Alguém importante do nosso círculo de convivência, por achar que nos auxiliaria de alguma forma, ou talvez por outra coisa, disse algo parecido com: “Você não vai conseguir”, “Isso não é pra você”, “você é burro”, “você é gordo”, “você é chata”, e até mesmo conceitos sociais, conceitos familiares e tabus. São eventos substanciais que nos governam e mal nos damos conta. E que são como “inimigos” centrais na Câmara Secreta do nosso inconsciente. O nosso Voldemort interno.
Temos dois exemplos cruciais no enredo do livro.
O primeiro é a família Dursley, em que podemos observar o Tio de Harry, Valter Dursley, bajulando o construtor Sr. Mason para garantir um investimento do empreiteiro em sua empresa de perfuração. Nessa cena vemos todas as formalidades e apresentações metódicas, criadas pela família Dursley, de como agir para agradar os outros, e que toda a forma de ser, em verdadeira essência, deixa de existir.
Tentando ser é que não somos! Vemos que a moeda de troca para sermos aceitos é a bajulação e a pressa em agradar. Mas se a moeda de troca é a bajulação e se nossa forma habitual de agir for igual a da família Dursley, nunca teríamos garantias de um relacionamento saudável, pois se agradamos para sermos aceitos, podemos acreditar que as pessoas, nos nossos círculos de convivência, também agem para nos agradar – essencialmente criaríamos hábitos de relacionamentos superficiais por agirmos constantemente querendo agradar, e é justamente esse hábito que faz com que acreditemos que o mundo é como vemos através dos nossos conceitos.
E esse hábito de relacionamento superficial através da bajulação está tão enraizado na família Dursley que vemos Duda o tempo todo sendo bajulado pelos pais, que dão tantos presentes a ele, que Duda nem sequer sabe agradecer. Pelo contrário, fica enraivecido quando não recebe o que quer. Nessa família o valor está invertido: o valor do relacionamento está no presente e não nas relações. O valor é medido pela quantidade de presentes que se possa ganhar – como no caso da bajulação, e não através de uma valorização por sermos quem verdadeiramente somos em essência – mesmo “tortinhos” que somos e cheio de desafios de desenvolvimento e relacionamentos, mas verdadeiramente nós.
Essa situação se repete quando conhecemos o professor Gilderoy Lockhart, que tenta ser o que não é e acaba se colocando em maus lençóis, pois foi indicado para salvar a Gina na Câmara Secreta e não tinha conhecimento da arte das trevas para realizar tal feito.
Gina Weasley é o segundo exemplo.
Gina ainda não tinha encontrado sua força interior. A única menina da família e a mais nova, ainda não entendia com clareza que seus sentimentos tentavam mostrar que não era valorizada como deveria ser, e justamente por isso não acreditava no seu próprio valor. Sua baixa autoestima foi a chave para encontrar um amigo, supostamente verdadeiro, num diário que respondia aos seus segredos e confidências. Mas nunca parou para se questionar quem estaria respondendo por trás das escritas mágicas do diário. Uma pessoa que tivesse trabalhado seu valor próprio jamais contaria suas maiores confidências para alguém que acabou de conhecer.
Tom Ridley, o Voldemort, se aproveita da situação para chegar ao Harry Potter. Descobre, por exemplo, que Gina acreditava que o “importante” e “famoso” Harry Potter jamais poderia gostar dela. Mas isso é outra característica de quem não acredita no seu próprio potencial. A pessoa se enfraquece, quando observa uma pessoa que considera ser maior que ela própria. Harry era considerado “importante” e “famoso”, e ela era só a Gina Weasley. Alimentando esse péssimo hábito de nos desvalorizarmos, é curioso como nos tratamos mal, muitas vezes ser ter a plena consciência disso. Quando olhamos para uma pessoa que está numa posição social qualquer e consideramos que essa posição confere ao outro um status superior a nós, estamos mentindo para nós mesmos desconsiderando que aquela pessoa não tem problemas, dificuldades e defeitos. Se não cuidamos de nós mesmos, podemos cair na armadilha de acreditarmos que um palestrante, um influencer digital, um herói ou um ídolo, são pessoas inalcançáveis e com o dom supremo da palavra. Enfraquecemos a nós mesmos pensando assim. Até mesmo as posições das hierarquias sociais, como alguém que ocupa o cargo que consideramos importante numa empresa, por exemplo.
Temos que admitir que esse é nosso poder de imaginação. Uma pessoa se aproxima de nós, e é totalmente natural criarmos imagens mentais, julgamentos e análises sobre essa pessoa. O que não entendemos totalmente, é que essa poderosa imaginação está carregada dos nossos conceitos, associações que fazemos, e num exemplo, carregada das considerações da nossa própria baixa autoestima, como no caso da Gina. Nosso pensamento é muito rápido, e antes da pessoa se dirigir a nós, já fizemos diversas associações mentais sobre aquela pessoa. É possível até que as características do rosto e a feição daquela pessoa nos lembre de algo que nos faz sentir bem ou mal, mas que, com toda certeza, não é verdade sobre aquela pessoa. Precisamos colocar a imaginação sob o crivo do nosso intelecto, que apesar de termos o poder imaginativo rápido e criativo, a inteligência precisa discernir entre o que é um julgamento precipitado e o que é a chance de nos permitirmos experimentar sem julgar o outro. Ou ao contrário como no caso da Gina. Observar se não estamos julgamos a nós mesmos em relação ao outro, dentro do hábito do poder imaginativo, de acreditar que não somos importantes para nós mesmos. E só para nós mesmos! Não é preciso a comparação com o outro que supostamente é superior, nem o enfraquecimento através das nossas crenças limitantes.
