Por isso [Cristo], ao entrar no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste; antes, um corpo me formaste; não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado. (Hb 10.5-6)
Os Evangelhos de Mateus e Lucas nos apresentam todo um elenco de personagens de Natal com os quais somos bastante familiarizados: José, Maria, os pastores, os sábios e assim por diante. Às vezes, até consideramos aqueles que são menos conhecidos, como Zacarias, Isabel, Ana e Simeão. A cada temporada de Natal que passa, provavelmente recebemos sermões e estudos da perspectiva de quase todos os membros do elenco. No entanto, há uma exceção notável: surpreendentemente, poucos de nós já ponderaram o Natal do ponto de vista de Jesus.
Neste versículo, o autor da carta aos Hebreus nos diz que, quando Jesus subiu ao palco da história, ele tomou as palavras do Salmo 40 em seus lábios. Assim como o sapatinho de cristal da Cinderela cabia apenas no seu pé, essas palavras não cabem em ninguém além de Jesus.
Deus estava se preparando para o primeiro Natal ao longo dos séculos do Antigo Testamento, pois todos os sacrifícios do Antigo Testamento eram meras sombras da realidade para a qual apontavam. Esses sacrifícios envolviam a morte de animais que precisavam ser empurrados para o altar. Eles não tinham escolha nessa questão; simplesmente eram pressionados a servir. Todavia, antes mesmo de experimentar a humanidade, Jesus sabia que o seu papel — seu sacrifício — seria diferente. Ele consentiu de bom grado. Na mais humilde das formas e em um cenário inesperado, Deus Filho assumiu um corpo que lhe havia sido preparado — preparado “[como] resgate por muitos” (Mt 20.28). Ele olhou para este mundo corrompido e seu povo pecador, e disse a seu Pai: Sim, eu irei para lá. Eu me tornarei um deles e morrerei por eles.
Pedro compreende o peso da morte de Cristo quando escreve: “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados” (1Pe 2.24). Jesus, sendo totalmente Deus e totalmente homem, veio a este mundo para fazer em seu corpo o que nenhum sacrifício animal poderia fazer: Ele suportou nosso castigo, purificou nossa consciência e estendeu a misericórdia divina. Ele realizou perfeitamente tudo o que é necessário para homens e mulheres pecadores entrarem em comunhão com Deus.
Isso é muito diferente da promessa da mera religião, na qual regras e esforços se tornam mecanismos fúteis para tentar subir ao céu. Em contraste, a mensagem da manjedoura é de misericórdia libertadora. Deus tomou maravilhosamente a iniciativa e veio nos resgatar por meio de Jesus. Não precisamos fazer uma longa jornada para encontrar a Deus, porque Cristo, o Rei recém-nascido, conhecia seu papel. Qual é a resposta certa? Simplesmente se curvar diante dele em humildade, louvá-lo de todo o coração e esperar por ele com expectativa durante todos os nossos dias.