Uma das canções que meu pai cantava divinamente era "Sonhos de um Palhaço", de Antônio Marcos. Ela fala de como a graça do palhaço é muito baseada em achar o ridículo na própria tragédia. É uma das situações em que o público ri com e da pessoa, ao mesmo tempo. O limite entre o trágico e o cômico é, por vezes, muito sutil. Essa estética pierrot é o que torna o "Loki?" um dos discos mais fascinantes que existem. Um dia você pode escuta-lo e se divertir ao ponto de gargalhar; no outro, te sensibiliza com a sua incrível beleza; em outro, te faz chorar de tristeza. Esse álbum é a prova que a arte não tem valor objetivo, mas é um produto das experiências, afetos, interpretações, sensibilidades e relações. Não só depende de quem a aprecia, mas de como, quando e porque ela é apreciada. Essa semana, os cilibrinos pra lá, Gigola, Jéssica e Daniboy, refletem se vão virar bolor ou não, analisando um dos discos mais desafiadores que já passaram pelo PodCália.