Um outro ponto interessante que podemos conversar aqui, é sobre a comunicação. E como acabamos de conversar sobre como a imaginação é poderosa em nós, observemos quantos julgamentos precipitados podem gerar, em nós mesmos, armadilhas emocionais, e como a comunicação sincera poderia evitar muitos desses problemas.
Imaginemos uma situação em que nossos pais, talvez por acreditar que estão nos ajudando, nos dizem: “você tem que seguir o exemplo do seu irmão” ou “você não faz nada direto”. É possível, dada essas situações, que desenvolvamos a crença de que não somos capazes.
Em outra situação, um amigo chateado conosco, sem muito pensar em como nos falar, diz: “Nossa, como você é chato!”. Por termos desenvolvido o hábito de achar que somos menores do que as outras pessoas, podemos acreditar que somos chatos por completo, como se não tivéssemos outras qualidades e outros poderes naturais desenvolvidos. Mas talvez, se perguntássemos para o nosso amigo porque estaria nos achando chato, é bem provável que ele nos diria, que em determinada situação, erramos com ele e que se agíssemos de outra maneira, talvez poderíamos não chateá-lo. E para esclarecer melhor, é assim também quando alguém pisa na bola com a gente. Não é porque alguém nos chateou, que deixamos de gostar dela, mas quando é com a gente fazemos exatamente o contrário: nos identificamos com aquilo que nos dizem que somos. Ou seja, o que deveria ser algo pontual, levamos para a vida toda.
É muito comum por exemplo, que quando não passamos no vestibular, ou somos mandados embora de um emprego, acreditamos que não somos capazes. Ou quando terminamos um namoro, podemos acreditar que ninguém nunca vai gostar da gente. Mas que, com perguntas para nós mesmos e exercícios mentais, poderíamos resolver muitos conflitos internos. Somos realmente incapazes? É possível que ninguém nunca vai gostar da gente mesmo?
Psicologicamente falando, a Gina se deparou com vários conceitos internos desse tipo e com falta de comunicação. Filha mais nova, carregava o peso de não ser tão eficiente como seus irmãos. Ser menina, e ter características diferentes dos hábitos masculinos mais objetivos, podem fazer que a sensibilidade feminina seja reprimida. E a baixa autoestima a fazia acreditar que as pessoas “famosas” e “importantes”, como Harry, jamais poderiam gostar dela. Mas ela teve uma conversa sincera com os pais? E ela se permitiu conhecer o Harry Potter verdadeiramente, antes de criar diversas situações imaginativas que estavam somente na sua cabeça?
O quanto a comunicação é importante na nossa vida! Mas o quanto não vemos a comunicação sincera acontecer. Nem mesmo a comunicação interna de nos conhecermos melhor e de nos respeitarmos como deveríamos. E é interessante ainda saber que a comunicação sincera nos permite discordar das pessoas mais queridas sem que isso cause um constrangimento ou aversão pelo outro.
Não nos damos a chance de conhecer o outro como ele realmente é, por conta talvez, das nossas crenças limitantes, só que agora, em jargões sociais como: “não temos tempo para nada”, “tempo é dinheiro”, “o que o outro faz é para chamar a atenção”, “o que ela faz é frescura”, “essa pessoa não sabe o que faz, eu sei fazer muito melhor que ela!” e por aí vai. E é ainda pior quando nos fechamos nas nossas próprias convicções e só aceitamos as pessoas que pensam como nós. As pessoas que pensam diferente são repelidas, porque pensar diferente nos tira da nossa zona de conforto. Outras pessoas trazerem conceitos diferentes dos nossos, nos fazem ter que abrir mão de tudo aquilo que nós construímos como verdade para nós mesmos. E não queremos fazer isso. Queremos preservar o nosso mundinho. Por isso o diferente é tão difícil de aceitar.
Vemos isso no filme quando observamos a família Malfoy. A ideia de ‘bruxo puro’ é exatamente isso. É a nossa tendência em sermos todos iguais e perfeitos de acordo somente com nossos conceitos, justamente para manter intacto o mundo de conceitos e verdades que criamos para nós mesmos. Mas essa aversão em experimentar o novo e evitar pessoas com conceitos diferentes não revelaria nosso medo de destruir nosso mundinho e nossas verdades que criamos para nós mesmos? Esse sentimento é até um instinto de preservação, mas também não seria orgulho não admitirmos que somos falhos e vulneráveis? E é muito fácil que, sem proteção, podemos nos esconder na cara de um vilão, nos tornando cada vez mais carrancudos. Podemos perceber então que, essa cara de vilão dos Malfoy, essa arrogância e orgulho deles, nada mais é do que uma tentativa de serem superiores às outras pessoas, mas a tentativa revela que há uma vulnerabilidade neles. E essa vulnerabilidade revela que não se permitem ser falhos, pois assim se sentiriam inferiores. Estão se preservando de certa forma, mas de um jeito distorcido. Que fere outras pessoas.
Mas é importante dizermos aqui, diante da investigação sobre nós mesmos, e fazendo um paralelo sincero com o filme e livro do Harry Potter, que há uma Câmara Secreta em nós, pronta para ser explorada e que há muito a aprender sobre nós mesmos. E que quanto mais “fecharmos” ou oprimirmos nossos sentimentos dentro dessa câmara secreta, mais a nossa natureza humana o colocará para fora, e serão expressões e atitudes não muito legais: como a família Dursley e o professor Lockhart querendo ser o que não eram; como o caso da Gina e sua baixo autoestima; como os Malfoys e suas tentativas de serem superiores aos outros; ou como Tom Ridley e toda sua raiva. Mas que possamos fazer como Harry Potter, que foi até o mais profundo de si mesmo, entrou na sua Câmara Secreta e se deparou com símbolos pertinentes à sua jornada: o basilisco, que é uma cobra gigante, e a fênix Fawkes de Dumbledore. A cobra é símbolo de transformação, morte, renascimento e sabedoria. Assim como a fênix, que ressurge das cinzas.
