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'O sangue jorrava do meu supercílio. 'Molhou a minha camisa toda.''Tentaram me segurar no banco.''Empurrei todo mundo'E entrei em campo assim mesmo.''Era o Corinthians decidindo título. ''Nada era mais importante para mim.'Essas frases resumem o homem que mudou a história do clube mais popular, que melhor representa a população sofrida deste país.'Era capaz de dar a vida para o Corinthians em campo. Joguei com joelhos inchados, infiltrados. Tornozelos arrebentados. Mas nada me segurava. 'Sabia a minha missão, o privilégio de ser capitão do time do meu coração. Do coração do meu pai. De milhões de pessoas que só tinham alegria na vida quando o Corinthians ganhava. Não iria dar tudo em campo? Foi paixão, consciência do que eu representava. Era muito mais do que apenas raça. Eu representava cada corintiano em campo. Os que não deixavam de comprar comida em casa para gritar pelo time no Pacaembu. Dei o máximo de mim. E as pessoas sabem."Aos 76 anos, se emociona como se tivesse saído do Pacaembu há cinco minutos. Com as pernas raladas pelos carrinhos. O corpo moído das inúmeras dividias, muito maldosas que sofria. O físico privilegiado, que lembrava um boxeador, dava licença poética para os adversários baterem muito nele. Joelhos e tornozelos sempre saiam doloridos. Mas com o sorriso escancarado, ciente que fez tudo pelo Corinthians.'A sua gana em campo influenciou para sempre o Corinthians.'O Corinthians virou o Corinthians da raça, da luta, por causa dele.' A definição é de Roberto Rivellino. A torcida quer, desde que ele surgiu, que o time tenha onze 'Zé Marias', capazes de darem a alma e o coração pelo time. O amor dos torcedores pela raça, garra, maior do que pela técnica, nasceu com ele.Sua carreira foi espetacular. É um roteiro pronto para documentário, série, livros. 'Tive a maior derrota e a maior vitória da história do Corinthians. Vivi a invasão ao Rio, contra o Fluminense. E milhões de situações."Começando pelo espinho. 'A final do Paulista de 1974. Iríamos quebrar o jejum de 20 anos sem títulos sobre o grande rival. Mas perdemos. Vi o Rivellino ser massacrado. Eu pensei em parar de jogar, tamanho meu desespero", revela. Agora as flores. 'A invasão da torcida corintiana ao Maracanã, na semifinal de 76 foi fabulosa. O estádio virou corintiano contra o Fluminense. Que vitória.' E a alegria das alegrias. ''Vencer o título em 1977 foi a maior felicidade da minha vida. Foi libertar milhões do sofrimento. A emoção para mim foi arrebatadora. Cumpri minha missão nesta vida.'Tricampeão do mundo com a Seleção, quarto em 1974. Mas sua identificação é com a camisa e meias brancas. E calção preto.Seu busto está, com toda justiça, no Parque São Jorge.Zé Maria dá orgulho a quem ama o futebol.Seja corintiano ou não...Viva o Super Zé!
By Cosme Rímoli'O sangue jorrava do meu supercílio. 'Molhou a minha camisa toda.''Tentaram me segurar no banco.''Empurrei todo mundo'E entrei em campo assim mesmo.''Era o Corinthians decidindo título. ''Nada era mais importante para mim.'Essas frases resumem o homem que mudou a história do clube mais popular, que melhor representa a população sofrida deste país.'Era capaz de dar a vida para o Corinthians em campo. Joguei com joelhos inchados, infiltrados. Tornozelos arrebentados. Mas nada me segurava. 'Sabia a minha missão, o privilégio de ser capitão do time do meu coração. Do coração do meu pai. De milhões de pessoas que só tinham alegria na vida quando o Corinthians ganhava. Não iria dar tudo em campo? Foi paixão, consciência do que eu representava. Era muito mais do que apenas raça. Eu representava cada corintiano em campo. Os que não deixavam de comprar comida em casa para gritar pelo time no Pacaembu. Dei o máximo de mim. E as pessoas sabem."Aos 76 anos, se emociona como se tivesse saído do Pacaembu há cinco minutos. Com as pernas raladas pelos carrinhos. O corpo moído das inúmeras dividias, muito maldosas que sofria. O físico privilegiado, que lembrava um boxeador, dava licença poética para os adversários baterem muito nele. Joelhos e tornozelos sempre saiam doloridos. Mas com o sorriso escancarado, ciente que fez tudo pelo Corinthians.'A sua gana em campo influenciou para sempre o Corinthians.'O Corinthians virou o Corinthians da raça, da luta, por causa dele.' A definição é de Roberto Rivellino. A torcida quer, desde que ele surgiu, que o time tenha onze 'Zé Marias', capazes de darem a alma e o coração pelo time. O amor dos torcedores pela raça, garra, maior do que pela técnica, nasceu com ele.Sua carreira foi espetacular. É um roteiro pronto para documentário, série, livros. 'Tive a maior derrota e a maior vitória da história do Corinthians. Vivi a invasão ao Rio, contra o Fluminense. E milhões de situações."Começando pelo espinho. 'A final do Paulista de 1974. Iríamos quebrar o jejum de 20 anos sem títulos sobre o grande rival. Mas perdemos. Vi o Rivellino ser massacrado. Eu pensei em parar de jogar, tamanho meu desespero", revela. Agora as flores. 'A invasão da torcida corintiana ao Maracanã, na semifinal de 76 foi fabulosa. O estádio virou corintiano contra o Fluminense. Que vitória.' E a alegria das alegrias. ''Vencer o título em 1977 foi a maior felicidade da minha vida. Foi libertar milhões do sofrimento. A emoção para mim foi arrebatadora. Cumpri minha missão nesta vida.'Tricampeão do mundo com a Seleção, quarto em 1974. Mas sua identificação é com a camisa e meias brancas. E calção preto.Seu busto está, com toda justiça, no Parque São Jorge.Zé Maria dá orgulho a quem ama o futebol.Seja corintiano ou não...Viva o Super Zé!