Porto Alegre. 19 de novembro de 2020. Um dia normal. Homem negro assassinado na porta de um hipermercado já conhecido por sua brutalidade. A normalidade de um país racista é essa: a morte contínua de seu povo pobre e racializado. Neste 20 de novembro, dia da consciência negra, em homenagem ao grande Zumbi dos Palmares, dedicamos esse episódio do Petcast História UEPG a João Alberto, brutalmente assassinado em uma unidade porto-alegrense dos mercados Carrefour e todos aqueles que nesses 520 anos de história continuam a serem assassinados pelo Estado e pela classe dominante racista que aqui se instaurou. Não nos iludamos, tal caso é sintoma da normalidade, do projeto de nação que aqui se consolidou no Brasil, um projeto feito por e pelas oligarquias que buscam alijar qualquer participação popular das decisões políticas brasileiras fundamentais e exercício da abstrata cidadania. Marielle perguntou e nós precisamos perguntar “Quanto mais terão que morrer para essa guerra acabar?”. Professor Luiz Antônio Simas diz e nós temos que concordar “o Brasil precisa dar errado”, no sentido de que toda essa estrutura de poder calcada no racismo, na superexploração da nossa força de trabalho, no patriarcado, no ecocídio, precisa falir. Precisa para que nosso povo possa: viver.
No episódio de hoje, contamos com a presença de Douglas Rodrigues Barros é filósofo formado pela UNIFESP, mestre em filosofia, é doutorando pela mesma universidade com a tese Hegel e automovimento do conceito de trabalho”, autor do livro “Lugar de negro, lugar de branco? Esboço para uma crítica à metafísica racial” publicado em 2019 pela editora Hedra, além de mais dois livros ficcionais: “Os terroristas?” pela editora Uratau e “Cartas estudantis” pela multifoco. Douglas sempre esteve envolvido com a lutados movimentos negros no Brasil e tem desenvolvido uma série de projetos na área da comunicação política nos últimos meses. Convidamos para se juntar a nós como entrevistador o estudante de história Juliano Lima que faz parte do coletivo de estudantes negros da UEPG “coletivo Ilê Ayiê”.