Diante de tudo isso e com toda essa bagagem, conseguiu enfrentar seu pior inimigo: Voldemort. Precisou conhecê-lo melhor para poder vencê-lo. Assim acontece conosco dentro da nossa câmara secreta: encontramos nossos piores inimigos e desafios, mas também a sabedoria necessária ao nosso próprio crescimento.
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O post Episódio 11 – [Filme] “Harry Potter e a Câmara Secreta – Explorando a Câmara dos nossos Sentimentos” apareceu primeiro em Café com Zumbi.
[Atenção: Análise com Spoilers] – Para uma melhor experiência da sua leitura, ouça ao mesmo tempo, o PODCAST no fim desse texto.
Quando olhamos para a mais conhecida obra de J.K.Rowling, a famosa saga do bruxo Harry Potter, vemos uma criança órfã, que foi deixada na casa dos tios, por uns personagens, no mínimo estranhos, para que crescesse com o carinho da família. Logo no início percebemos que os tios não eram exemplos de cuidado e carinho. Mas o que não imaginamos, quando nos deixamos levar pela obra, seja pelos livros ou seja pelos filmes, é que podemos traçar um paralelo psicológico das situações vivenciadas internamente por nós e ela!
Então comecemos do começo: Por que é tão interessante falar de Harry Potter para o autoconhecimento? É porque toda a saga é o desenrolar de um processo terapêutico, ‘simples assim’!
A história toda é o processo de desenvolvimento humano pelo qual todos passamos durante a vida, com os desafios que encontramos, para ser e estar, neste mundo de tantos percalços.
Temos conhecimento das fases biológicas da vida: nascemos, passamos pela infância, adolescência, fase adulta e velhice, racionalmente identificamos e compreendemos todas elas. Mas para passarmos de uma fase para outra precisamos de um ‘amadurecimento’ interno. Isto, na maioria das vezes, não está delimitado por idade, sexo, classe social, entre outros aspectos e aí está a parte mais complexa de entender.
O processo externo é marcado por aquilo que enxergamos a ‘olho nu’, mas o processo interno, que é totalmente diferente do primeiro, passa por verdades e sentimentos, que dificilmente expomos: seja por vergonha ou até por falta de compreensão do que acontece conosco. Na maioria das vezes não pedimos auxílio por vergonha de descobrirem o que se passa dentro de nós, não pedimos aos familiares e nem aos amigos, por imaginar que podemos não ser compreendidos e aceitos; e tanto menos orientação de um profissional, pois não nos consideramos ‘loucos’ para ir em busca desta orientação. Felizmente esta visão vem mudando e muitas pessoas vem buscando a orientação do profissional para desenvolver a sua compreensão a partir de si mesmo.
Mas por onde embarcar nesta viagem ao mundo de Harry Potter, identificando a nós mesmos? Vamos direto para a plataforma 9 ¾? NÃOOO! Mesmo porque não teríamos como passar pela parede para chegarmos até lá!!!
Podemos embarcar logo no início da história, quando vemos que Harry sobrevive a uma tentativa de assassinato por Lorde Voldemort, ainda pequeno (aos 15 meses) e fica com uma marca na testa: a tão amada cicatriz em forma de raio! Quem de nós não tem ‘uma cicatriz’ deixada por um momento ruim de nossas vidas? Não uma cicatriz na pele, mas no coração, na mente, podemos até não ter consciência dela, mas ela está lá e nos faz carregar ‘algo’ interno. No caso de Harry, sua cicatriz também tem um peso emocional, pois as cicatrizes são como nossas dores, que nos lembram os eventos que nos marcaram durante nossa trajetória.
Esta tentativa de assassinato de Harry, tornou Voldemort tão temido pelos bruxos, em Hogwarts, que preocupou a professora Minerva a tal ponto, que ela até evitava pronunciar seu nome, como no trecho do livro adiante:
“A professora Minerva está perguntando a Dumbledore:
– Suponho que “ele” tenha ido embora.
Dumbledore responde:
– A senhora poderia chamá-lo pelo nome, há anos venho convencendo as pessoas a chamarem ele pelo nome que recebeu Voldemort.”
Voldemort teme a morte e busca a imortalidade, ninguém possui qualquer imagem do que é a morte, mas temos que ter coragem para reconhecer que ela existe e faz parte de nossas vidas. Muitas pessoas ainda querem se afastar da morte, mas acabam ‘vivendo a morte na vida’, por medo.
Vamos entender a extensão desse medo:
O medo da morte está ligado ao instinto de preservação, que é um processo natural, mas enquanto não se ‘dá’ inteligência aos instintos, ainda vamos acioná-lo como defesa através do medo. Nesta parte da saga está sendo tratado o nosso maior medo, a morte.
A morte é um mistério, não se consegue criar imagem, pois não temos como experienciar. Ela deixa a mente sem poder criar. A única coisa que se pode criar é a vida, mas algumas pessoas criam o medo da morte na vida a partir da imaginação, gerada por pensamentos, sentimentos e emoções, e perde a realidade da vida em si.
Quando se ocupa ‘o mental’ com o medo da morte, o nosso cérebro arquiva de forma associativa as imagens, sendo que um determinado local, situação, objeto, pessoa ou animal pode enviar um alerta em determinados momentos, como: achar que pode estar doente, receio em andar na rua, medo de algo que pode “acontecer”, insegurança para mudar para novo lugar, medo de perder o emprego, falta de confiança para conhecer novas pessoas e fazer novas amizades, achar que vai fracassar, evitar riscos , etc.
