Francisca Edwiges Neves Gonzaga, ou simplesmente Chiquinha Gonzaga (1847 – 1935), foi uma mulher à frente de seu tempo em vários aspectos. A artista quebrou tabus ao se consagrar como uma musicista reconhecida tanto por obras eruditas como por composições populares, que caíram no gosto dos brasileiros. Sem contar que ela foi a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. Mulher e mestiça, enfrentou todos os preconceitos da sociedade patriarcal e escravista para se firmar como pianista, compositora, regente e, por fim, líder de classe em defesa dos direitos autorais. Sua obra é estimada em trezentas composições, incluindo partituras para dezenas de peças teatrais. Precursora em várias frentes, Chiquinha foi a primeira mulher a compor para o teatro nacional. Autora de polcas, tangos e valsas de sucesso desde que estreara, em 1877, Chiquinha Gonzaga desenvolveu atividade intensa como compositora de partituras para os palcos populares a partir da década de 1880.
Chiquinha Gonzaga teve seu trabalho reconhecido em vida, sendo festejada pelo público e pela crítica. Personalidade exuberante, ela foi dos compositores brasileiros a que trabalhou com maior intensidade a transição entre a música estrangeira e a nacional. Com isso, abriu o caminho e ajudou a definir os rumos da música propriamente brasileira, que se consolidaria nas primeiras décadas do século XX. Atravessou a velhice ao lado de João Batista Fernandes Lage, carinhosamente chamado de Joãozinho, e a quem se agradece a preservação do seu legado musical.
Chiquinha Gonzaga morreu no Rio de Janeiro, aos 87 anos, em 28 de fevereiro de 1935. A importância de Chiquinha Gonzaga para a música nacional foi reconhecida também por lei. A partir de 2012, na data do nascimento da artista, 17 de outubro, passou a ser comemorado o "Dia da Música Popular Brasileira".