A música tem forma, como é o requisito de toda obra de arte; mas é também matéria e todo compositor se usa dela, pensando dessa forma para compor suas músicas. O compositor molda a música como um modelador modela a sua obra para por fim chegar ao resultado desejado. Há músicos que não pensam dessa forma e eu percebo que isso complica muito sua compreensão dele sobre a música, deixando todo o seu entorno com um ar de abstração, o que não é correto. A música é matéria, e como escreveu Camões: "...assim como a matéria busca a forma..."; ou seja, toda matéria tende a buscar sua forma, pois faz parte do "ser" da mesma.

A dicção está para a clareza dos sons como o apoio está para a sustentação de todos os sons, seja na voz falada, na voz cantada ou mesmo em um instrumento de sopro. Em toda a literatura que eu já  tive contato, não vi em nenhuma, relação entre essas duas coisas, porém vejo não só uma ligção direta entre as duas, como vejo também dependencia entre elas, na contruçãpo da voz cantada e falada.

Este áudio é de um dos vídeos postados no Instagram e Facebook, onde conto a história de uma das minhas música e foi algumas dicas de composição, além de muitas outras coisas.

Vou contar pra você como é o meu processo criativo, como eu normalmente componho as minhas músicas, mas vou contar a história de uma em especial. Uma música que fiz para a Dorinda Clark! Uma das minhas inspirações, uma das melhores e mais criativas cantoras da atualidade e minha grande referência. Fiz essa música à partir de uma melisma que ela fez em uma masterclass. 

A mais bela das vozes de todos os tempos, Ella Fitzgerald inspirou uma geração inteira de bons músicos e deixou um biraco no mundo da música que jamais será preenchido. Dona de um tmbre lindíssimo que nunca desafinava, ouvido absoluto para somar com a sua precisão musical e exibir sua extensão vocal de quase 5 oitavas. Mas interessante mesmo era o fato de Ella não ter estudado música a não ser para passar na escola. Depois disso sua escola foram os músicos que a acampanhavam. 

Poucas coisas me faz perder o interesse em um cantor, quanto ouvir quem canta sempre do mesmo jeito, fazendo sempre as mesmas melismas, usando sempre a mesma interpretação ou ainda usando as mesmas técnicas em todas as músicas. Não seja um cantor limitado, use as suas técnicas de acordo com o que a música está pedindo no momento, porque a música é viva. Então, acontecem coisas espontaneamente na medida em que a música acontece. Eu dei algumas dicas e muitos exemplos neste episódio. Acho que foi o que eu mais cantei até aqui; espero ajudar você de algum modo com todas essas coisa.

Neste episódio, falo do "Plano Puramente Musical", o último separado pelo autor Aaron Copland no seu livro "Como Ouvir e Entender Música". Este "plano" é onde as notas existem, onde as notas são manipuladas, como alguém que manipula uma matéria porque a música é também matéria e pode ser manipulada neste sentido. Para entender melhor essas e muitas outras coisas, ouça este episódio.

Neste episódio tratei do  segundo ponto levantado pelo compositor Aaron Copland, que é o plano Expressivo, ou seja a música e o significado que ela carrega, sobre o que ela fala, qual é a qualidade das coisas que ela fala e sobre o seu conteúdo. Falando assim, parece ser bastante subjetivo, mas se ouvir este episódio, irá entender que a música tem sim um significado e principalmente que você pode entender-lo!