Harry Potter é filho de Bruxos, mas os Bruxos também temem a morte, por terem receio de falar o nome Voldemort. Voldemort para obter a imortalidade teve que causar os delitos de matar seres semelhantes a ele, para mutilar sua própria alma em pedaços e conseguir transferir cada parte mutilada para objetos ou seres: Horcruxes. Assim sua alma não poderia ir embora e ele então, não morreria. Mas Voldemort não sabe que ao matar os pais de Harry e depois de querer matar o próprio Harry Potter, teve uma parte de sua alma transferida para a alma de Harry.
Aqueles que são prisioneiros do seu “mal interno”, não buscam conhecimento para entender que o “mal” tem que ser compreendido para ser transformado. Quando isso não acontece, o indivíduo passa a gerar mais desequilíbrios internos, através das emoções, dos sentimentos, dos pensamentos, que mantém o estado mental cheio de preocupações. E este estado mental, para se manter em equilíbrio, direciona a vida do indivíduo de forma agitada, sem tempo para se ver em seus anseios, desejos, intenções e faltas, onde a adaptação o mantém como prisioneiro. Um exemplo disso é quando você analisa o outro, julgando-o, e este se transforma naquilo que você imagina dele, porque inevitavelmente, é você o observador do seu interno e daquilo que você examina do externo. E quase sempre o outro não é o que imaginamos dele.
Equilíbrio, é viver consciente de seus anseios internos e dar expressão e solução.
Assim o externo também será equilibrado de forma a fortalecer o que realmente é importante, dentro das reais necessidades internas e externas, para que lhe tragam: amor, sabedoria e ação na vida.
Portanto, compreendendo estes medos, quando a morte é vista como uma realidade, nos traz uma consciência maior sobre como podemos lidar com a vida, passamos a ter qualidade e responsabilidade em criar o bom, o útil, o justo e o agradável para si, e consequentemente se vive melhor com o outro.
Simbolicamente, cada instante é uma morte e aí está contido o seu mistério. A cada milionésimo de segundo, o instante vira passado e nada se pode fazer com o que passou. O novo é ‘morrer’ a cada instante para o velho e estar mais preparado para as várias vezes que podemos renascer. O novo então, é a possibilidade do agora.
Além da questão da morte, outro aspecto que nos chama atenção é quando Dumbledore diz para Minerva que Harry tem que ficar com os tios.
Harry foi protegido da maldição da morte de Voldemort porque Lílian (Mãe de Harry) tinha se sacrificado para salvá-lo, impregnando-o com um feitiço que impediu Voldemort de prejudicá-lo devido ao amor de Lílian por seu filho.
Harry tem que viver com sua tia Petúnia, na Rua dos Alfeneiros, nº4, porque ali ele estará seguro de Voldemort, porque a sua tia Petúnia tem o mesmo sangue de origem da mãe de Harry.
A proteção de Harry se firmou através do amor puro e verdadeiro de sua mãe, por escolher morrer no lugar de Harry e pelo laço sanguíneo com o mesmo (estes são os fatores para que o Feitiço Proteção Sacrificial seja conjurado), todo o símbolo do feitiço, principalmente do laço sanguíneo, traz o significado do quanto a criança está protegida na sua família de origem, e do quanto é importante para a criança saber quem são seus pais.
Harry não teve uma boa recepção e acolhimento por parte da Tia. O Tio Válter Dursley e a tia, por serem trouxas (modo como os bruxos chamam os humanos não mágicos), tinham sentimento de rejeição por Harry, o viam como um problema e o tratavam como se fosse um empregado da família.
As famílias são sistemas, onde existem cumplicidade, formas e regras de conduta. Estes fatores fazem com que, aqueles que chegam de fora, não sejam muito bem aceitos e reconhecidos. Normalmente existe uma rejeição por parte de algumas pessoas, ou todas, do sistema familiar. Esta situação acontece porque o novo integrante vem com novos costumes e comportamentos diferentes da família a qual está se integrando. Existem sistemas familiares que podem ser exceções, mas a maioria entende o novo membro como uma ameaça a sua ordem (nora, genro, cunhado, cunhada, sogra, sogro, sobrinhos etc.).
A tia Petúnia adota Harry apenas porque se sente obrigada: seria desumano demais, até para ela, abandonar o sobrinho após o assassinato de seus pais.
Na vida real, durante muito tempo, e em alguns casos até nos dias de hoje, a adoção é mantida em segredo, mas com o passar do tempo a criança pode sentir não ser filho daqueles pais. O ideal seria que a criança primeiro fosse encaminhada para parentes, isso porque no livro Ordens do amor (2003), o terapeuta alemão Bert Hellinger escreve: “assim como a criança tem direito aos seus pais, ela tem também direito ao seu grupo familiar”, reconhecendo que a criança se sentirá bem em sua família de origem, por ter informações de seus pais, através de seus criadores. Por isso a importância dos pais é independente do que possa ter acontecido com eles. Bert Hellinger sugere que os pais adotivos devam receber a orientação para informar a criança quem são os pais verdadeiros, sendo o ideal, aos pais adotivos, manterem uma atitude de honra aos pais biológicos da criança, por terem a oportunidade de serem pais substitutos, assim a criança poderá honrar seus criadores e se sentirá LIVRE para amar seus pais adotivos.
Longe de querermos apontar para uma verdade única, a teoria do terapeuta Bert Hellinger apresenta muita informação sobre como nossa família de origem nos traz força e o quanto isso nos impulsiona para vida.
