Por Francesco Sammartano
A Ordem Maçônica desempenha o papel de guardiã da Chave que abre as portas da comunicação com o vasto universo do conhecimento, valendo-se da linguagem simbólica que caracteriza o esoterismo como uma herança ancestral. São os verdadeiros iniciados que, ao compreender a essência do Divino e estabelecer uma espécie de "troca" com ele, conseguem a "Chave" para adentrar o fascinante mundo do Espírito.
Rudolf Steiner, nosso Irmão, nos recorda que o Homem-Espírito vivencia, desde o nascimento, a posse de uma natureza tríplice: Astral (possuindo alma), Etérica (podendo usufruir de várias Vidas através da metempsicose) e Física (com um corpo associado em cada manifestação).
O homem iniciado, desenvolvido eticamente e alinhado com as Leis Morais, pode "acessar" a segunda natureza (a Esotérica), um reino que permanece impenetrável para o profano.
Será que nossa instituição pode realmente aspirar a se comunicar com as massas e esperar ser compreendida? A Loja, enquanto espaço limitado, representa um microcosmo, uma imagem do Universo. Quantos estariam dispostos a acreditar ou seriam capazes de compreendê-la?
É crucial reiterar que o "conhecimento fundamental" capaz de transformar o mundo deve permanecer "reservado", acessível apenas àqueles que demonstraram insensibilidade às personalidades profanas e guardaram zelosamente o "Conhecimento" confiado a eles. Dessa forma, o diálogo Exotérico na sociedade profana e o diálogo Esotérico entre os iniciados tornam-se necessários.
Cada Iniciado deve encontrar na Maçonaria o propósito de sua existência, embarcar na busca pelo Caminho que une o Céu e a Terra e ascender à verdadeira Luz da Verdade. Entretanto, essa jornada não está isenta de riscos, especialmente o constante perigo de se perder caso não tenha sido previamente moldado por uma cultura universal.
A partir do exposto, torna-se evidente que a Maçonaria, como Sociedade Iniciática, permanece fora da influência direta sobre a sociedade profana, reservando esse papel mediador ao Maçom que, impregnado eticamente e não mais uma Pedra Bruta, pode trabalhar de maneira significativa para o bem e o progresso de todos.
Uma sociedade iniciática não é um poço onde todos podem livremente se abastecer; ao contrário, é um local de educação da alma. Nos reunimos para construir templos à virtude, não para obter facilidades em nossas necessidades diárias.
A Maçonaria não se resume a uma entidade moral ou um clube filantrópico, embora trate de ética e filantropia. Temos o dever não apenas de ajudar uns aos outros, mas principalmente de defender qualquer indivíduo da injustiça.
Enquanto as sociedades profanas competem entre si para determinar e impor seus líderes, o mundo iniciático, composto por Pares, busca o Primus inter Pares confiando na "Levigação". A qualidade da escolha resultará em uma jornada mais suave ou mais áspera, dependendo de quanto o sujeito se deixou permear pela Arte Real.
A Maçonaria, enquanto escola de pensamento, possui o magnetismo necessário para atrair homens diversos que internalizaram a essência da total disponibilidade fraterna por meio do árduo exercício da Tolerância em benefício de todos.
Quando observamos de perto, percebemos que o único objetivo compartilhado por todas as associações misteriosas é a elevação do ser humano. Isso é significativo, especialmente considerando que a sociedade atual encoraja a competição desenfreada.
Portanto, as características essenciais para integrar uma sociedade iniciática como a nossa são a liberdade e a retidão moral: a primeira auxilia na distinção entre o sábio e o revolucionário, enquanto a segunda, baseada em princípios éticos universais, facilita a escolha do bem em detrimento do mal.
Assim, torna-se imperativo e essencial para a Maçonaria investir na formação de bons Mestres, pois deles podemos esperar a promulgação de leis boas e justas, protegendo os jovens de se tornarem presas fáceis para o mal.