Gilmar; Zé Teodoro, Oscar, Dario Pereyra e Nelsinho; Márcio Araújo (Falcão ), Silas e Pita; Muller, Careca e Sidney. O inesquecível time dos Menudos. Comandado por Cilinho. Equipe inesquecível. Inúmeros historiadores garantem que foi a melhor da história do São Paulo.
"E eu acredito. Nós combinamos de uma maneira espetacular. O Cilinho foi quem montou e treinou esse time. Se a equipe não fosse desmanchada, ganharíamos muitos títulos. Mas foi impossível. O assédio de outros clubes poderosos acabou levando os jogadores. Mas foi muito especial enquanto durou."
A revelação foi feita por quem era o 'motor' do time. O jogador 'europeu', muito à frente do seu tempo. Talentoso com a bola nos pés, com visão de jogo diferenciada, mas capaz de fazer várias funções táticas, marcar o adversário, começar os contragolpes, tabelar, lançar e marcar muitos gols.
O entrosamento com Pita, Careca, Muller e Sidney chamou mais a atenção pelo poder ofensivo. Jogadores talentosos, cada um com seu estilo. Venceram juntos, dois Paulistas e um Brasileiro. Impressionaram o futebol deste país. "O Cilinho já treinava intensidade, marcação alta, ataques em bloco, dividia o time em triângulos. Tudo era revolucionário. O Pepe foi muito esperto que, quando assumiu, não mexeu na nossa maneira de jogar. E continuamos a ganhar. Foi tudo ótimo. Até que Careca foi vendido. Depois foi o Muller. Eu. E o sonho acabou. Mas se a equipe fosse mantida, tinha todas as condições de seguir vencendo, conquistando. Se se focasse, talvez até ganhasse antes o Mundial para o São Paulo."
Silas não foi só campeão do mundo sub-20. Foi o melhor do Mundial. Seu talento logo foi percebido pelo Sporting. De lá, foi jogar no Cesare. E, em um caso raríssimo, caiu com a equipe italiana. Mas, em seguida foi contratado pela Sampdoria, campeã italiana, no mesmo ano de rebaixamento de sua equipe. Foi vice-campeão da Champions, perdendo uma decisão apertada para o Barcelona, por 1 a 0.
Polivalente e técnico. Impressionou até mesmo Zico, que ao deixar a Seleção na Copa de 1986, o escolheu para vestir a camisa 10 em 1990. Ganhou experiência na reserva no México e depois de disputar todas as Eliminatórias como titular, ganhando até a Copa América, Lazaroni o tirou do time na Copa da Itália. A confusão dominou a caminhada da Seleção, com um grave problema de patrocínio. Os jogadores souberam que a Pepsi iria pagar 4 milhões de dólares ao time, se fosse campeão. A CBF avisou que seria só um milhão. Os atletas ficaram revoltados. Tanto que é famosa a foto oficial tapando o logotipo da empresa.
'Tínhamos uma excelente Seleção. Pena que as coisas não deram certo", lamenta Silas, que ostentava a camisa 10, herdada de Zico e que revoltava a então poderosa imprensa carioca.
Silas voltou para o Brasil. Ganhou a primeira Copa do Brasil pelo Internacional. Ganhou o Carioca pelo Vasco. Passou pelo Kashiwa Reysol.
Mas resolveu fazer história na Argentina. No San Lorenzo. Venceu o preconceito que os argentinos têm em relação ao jogador brasileiro, que é considerado pouco competitivo, não gosta de treinar, 'some' quando a marcação é mais forte, individual. Ele fez exatamente o contrário. Mostrou todo seu talento e responsabilidade em campo. Virou o grande líder da equipe. Foi a estrela absoluta no fim de jejum de 22 anos sem títulos. Virou um dos maiores ídolos da historia.
"Fui muito feliz no San Lorenzo, que tem uma torcida mais que apaixonada. Ser campeão foi uma loucura. Mas a grande emoção foi quando eu fiz um gol contra o River Plate que o Maradona disse que ele trocaria pelo que fez contra a Inglaterra."
Silas teve uma passagem marcante como treinador, principalmente no Avaí. Ganhou seis títulos. No Avaí, Grêmio, Al-Arabi, Al-Garafa e Ceará. Mas desistiu da carreira. 'É estressante demais. O desgaste físico e psicológico não compensa.'
Se tornou um dos melhores comentaristas de futebol do país, na ESPN.
A entrevista de Silas foi profunda, sincera, emocionante.
Excepcional, como ele em campo...