O QUE É... SER LIVRE E DE BOA MORAL NA MAÇONARIA
Por Antônio Marcus de Melo Ferreira
A partir do momento em que alguém se torna um Maçom, ele terá que estar ciente de que haverá um longo caminho a percorrer. Podemos dizer que é um caminho sem fim. Ao longo desta jornada, há momentos bons e momentos ruins. Os bons devem ser usados como incentivo, e os ruins não podem ser motivo para desanimar e abandonar a jornada iniciada. A linguagem, ainda usada nas Lojas Maçônicas, diz que o Aprendiz Maçom é uma pedra bruta que deve ser cortada para se tornar uma pedra cúbica. Este é o início de sua jornada maçônica.
Os instrumentos básicos de viagem são conhecidos do maçom desde sua primeira instrução: a régua de 24 polegadas, o macete e o cinzel. Com o progresso, nós maçons recebemos outros objetos.
As ferramentas de trabalho, claro, são simbólicas. Todos os símbolos nos abrem portas, desde que não nos atemos apenas a definições morais. É na nossa 4ª instrução, que começamos a compreender os significados da nossa jornada maçônica, do espírito maçônico, que nos ensina, um comportamento original que não se encontra em nenhum outro grupo de homens. Se isso não for assumido, não se será um bom pedreiro, livre e de bom caráter.
O que significa "ser livre e de boa moral" na concepção maçônica?
Livre e de bons costumes implica que, embora todo homem seja livre no verdadeiro sentido da palavra, pode ser aprisionado por obstáculos sociais que o privam de parte de sua liberdade e o tornam escravo de suas próprias paixões e preconceitos. Assim, é desse jugo que ele deve se libertar, mas só o fará se tiver bons hábitos, ou seja, se já tiver, em sua personalidade, preceitos éticos (virtudes) bem fundamentados.
O ideal de homens livres e de bons costumes, ensinado por nossa sublime Ordem, mostra que a Maçonaria visa, desde os tempos mais remotos, o aperfeiçoamento espiritual e moral da Humanidade, lutando pelos direitos dos homens e, pela Justiça, pregando o amor fraterno, procurando unir esforços para um maior e mais perfeito entendimento entre os homens, para que se estabeleçam os laços indissolúveis da verdadeira fraternidade, sem distinção de raça nem de crenças, condição indispensável para que haja verdadeira paz e entendimento entre os povos.
Livre, palavra derivada do latim, designa em sentido amplo tudo aquilo que está livre de qualquer condição, constrangimento, subordinação, dependência, encargo ou restrição.
A qualidade ou condição de ser livre, assim atribuída a uma coisa, significa a liberdade de ação em relação a ela, sem qualquer oposição, que não se baseie em restrição legal e, sobretudo, moral. A consequência da liberdade é a liberdade, que é a capacidade de fazer ou não fazer o que se quer, de pensar como se quer, de ir e vir a qualquer lugar, quando e como se quer, de realizar qualquer atividade, qualquer coisa de acordo com o livre arbítrio, determinação da pessoa, quando não houver regra de proibição para o exercício do ato ou quando não houver princípio restritivo ao exercício da atividade.
É verdade que a Maçonaria é uma escola de aperfeiçoamento moral, onde nós, homens, nos aperfeiçoamos para benefício de nossos semelhantes, desenvolvendo qualidades que nos permitem ser cada vez mais úteis à comunidade. Não esqueçamos, porém, que de uma pedra impura nunca poderemos fazer uma brilhante, por maiores que sejam nossos esforços.
O conceito maçônico de homem livre é diferente, é muito superior ao conceito legal. Para ser um homem livre, não basta ter liberdade de movimentos, ir para cá ou para lá. A liberdade pertence ao homem que não é escravo de suas paixões, que não se deixa dominar pelas torpezas de seus instintos animais humanos. Não é um homem livre, não goza da verdadeira liberdade, é escravo dos vícios. Ele não é um homem livre dominado pelo jogo, que não consegue se livrar de suas tentações. Não é um homem livre que se afunda no vício, se degrada e se condena, sacrificando voluntariamente sua liberdade, porque seus instintos básicos prevaleceram sobre suas qualidades, anulando-as.
Um maçom é aquele que tem a força moral necessária para evitar todos os vícios que infamam, que desonram, que degradam. O ideal supremo da liberdade é livrar-se de todas as más propensões, livrar-se de todas as tendências condenáveis, deixar o caminho das trevas e seguir o caminho que conduz à prática do bem, que traz ao homem a perfeição intangível.
Sendo livre e, portanto, gozando da liberdade, o homem deve sempre pautar sua vida pelos preceitos da boa moral, expressão também derivada do latim e utilizada para designar o conjunto de regras e princípios impostos pela moral, que delineiam o padrão de conduta dos indivíduos em suas relações domésticas e sociais, de modo que estas se articulem de acordo com os nobres objetivos da própria vida humana.
Os bons costumes referem-se mais especificamente à honestidade das famílias, à modéstia dos indivíduos e à dignidade ou decoro social.
A ideia e o sentido dos bons costumes não se desviam da ideia ou do sentido da moralidade, pois os princípios que os regem nele se baseiam inequivocamente.
O bom pedreiro, livre e de bons costumes, não confunde a liberdade, que é um direito sagrado, com o abuso, que é um defeito; acredita em Deus, o ser supremo que nos guia para o bem e nos afasta do mal. O bom Maçom, livre e de bons costumes, é leal. Quem não é fiel aos outros é desleal consigo mesmo e trai seus compromissos mais sagrados; cultiva a fraternidade, porque é a base fundamental da Maçonaria, porque só pelo culto da fraternidade podemos alcançar uma humanidade menos sofrida; recusa reconhecimentos porque se satisfaz com o prazer de ter contribuído para fazer viver um semelhante.
O bom Maçom, livre e de bons costumes, não desanima, nunca desmorona, não se revolta com as derrotas, porque ganhar ou perder são contingências da vida humana, é nobre na vitória e sereno na derrota, porque sabe como triunfar sobre seus impulsos, para dominá-los, ele faz bem porque sabe que é apoiando os outros, sentindo suas dores, que nós melhoramos.
O bom pedreiro, livre e de bons costumes, tem horror ao vício, porque é o oposto da virtude, que ele deve cultivar; é amigo da família, porque é a base fundamental da humanidade; tem qualidades morais para ser maçom, não humilha os fracos, os inferiores, porque isso é covardia, e a Maçonaria não é refúgio de covardes; ele trata os outros fraternalmente para não trair seus juramentos de fraternidade; não se desvia do caminho da moralidade, pois quem dele se desvia é incompatível com os objetivos da Maçonaria.
O bom maçom, o verdadeiro maçom, não se envaidece, não ostenta as suas qualidades, não vê na ajuda ao próximo um gesto excepcional, porque é um dever de solidariedade humana cuja prática é divertida. Ele só promete o que pode cumprir. Uma promessa quebrada pode causar inimizade. Ele não odeia, o ódio destrói, apenas a amizade é construída.
Finalmente, o verdadeiro Maçom, não investe contra a reputação dos outros, porque fazê-lo é trair os sentimentos de fraternidade. O maçom, o verdadeiro maçom, não tem apego ao ofício, pois é para cultivar a vaidade, sentimento mesquinho, incompatível com a elevação de sentimentos que o bom maçom deve cultivar.
Os vaidosos buscam posições em que se destaquem; Os verdadeiros maçons buscam um trabalho que traga a Maçonaria à tona.
O valor da existência de um maçom é julgado por suas ações, pelo exercício do bem.