Nos utilizamos desta teoria para explicar que, por Harry não perder contato com sua origem, não “perde” também a força de sua ancestralidade e, por isso mesmo, não deixa de ser quem ele é, mesmo estando com tios, que o rejeitavam. Pelo conhecimento e esperteza de Dumbledore, este sabia da força da origem de Harry, sabia também que foi utilizado o feitiço Proteção Sacrificial; e por Petúnia ser a família mais próxima de Harry, este laço sanguíneo, estenderia o feitiço de sua mãe protegendo-o de Voldemort, enquanto estivesse no seio da família Dursley.
Desta forma também entendemos porque Dumbledore não concorda que Harry fique na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, como mostra este diálogo retirado do livro:
Dumbledore disse: – “Seria o bastante para virar a cabeça de qualquer menino, antes mesmo dele andar e falar, ou seja, famoso por uma coisa que ele nem vai se lembrar.”
Harry, com os tios vive de forma muito precária, sem carinho e atenção. Ele passa a ser um menino que vai se adaptando aos maus tratos, se torna humilde, paciente e tolerante.
Harry fica com os tios, mas diante das dificuldades cotidianas ele passa a se fortalecer internamente para a vida, o que parecia ser algo ruim surtiu em bom efeito. E às vezes, algo que parece ser bom, como deixar os filhos sempre contentes, dando o que eles pedem, como acontecia com o primo do Harry, Duda Dursley, acaba por trazer um mal efeito, efeito esse que pode ser observado em situações reais.
Crianças que foram acostumadas a obter tudo com facilidades sem esforço próprio, como observamos em Duda, raramente adquirem a noção de hierarquia e dificilmente apreciam os pais como seus criadores. São intolerantes e nervosas, pois não aprendem a esperar, a perder, e raramente conseguem conquistar por mérito próprio.
Existem pais que mesmo presentes fisicamente, estão ausentes para as necessidades emocionais e educativas da criança e tentam suprir sua ausência com presentes. Existem também pais que podem achar que receberam pouca atenção dos seus pais em sua infância e baseados no seu sentimento acreditam que o filho pode pensar o mesmo em relação a eles. Nesses casos, os pais com atitudes muito críticas, agem em relação aos filhos conforme a sua perspectiva de julgamento e de acordo com o que vivenciou com o próprio pai, daquilo que ele mesmo proteja de si. Pais que julgam seus próprios pais perdem a força, prejudicam a sua própria imagem e refletem essa insegurança no próprio filho. Agora, pais que conseguem aceitar os pais deles da forma que foram e são, ficam mais livres da obrigatoriedade de se tornar algo para o filho e ficam mais seguros para estar com o filho como ele é, sem projetar suas inseguranças e julgamentos. Aceita que seu pai fez o melhor que pôde e se sente seguro também, para fazer o pode para cuidar, agora, do filho.
Crianças que são orientadas e educadas pelos pais para explorarem suas habilidades através de experiências, lidando com vantagens e desvantagens, negociando e decidindo, aprendem a reconhecer a melhor solução. Estas crianças acabam se tornando as mais pacientes, habilitadas para lidar com a vida e passam a sentir a sua própria força.
Quando Harry chega Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, não se senti um bruxo de destaque como os demais o levam a crer. Sua simplicidade o faz um aluno como todos os outros. Ele sabe que é famoso, mas não se sente popular. Ele se sente à vontade com Roni e Hermione – os seus amigos mais próximos, e até com outros que o tratam de forma comum.
Agora, desde que conheceu Draco Malfoy e o vê tratando mal uma mulher, no Beco Diagonal, antes mesmo de chegar a Hogwarts, não gosta do seu comportamento. E mesmo em outros encontros com Draco percebe que o interesse pelo poder é seu comportamento característico, desagradando a Harry, que sabe dar importância aos valores mais simples, como: respeito, carinho, amizade, e sem precisar se relacionar com as pessoas pelo falso prestígio ou pelo interesse de poder. Dito tudo isso percebemos o quanto a educação e a origem familiar são mais importantes do que a fama, e Harry, em suas dificuldades cotidianas, aprendeu isso com naturalidade.
Vemos no livro outro aspecto importante a ser destacado: A Prof. Minerva pergunta para Dumbledore se ele poderia tirar a marca do menino. E Dumbledore, diz mesmo que pudesse não faria, marcas são úteis!
As marcas são úteis, carregam sentimentos e emoções, todos nós as temos. Harry, carrega sua famosa marca (cicatriz em formato de raio) e fica conectado com uma parte da alma de Voldemort.
A marca sempre exige que se olhe para dentro de si, para que possamos perceber nossos pensamentos, atitudes, desejos e medos (essa é a parte que liga Voldemort a Harry Potter). Existe dentro de todo ser humano, o bem e o mal, gerados à partir dos sentimentos, emoções, julgamentos e interpretações. Devemos sempre estar atentos a estes porque eles geram pensamentos, que sem o conhecimento da origem dos mesmos, muito provavelmente vão desencadear mal-estar interno. Ao sentir o objetivo do sentimento é que se pode descobrir o que esse objetivo interno quer solucionar. O mal pode ser desvendado e compreendido como um sentimento que pede para ser transformado.
Existem alguns casos difíceis de identificar a origem do mal interno, como na cena em que Harry Potter tem sensações e se sente perturbado por vozes, assim como muitas pessoas não conseguem entender o mal que carregam internamente, porque a causa do mal interno pode estar oculta no sistema familiar de origem, ou seja, em sua ancestralidade.
