O menino Jesus no templo!
Lucas 2:39-52
Os pais de Jesus José e Maria tinham o costume de ir a Jerusalém todos os anos para a festa da Páscoa. A lei dizia a todos os judeus para irem a Jerusalém três vezes ao ano para assistir às três grandes festas: Páscoa, Pentecostes e Tabernáculo (Ê x 23,14-17; 34,22, 23; D t 16,16). Mas com a dispersão dos judeus tornou-lhes impossível cumprirem literalmente esse mandamento. Muitos viviam a grande distância de Jerusalém para irem três vezes ao ano. Por isso tornou-se um costume de muitos assistirem uma vez ao ano. No caso de José e Maria, assim como de muitos outros, a festa escolhida era a Páscoa, a qual era celebrada para comemorar a libertação dos judeus da escravidão do Egito.
No fim da festa, pois, José e Maria se uniram à caravana que ia para o norte. Geralmente as mulheres e crianças viajavam na frente, os homens e os jovens vinham atrás. Na idade de 12 anos, Jesus podia entrar em qualquer categoria. Não obstante, ele não se unira aos que viajavam, mas ficou para trás em Jerusalém.
A princípio seus pais não notaram sua ausência. José poderia ter pensado: “Ele está na frente com Maria”. Maria poderia ter arrazoado: Ele ficou para trás, como geralmente a caravana se compunha de pessoas da mesma cidade ou de várias vilas vizinhas.
Na noite de cada dia de viagem, todo o grupo se reunia em um lugar previamente combinado. Assim, nesse caso, quando chegou a noite, e Jesus não apareceu, seus pais se sentiram preocupados.
Buscaram-no entre seus parentes e conhecidos e tiveram que voltar a Jerusalém.
E depois de três dias o encontraram no templo, assentado no meio dos mestres, ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas. Todos os que o ouviam ficavam atônitos. Quando seus pais o viram, ficaram perplexos. Sua mãe lhe disse: Filho, por que nos tratou dessa maneira? Na verdade, seu pai e eu o procuramos com angústia. Era natural que Maria, a que dera à luz este menino, fosse iniciar o diálogo.
É preciso ter em mente que, mesmo que José pudesse ser
chamado “pai” de Jesus — com a Maria o faz nessa passagem —, ele era seu pai apenas no sentido legal. Ele respondeu: por que vocês estão me procurando? Acaso não sabem que eu tinha de estar na casa de meu Pai? Note o contraste: “seu pai” ... (a casa de) “meu Pai”. Esse contraste conta toda a história. Dessa resposta fica claro que Jesus, mesmo com a idade de 12 anos, era profundamente cônscio da relação singular entre ele e seu Pai celestial.
Ele estava ciente de ter sido enviado pelo Pai, cuja vontade ele sempre obedece
“Não sabem [note o plural — vocês, José e Maria] que eu devia [tinha de] estar na casa de meu Pai?” Ainda que seja possível “nos negócios de meu Pai.
A questão gira em torno de onde José e Maria estiveram procurando por Jesus, não sabendo onde ele estava. É como se ele respondesse: “Na casa de meu Pai, é ali onde eu estava, e onde eu devia estar. Não sabiam disso?”
Esse fato mostra que toda sua vida estava controlada pelo divino “dever”, de cumprir a vontade de Deus que estava em completa harmonia com seus próprios desejos, desde da infância.
Quando são combinados os dois fatores expressos nos versículos 49 e 50 — (a) o fato de Jesus estar cônscio de ser o Filho de Deus num sentido único, e (b) o fato de compreender que José e Maria não o haviam entendido — o que se diz em seguida resulta muito mais surpreendente: então desceu com eles, veio a Nazaré e lhes prestou constante obediência. Ele não pediu para ficar mais tempo na casa de seu Pai.