Share Programa Ficha Técnica
Share to email
Share to Facebook
Share to X
By Programa Ficha Técnica
The podcast currently has 21 episodes available.
Em sua vigésima primeira edição, o Programa Ficha Técnica traz como tema o disco "Acústico MTV", da banda Cidade Negra.
Criação/produção/apresentação: Larissa Campos/Raul Fortes
Edição: Luciano Campbell
Em sua vigésima edição, o programa Ficha Técnica apresenta informações e canções do disco "Lado B, lado A", da banda O Rappa.
Criação, produção e apresentação: Larissa Campos/Raul Fortes
Edição: Luciano Campbell
O tema da décima nona edição do Programa Ficha Técnica é o disco "Com você meu mundo ficaria completo", da Cássia Eller. A produção do disco é do cantor Nando Reis.
Criação/produção/apresentação: Larissa Campos
Edição: Luciano Campbell
A décima oitava edição do Programa Ficha Técnica tem como tema o disco "Os Afro-Sambas", de Vinicius de Moraes e Baden Powell.
Produção/Criação/Apresentação: Larissa Campos/Raul Fortes
Edição: Luciano Campbell
A décima sétima edição do Programa Ficha Técnica traz uma análise sobre o disco "Nó na orelha", do rapper Criolo.
Produção/criação/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes
Edição: Luciano Campbell
Como descobri Criolo
Acho que demorei para conhecer o rapper Criolo, assim como deve ter acontecido com várias pessoas. Mas a ocasião em que o conheci ficou gravada na minha memória.
Faz um tempo que adquiri o hábito de pesquisar bandas e cantores novos. Isso se transformou em uma rotina na minha vida. Volta e meia faço uso do “Radar de novidades” do Spotify e outros canais e neles encontro algumas pérolas.
Cheguei até Criolo num desses trabalhos de busca musical. O ano era 2011 e, ao navegar pelo Youtube, encontrei uma versão diferente da música “Cálice”, composta por Chico Buarque e Gilberto Gil.
A versão, que me arrebatou imediatamente, começava em tom de provocação: “Como ir pro trabalho sem levar um tiro, voltar pra casa sem levar um tiro”. Mas além das indagações sobre violência urbana, outros trechos da versão me deixaram reflexiva.
“Os saraus tiveram que invadir os botecos, pois biblioteca não era lugar de poesia. Biblioteca tinha que ter silêncio e uma gente que se acha assim muito sabida”. Nesses versos, a mensagem clara de que é preciso democratizar a cultura, o conhecimento, afinal, eles podem salvar almas.
A versão de “Cálice” escrita por Criolo é um hino da favela, da periferia e dos perigos que seus moradores enfrentam. Pensando nisso, Criolo canta: “Pai, afasta de mim a biqueira, afasta de mim as biate, afasta de mim a cocaine, pois na quebrada escorre sangue, pai”.
Depois de assistir o vídeo com a versão de Cálice, comecei imediatamente a procurar outros trabalhos de Criolo e sigo acompanhando o rapper. Além do trabalho musical expressivo que desenvolve, Criolo também não foge das discussões e posicionamentos políticos, bastante importantes nos trabalhos mais recentes do cantor, como Boca de lobo e Etérea.
Hoje, ao lembrar da primeira vez em que ouvi a versão de Criolo para Cálice, lembrei de imediato de um verso em que o rapper fala “Me chamo Criolo, o meu berço é o rap, mas não existe fronteira pra minha poesia, pai”. De fato, Criolo permanece fiel às origens, mas o trabalho dele se expande, cresce e ultrapassa mais e mais fronteiras.
A décima sexta edição do Programa "Ficha Técnica" tem como tema o disco "O tempo não para", do cantor Cazuza.
Criação/produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes
Edição: Luciano Campbell
A décima quinta edição do Programa Ficha Técnica tem como tema o disco "À flor da pele", de Ney Matogrosso e Raphael Rabello.
Criação/Produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes
Edição: Luciano Campbell
A décima quarta edição do Programa Ficha Técnica tem como tema o disco "Tribalistas", de 2002.
Criação/produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes
Edição: Luciano Campbell
Mi casa, su casa
As batidas na porta eram certeiras. Ninguém batia daquele jeito. Ela já conhecia até mesmo o jeito como ele chegava, manso, quieto, sem anúncios. Sempre preparava algo para recebê-lo e, mesmo que ele não quisesse comer, ela insistia. Havia sempre um suco ou chá para acompanhar.
Com aquelas visitas, no meio da tarde, ela sentia a vida mais leve, mas não era apenas isso. Sentia também um carinho, um cuidado e a vontade de dividir o tempo (precioso tempo) com aquela pessoa que, no fundo, ela nem conhecia direito. Ou será que conhecia?