(C.G. Jung no livro Natureza da Psique diz: “A existência do inconsciente coletivo indica que a consciência individual não é absolutamente isenta de pressupostos. Ao contrário: acha-se condicionada em alto grau por fatores herdados, sem falar, evidentemente, das inevitáveis influências que sobre ela exerce o meio ambiente” / Bert Hellinger – O amor do espírito, diz: “Existem coisas más ou pesadas que nos pertencem como um destino pessoal: por exemplo, uma doença hereditária, circunstâncias traumáticas de nossa infância ou uma culpa pessoal.
Quando concordamos com o que é pesado e o incorporamos à realização de nossa vida, isso se torna para nós uma fonte de força”).
O drama dos Pais, quando Harry era apenas um bebê, ficou reconhecido com a marca da testa pelo motivo de Voldemort não ter conseguido matá-lo.
Na saga, Harry Potter enfrenta o seu medo tentando aos poucos buscar conhecimento para entender a origem dos seus sentimentos. Isso requer controle e aprimoramento da compreensão dos processos internos: pensamentos, emoções e sentimentos.
Quando a pessoa evita o sentimento ou o reprime através do raciocínio lógico, não cessa o desconforto, que pode até aumentar, porque o sentimento quer solução. Enfrentar o sentimento com o raciocínio lógico é um processo de defesa, mas a chave é, antes, olhar para dentro de si e sentir:
– O que está por trás do sentimento?
– O que tenta o sentimento solucionar?
– Qual fator importante da vida que está sendo negligenciado?
Podemos achar estranho essas perguntas, mas sempre existe, em nossos sentimentos, algo inexplorado para solucionarmos. O desconforto faz a pessoa se movimentar para uma mudança (se for um medo, esse medo deve ser enfrentado). Enquanto não nos transformarmos a favor do verdadeiro sentido de vida, ainda sofreremos por estarmos vivendo somente no externo, ou sob ação do passado que gera uma vibração baixa, diminuindo a energia vital e atraindo situações e relacionamentos problemáticos. Um exemplo disso é quando alguém nos crítica e isso nos desagrada, este desagrado é só nosso, não é de quem fez a crítica. É como uma ação do espelho: quando olhamos para fora, estamos olhando a partir do nosso interno, isso nos deixa mais conscientes de nossas intenções e entendemos que ao olharmos o outro já interpretamos e julgamos com base nos nossos pensamentos, sentimentos e emoções.
Por ser tão comum viver o mundo que se pensa, é comum viver muito pouco o mundo real.
Se conseguirmos encontrar o que retira a vontade de ação pela vida, perceberemos que estamos distantes das coisas que realmente são importantes para os nossos interesses mais nobres, e isso é o que nos impede de movimentar as habilidades que possuímos. Para isso é preciso abandonar o medo do fracasso, da vergonha de não conseguir, do que os outros vão pensar, críticas e julgamentos.
Quando uma pessoa olha para dentro de si, ela pode chegar à conclusão de que ela mesma é o carcereiro da sua vida. Sempre que quiser se tornar algo só para o mundo exterior, perde o contato com o seu eu interior e vive através das comparações, julgamentos e críticas que imagina e faz sobre o outro, e o que imagina que o outro pode estar pensando em relação as suas formas de ação. Nessa situação já deixou de ser o que é, para ser algo que o outro possa valorizar. Receita fácil para a frustação e a falta de autoestima, pois o valor está sendo atribuído ao valor que o outro confere. Desta forma, passa a ser refém das suas emoções e sentimentos, ou seja, é um enfraquecimento do eu para se tornar algo que tem valor para outros. Quando uma pessoa não atinge seu valor e isso resulta em perdas, ela passa a justificar e transferir a culpa para os outros ou para as situações. A vida fica sem sentido interno e perde-se aos poucos a energia vital e a espontaneidade natural pela vida.
Harry Potter, não tem necessidade do falso prestígio, tem uma atitude simples e natural com respeito por todos e não busca méritos e nem destaque, sabe dar importância ao que é importante, mantém o vínculo com os amigos que o veem de forma natural.
O personagem Harry Potter, tem valor em ser o que é, reconhece a sua origem e por amar os pais, confere força e dignidade, caminha destemido diante dos obstáculos, cria vínculos, ganha conhecimento e vive o agora.
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DAYLEN E BRAM
Pelo escritor Dericky Henrique. Uma parceria entre O Herói que Existe em Nós e Saving Throw RPG
Para uma melhor experiência da sua leitura, ouça ao mesmo tempo, o PODCAST no fim desse conto.
O clima era árido nas montanhas ao norte da pequena vila de Faen-ari. Ali, dois jovens guerreiros se tornavam os únicos sobreviventes de um ataque bárbaro noturno. Essa luta era constante, quase rotineira. Muitos naquela vila já haviam sido saqueados e mortos, e cada dia mais a pequena vila de Faen-ari perdia seus poucos guardas.
O reino estava em ruptura política total. Com a morte de um rei usurpador, e sem um líder legítimo reconhecido por todos, três líderes se levantaram reivindicando o poder e recrutando províncias aliadas. Uma guerra em nível continental estava instaurada. Por mais que essa vila estivesse longe de qualquer um desses conflitos, a falta de suporte do reino lhes causava danos cada vez mais agravantes.
– Precisamos conseguir reforços – Disse Daylen – Não temos mais do que uma dúzia de guerreiros para proteger nosso lar agora.
– É impossível! Eles não vão querer desviar soldados de sua guerra egoísta e mesquinha – Disse Bram irritado – Além disso, o lorde Wiselen ainda não tomou partido, se pedirmos ajuda para o líder errado, poderemos estar em lados opostos nessa guerra, e a última coisa que precisamos é de mais inimigos.
