radioAmor

“o que estás a fazer?” nada.


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Olá,

bem vindos,

hoje com a responsabilidade adicional de ter pessoas novas aqui na casa e de não as querer defraudar. Com o follow/unfollow do instagram já aprendi a lidar, o unsubscribe não quero conhecer e, sinceramente, não há maior privilégio digital do que este de ser recebido na caixa de email de alguém. Sabem porquê?

Recebemos tantas mensagens que, autorizar mais alguém a enviar-nos alguma coisa é depositarem em nós grande confiança, quase um acto de amor. E, por isso, estou grata.

Sobretudo porque aprendi a fazer o declutter digital que começa com o email. Correndo o risco de perder contactos, a cada cinco anos renovo este serviço, seja limpando a casa sem dó nem piedade, seja criando um novo endereço para começar de novo. Se no email profissional não o podemos fazer, no email pessoal podemos tudo. T U D O. Começamos por gravar os contactos e descarregar mensagens ou conteúdos importantes e, a seguir, delete. D E L E T E. Assim mesmo. Só custa a primeira vez e, se algum contacto relevante se perder, nos dias de hoje há forma de o recuperar.

Por isso, bem vindos e deixem-se ficar porque por aqui falo de quase tudo o que não cabe no instagram, de forma ainda mais pessoal e próxima, porque sei que estou a falar para quem me quer ouvir e não apenas com quem comigo se cruzou, como quem vai a passar. Hoje o tema é não fazer nada e tantos outros que me estão na cabeça, porque isto de não fazer nada deveria ser incluído na agenda. Não fazer nada porque precisamos cada vez mais de um tempo para o reset, e há algo de revolucionário no processo de não fazermos nada, assumir que não vamos fazer nada, e nada fazer.Quanto tempo aguentas?Eu começo: muito pouco.

Hoje estou um pouco eléctrica, resultado de uma semana na qual perdi a noção do tempo e dos dias, porque não é todos os dias que o nosso livro chega às livrarias e que nos entram novos seguidores no perfil de instagram, que recebemos encomendas do nosso livro, que enviamos as que já tinham sido feitas, que assinamos e escrevemos dedicatórias, que damos entrevistas e fazemos directos, e que ainda temos de conseguir lidar com uma escola pública que desilude constantemente e uma DGS que emite comunicados baratos, que nada acrescentam ou resolvem o problema cada vez maior da obesidade infantil e da literacia alimentar. Somos muitos sem saber o que comer, porque não conseguimos interpretar as mensagens confusas em torno do saudável ou analisar as embalagens mascaradas de bio e vegan que, na verdade são tão más quanto as outras, apenas nos dão a ideia de que estamos a fazer algo por nós e o meio ambiente. Sobre isto, a DGS não fala. Ou fala muito pouco e eu levantei a lebre neste artigo para a Sábado. Para os recém-chegados, todas as semanas escrevo para esta revista, podem ir acompanhando aqui.

Sobre a escola pública há muito a dizer e vou guardar isso para outro dia porque gosto de refinar o meu mau estar, pensando bem sobre o tema e sob todos os prismas possíveis. Hoje, para ser educada, só me apraz dizer que é uma desilusão.

No Twitter dispenso essa eloquência e digo o que penso, como penso.

Espreitem aqui

Sobre o não fazer nada, tudo se resume ao verbo parar e perceber que podemos ser mais produtivos trabalhando menos. Esqueçam as situações de exceção (estou a atravessar uma…) e pensem se não é possível trabalharem bocadinho menos…

Como querem olhar para a vossa vida e o vosso trabalho?

Querem dizer que não têm vida? Agora que trabalhamos à distância (ou quase, vá), não será o momento certo de olhar para a nossa produtividade e tomarmos as rédeas à forma como produzimos?

Experimentem, por exemplo, não trabalhar à sexta feira à tarde, preparem o terreno e assumam esse compromisso durante 21 semanas. Se precisamos de 21 dias para adquirir um hábito, então, pela lógica, precisaremos de 21 semanas para que esta experiência faça sentido. E se não o podem fazer, experimentem, por exemplo, não atender o telefone, não marcar reuniões e concentrarem-se no trabalho sem distracções. Sejam flexíveis, mas firmes, na vossa decisão. E se um dia por semana é demais, experimentem um dia por mês, mas comprometam-se a fazer algo por vocês, porque não fazer nada é o melhor que podemos fazer para fazermos mais.

Agora vou ali não fazer nada e volto para a semana. Beijos e deixem-se ficar 💋💋



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radioAmorBy Paula Cordeiro