Nascido em Belo Horizonte em janeiro de 1952, Salomão Borges Filho era o sexto da prole de 11 do jornalista Salomão Magalhães Borges e da professora Maria Fragoso, a Dona Maricota. Mais conhecido como Lô Borges, foi um dos fundadores do Clube da Esquina, o famoso grupo de artistas mineiros que transformou a música do Brasil, ao misturar MPB, rock, jazz e poesia. Inspiradas na psicodelia dos Beatles, suas canções trouxeram melodias experimentais e referências nacionais que vão das letras aos acordes. Além de Lô, participavam do clube nomes como Milton Nascimento, Beto Guedes e Toninho Horta. Eles se reuniam para conversar, ouvir música e compor. Faziam isso no cruzamento da rua Divinópolis com a Rua Paraisópolis, no bairro Santa Tereza, de Belo Horizonte (MG). É daí que veio o nome Clube da Esquina.
Dono de uma das carreiras mais célebres da MPB, Lô Borges, teve uma trajetória marcada por parcerias inesquecíveis desde o início de sua incursão na música. A começar por Milton Nascimento, com quem ele fundou o Clube da Esquina. Lô Borges conheceu Milton Nascimento na escada do prédio onde morava. Os dois não só criaram uma amizade (que se estendeu a Márcio, irmão mais velho de Lô) como também uma parceria artística e um movimento cultural que reuniu toda uma geração de músicos mineiros. Aos 20 anos, Lô Borges já assinava canções com Milton Nascimento no álbum duplo Clube da Esquina (1972), obra coletiva que também apresentou músicos como Márcio Borges, Fernando Brant, Ronaldo Bastos, Beto Guedes, Wagner Tiso e Toninho Horta. O legado do compositor inclui clássicos da MPB como O Trem Azul, Paisagem da Janela e Um Girassol da Cor do Seu Cabelo, que influenciaram gerações. Símbolo de liberdade criativa, Lô Borges traçou uma carreira cuja influência atravessa gerações há décadas. Cantor, compositor, instrumentista e produtor, ele foi peça-chave para a renovação da cena musical brasileira dos anos 70.
Infelizmente, a música brasileira perdeu um de seus maiores talentos. Lô Borges nos deixou na noite de domingo (2/11/25), aos 73 anos, em Belo Horizonte, em decorrência de falência múltipla de órgãos. O artista havia sido internado no dia 17 de outubro, após sofrer uma intoxicação por medicamentos em casa. Desde então, seu estado de saúde inspirava cuidados.
Com mais de 50 anos de carreira, sua obra inspirou artistas de diferentes gerações. Ele se tornou uma das principais referências da mesclagem entre emoção e experimentação. Sua parceria com Milton Nascimento e outros nomes do Clube da Esquina transformou a música brasileira e deixou um legado que atravessa décadas.