Daylen concordou acenando com a cabeça, enquanto olhava seus mortos ao chão.
– Você está certo. Mas não podemos ficar parados, devemos fazer algo. Não aguento mais perder irmãos – Disse Daylen com os olhos lacrimejando, e rapidamente reprimindo as lágrimas com as mãos.
Bram ficou em silêncio, mas entendia o sentimento de Daylen, pois ele também os possuía.
Ambos se recompuseram, e fizeram algo que estava virando rotina. Uma rotina triste e desconfortável. Eles foram enterrar seus mortos. Cada corpo era um guerreiro protetor da vila, cada protetor era um amigo, e cada amigo era um irmão de arma. E após aquele funeral improvisado, eles só teriam um ao outro.
Quando eles terminaram já era quase dia, podia-se ver os primeiros raios do sol brilhando ao horizonte. E enquanto aquela luz os alcançavam:
– Daylen – Disse Bram.
Daylen olhou para seu amigo esperando que continuasse.
– Teremos que jurar nossa lealdade para um dos líderes uma hora ou outra – Disse Bram – Mas nosso primeiro juramento é o que realmente vale aos olhos dos deuses. Então, vamos jurar nossa lealdade a nossa vila! Não importa o preço que pagaremos por juramentos falsos a outros líderes, o importante é salvarmos Faen-ari dos bárbaros.
Os olhos de Daylen brilharam diante da sugestão de Bram. Era como se aquilo estivesse dentro deles o tempo todo, e precisava apenas que um dissesse em alta voz.
– Faremos isso irmão. Esse é um caminho sem volta, e mesmo que haja um, não desejo voltar – Disse Daylen – Pelas rochas dessa montanha que agora pisamos, sou leal à Faen-ari, e sempre serei – Exclamou.
Bram abriu um sorriso e exclamou:
– Pelos raios de sol que agora nos tocam, sou leal à Faen-ari e sempre serei.
Após o juramento, voltaram a sua amada vila. Recolheram seus poucos pertences, suas poucas armas, e se despediram de seus muitos amigos. Seguiram em direção à guerra, para falsamente ajoelhar diante de falsos líderes, até que encontrassem o suporte que Faen-ari tanto necessitava. Eles não se importavam com quantos inimigos teriam que lidar, nem com quantas traições teriam que cometer, pois eles deviam lealdade apenas a um lugar, e em suas memórias jamais se apagaria a imagem do sol nascer ao horizonte da montanha.
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[Algumas observações: Daylen e Bram se tratam de personagens criados em um cenário próprio (que pode ou não vir a público), usando o sistema de D&D 5e. As imagens não representam os personagens em sua totalidade devido a fonte de retirada. De todo modo, a equipe Saving Throw RPG espera que você aprecie esse material e se inspire nele. Obrigado por estar conosco!]
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O PROFETA E O REI
Pelo escritor Dericky Henrique. Uma parceria entre O Herói que Existe em Nós e Saving Throw RPG
Para uma melhor experiência da sua leitura, ouça ao mesmo tempo, o PODCAST no fim desse conto.
Era o que parecia ser mais um dia comum em Gilgamesh, a nova capital do Império de Arkemenia. Nova, pois, a cidade de Ifrit foi deixada como um santuário, onde a Ordem do Fogo e Sangue, ordem de clérigos de Periett, se assentou, e criou uma cidade sagrada ao redor do lendário ente e artefato que dá nome a cidade.
Na capital o dia era ensolarado, a fila de cidadãos que desejavam ter com o regente para resolver conflitos e ou questões pessoais era extensa. Na sala do trono, haviam quadros com ilustrações das mais gloriosas vitórias de Arkemenia. Assim também, como grossas pilastras que sustentavam todo o aposento, e um soldado a frente de cada, totalizando quatro pares. As vidraças possuíam cores de tons quentes, que trazia ao lugar a sensação de ainda mais calor, o que era justo, estamos diante do herdeiro do deus das chamas da guerra. No centro do salão um tapete vermelho, que percorre toda a sala, desde as portas, até a escadaria que eleva o trono. E sentado em um trono feito de aço vulcanita, estava o, não mais Rei, e sim Imperador Gareth Eberhard.
Um homem com aparência jovial, porém madura. Barba cheia e bem-feita. Usava uma meia-armadura nobre e com qualidade suficiente para própria proteção, roupas elegantes e confortáveis. Cabelos a cortar e bem ajeitados sob a coroa. Em sua cintura, repousavam duas espadas, na esquerda a Ladra das Nove Vidas, e na direita a Draynuus, a espada de chamas púrpuras, dádiva da própria Ifrit.
No salão, além dos soldados, se encontravam um escriba à esquerda do imperador; e à direita Tallur, o principal conselheiro do Imperador.
Gareth se posicionava no trono de modo desleixado, como alguém que passou horas sentado, e preferiria estar em qualquer outro lugar, desde que não fosse ali. Então, com um cotovelo apoiado no trono, apoiava o rosto na palma de sua mão; enquanto que, com a outra mão fazia um gesto para o guarda liberar a entrada do próximo cidadão.
Pela porta entrava um jovem pastor de ovelhas. Pele escura de sol, rosto cansado de árduo trabalho e longa espera na fila do palácio. Roupas humildes de trabalhador campesino, entretanto, bem cuidada, como se escolhesse a melhor de suas vestimentas para a ocasião. Ajoelhou diante do imperador, e após a permissão para se levantar disse:
— Vossa Majestade, venho de modo humilde implorar por uma atitude de seus homens, em relação a uma praga que aflige as ovelhas de meu pasto.