Quando ele vinha, o tempo sempre corria mais rápido. No entanto, independente do tempo disponível, havia sempre aquela sensação de paz, de entrega e tudo o que acontecia era acompanhado pelos doces passos da naturalidade.
Fosse num domingo à noite ou numa atribulada tarde de quarta-feira, algumas coisas sempre estavam presentes. Entre elas, o cheiro de lavanda francesa e as batidas fortes, aceleradas, do coração dela. Saber que ele estava a caminho já era motivo de alegria, mas não adiantava: quando ele batia à porta, o coração pulava no peito.
O sonho dela era que, um dia, ele viesse para dormir, passar a noite, ficar mais tempo, sem se preocupar com o tempo. A vontade dela era tê-lo mais perto e, isso, ela nunca escondeu. Mas havia situações, impedimentos, fatores, ponderações que tornavam aquele sonho muito distante. Impossível?
Um dia ele avisou que viria mas, provavelmente, não seria para dormir. Mesmo assim, ela ficou feliz. Providenciou algo para comerem, colocou umas bebidas para gelar e arrumou o apartamento, enquanto ouvia “Passe em casa”, dos Tribalistas.
Esperou durante toda a noite. Ele não apareceu. Quando o sono chegou, a encontrou impaciente e aflita, para combinar com a música que ela tanto havia escutado aquele dia. Caminhou até a cama e dormiu pesado, triste, mas resiliente.
Na madrugada, enquanto ela dormia, ele chegou. Tinha uma cópia da chave e entrou com cuidado, sem fazer barulho. Tomou água gelada, tirou os sapatos, apagou as luzes e deitou ao lado dela, que nem mesmo se mexeu. Dormia um sono profundo.
Ele a abraçou. Sentiu a paz que o corpo dela emanava, a sensibilidade, a tranquilidade. Porém, ele também sentiu o cansaço daquele corpo, a angústia e, sobretudo, a esperança de quem passou tanto tempo à espera daquele amor.
Na décima terceira edição, o programa Ficha Técnica apresenta o álbum "Somos som", da cantora mato-grossense Karola Nunes.
Criação/produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes
Edição: Luciano Campbell
A décima segunda edição do Programa Ficha Técnica tem como tema o disco "Rap é compromisso", do rapper Sabotage.
Criação/produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes
Edição: Luciano Campbell
Acesse: www.instagram.com/programafichatecnica
Não vão sabotar nossos sonhos!
Larissa Campos/Raul Fortes
Se você não conhece a história e a obra do rapper Sabotage, eu sugiro que tire um tempo para fazer isso. Existem textos, documentários, reportagens e muitos outros materiais que estão disponíveis a partir de uma simples pesquisa no Google. Mas eu sugiro um pouco mais: tire um tempo para ouvir Sabotage.
O que você ganha com isso? Um novo olhar, uma nova perspectiva. Nas rimas que escreveu, o rapper sempre apresentou a realidade sem rodeios, sem meias palavras. Ele encontrou ressonância nas vidas de tantas pessoas que, inseridas na mesma realidade que ele, não encontravam alguém que levasse a voz da favela para o mundo, para além da favela.
Apesar de ter vivido apenas 29 anos, Sabotage fez muito pelo rap nacional. E não poderia ser diferente, afinal, o rap era o compromisso dele. O que mais impressiona na história de Sabotage é, justamente, ele não ter deixado que a realidade na qual estava inserido acabasse com os sonhos que trazia consigo.
Sabotage nunca escondeu as experiências que teve no mundo do crime e não cabe a nenhum de nós fazer qualquer tipo de julgamento. Mas cabe destacar que, mesmo diante de condições pouco favoráveis, ele não se calou e fez de si próprio um instrumento para dar voz a muitas pessoas.
Por meio do rap, ele conseguiu transformar sua realidade, deixando um legado de “responsa”, que permanece sendo estudado e apreciado. É uma pena que ele tenha partido tão jovem. Quem olha para a atual situação política do Brasil com um mínimo de clareza e lucidez, sabe muito bem o quanto rappers como Sabotage são necessários em momentos como o que estamos vivendo.
Mesmo diante de fatores como a fome, a pobreza, o crime, a violência, Sabotage não esqueceu o compromisso com o rap e, consequentemente, o compromisso com ele mesmo. Revisitar a história de vida desse grande rapper brasileiro é repensar os nossos próprios sonhos, as coisas que gostaríamos de fazer, mas deixamos de lado.
As desculpas sempre existirão. Os afazeres e a rotina sempre caminharão ao nosso lado. Mas até quando nós vamos sabotar os nossos próprios sonhos?
The podcast currently has 21 episodes available.