O imperador lança um olhar para Tallur, e esse por sua vez entende o significado daquele olhar, que por muitas vezes fora repetido na última década. O olhar significava “situação insignificante e tediosa, resolva isso!”. De modo imediato, Tallur ordena ao escriba que anote suas ordens. Elas consistiam em enviar especialistas para a identificação da praga, e homens para a aplicação de tal resolução.
O jovem pastor é dispensado, e após agradecer e reverenciar o imperador, dá alguns passos de costas (pois não se vira as costas para um monarca), e se retira satisfeito.
Gareth bufa, como que entediado.
Novamente o gesto para que o próximo entre.
Desta vez quem adentra o salão é um senhor. Um homem que aparentava possuir uns 80 anos de idade. Postura um pouco corcunda, pele cheia de rugas, sem barba e longos cabelos grisalhos. Portava um bordão, suas vestes sacerdotais possuíam o símbolo de um dragão lançando fogo sobre um altar. Era o símbolo da Ordem do Fogo e Sangue.
Naquele momento, Gareth se ajeitou no trono, pois sentira um presságio que agitou profundamente seu ser. Não existia mais aquele homem de postura desleixada, que estava sentado naquele mesmo trono. Agora, havia alguém cujo os olhos ardiam como as chamas de uma batalha, as chamas da guerra.
O profeta fez menção de se ajoelhar, mas foi impedido.
— Não é necessário que se ajoelhe — Disse Gareth. — Um mensageiro de Periett será sempre tratado como um amigo da casa.
— Muito obrigado, Vossa Majestade — Disse o profeta. — Venho ter contigo devido a uma revelação que tive noites atrás, por meio de sonhos.
— Diga, qual é a revelação? Se for agradável, eu o recompensarei.
— Não desejo as recompensas de Sua Majestade, e também não pretendo responder-lhe à pergunta.
Houve silencio na sala do trono.
— Me responda o senhor, Sua Majestade — Disse o Profeta, levantando a voz. — O que tem feito com tamanho poderio nesses dez anos? O que o império significa para Sua Majestade? Por que não se levanta desse tão enfadonho trono, e vai brandir suas espadas em algum campo de batalha qualquer?
Gareth, como que acometido pela a presença de um dragão pela primeira vez, paralisa, e lembra de diversos acontecimentos que o faz refletir sobre as perguntas do profeta.
Lembrou-se dos inúmeros duelos que venceu, na retomada de controle do continente, enquanto Tallur se dedicava a acordos diplomáticos. Preferia derramar sangue, ao invés de se dobrar com as palavras.
Pois, ele fora gladiador, e não rei.
Também lembrou das batalhas nos campos, na busca de expulsar os últimos dos bárbaros e Touyas de Arkemenia. E também da elaboração de diversas táticas de guerra contra a rainha fada de Érion, Merildrin. Que o enganou, pois ela não matou irmão, nem sequestrou o pai de seu amigo e general, Sir Thomas Salem. Ela mentiu na intenção de colonizar o continente bárbaro, ao norte de Arkemenia. E conseguiu.
Pois, ele fora guerreiro, e não rei.
Lembrou-se também, da batalha final contra Enxofre e Jack Buffalo-Head. Uma noite, em um ritual profano, Jack trouxe de volta Enxofre do mundo dos demônios. A batalha foi difícil e sem precedentes. O cemitério fora destruído. Thomas e Butcher quase foram mortos, mas Gareth fez um acordo. Se ele poupasse a vida de seus companheiros, faria vista grossa para os pequenos negócios ilícitos no continente (não sabia da ainda existência de Clube dos Canalhas). E assim foi feito.
Pois, ele fora herói, e não rei.
Gareth teve duas filhas gemêas, Ellissa e Allyssa. E as treinou desde cedo, para que se protegessem. Hoje elas possuem 7 anos de idade. Para John Eberhard, seu primogênito e primeiro na linha sucessória ao trono, ele intermediou os cuidados e amizade de Trugothar, um dragão ainda bebê. No ritual de passagem para vida adulta, ele o presenteou com Agni, a espada de chamas infernais, que pertencia a seu antigo comandante e companheiro de batalha John (sem sobrenome, pois era cidadão de segunda categoria, e fora do Clube dos Canalhas). O nome de seu filho foi em sua homenagem.
Pois, fora pai e amigo, e não rei.
Gareth então entendeu o que o profeta queria dizer com aquelas perguntas.
— Agora você entende Gareth Eberhard — Disse o profeta, com um sorrisinho no rosto. — Você é herdeiro legitimo ao trono. Possui sangue, ainda que bastardo. Possui autoridade, ainda que como dádiva de Ifrit. Entretanto, não nasceu para governar. Você fora muitas coisas em sua vida, mas nunca rei. De fato, nunca governou.
Todos em absoluto silencio… então continuou o profeta:
— Vá lute, aqueça seu sangue, adore seu deus e pai no campo de batalha, saia do descanso. Porque, quando chegar novamente o tempo de descansar, você descansará para sempre.
O profeta então vira as costas, e avança lentamente em direção à saída. Os soldados notando a petulância e a falta de respeito para com a maior autoridade do império, lançam as mãos sobre suas armas, e esperam uma ordem de seu imperador, para que executem o profeta.
Gareth, ainda que sem notar, estava em pé. Sem reação. Sem saber como reagir. Mas sabia de uma coisa. Ele deveria preparar-se e preparar sua casa para sua partida, porque o tempo de derramar sangue estava voltando. E seu interior ardia por isso.
Pois, nasceu para derramar sangue, e não ser rei.
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O post O Profeta e o Rei [Contanto Histórias]- Episódio 1 – Conto de Estreia apareceu primeiro em Café com Zumbi.
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