Memória Capixaba de Fábio Pirajá

Quintas Júnior e a Viagem de Pedro Álvares Cabral (1500 / 1973)


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O fotógrafo capixaba Francisco Quintas Júnior e a construção do Barco Tubarão II, de Crz 80.000,00, montado na Ponta da Passagem, para a rota do Descobrimento do Brasil.
O gosto pelo mar herdado de seu pai, um comerciante português, levou Quintas Júnior a construir seu próprio barco para fazer a rota do descobrimento. Ele zarpará em breve tempo.
O CRUZEIRO, 17-10-1973
Revista o Cruzeiro de (1973).
Sem medo de enfrentar os perigos do mar ou sofrer ataques de tribos nativas da América Central, Francisco Quintas Júnior, o fotógrafo mais velho de Vitória, no Espírito Santo, vai fazer, 473 anos depois, num barco que construiu sozinho, o mesmo percurso feito por Pedro Alvares Cabral, alterando a rota apenas para uma rápida passagem por Nova Iorque.
Há três anos, trabalhando inicialmente aos sábados e domingos, mas depois em ritmo diário, aproveitando uma folga em seu estúdio fotográfico, Quintas Júnior concluiu seu trabalho e só espera a chegada de um aparelho de medir a profundidade, que mandou buscar na Alemanha, para lançar o Tubarão II nas águas do Atlântico. A princípio, julgado louco pelos que não acreditavam na sua obstinada força criativa, ele não tentou o impossível para conseguir o maior sonho de sua vida, navegar num barco construído com seu próprio esforço.
Na construção ele gastou até agora 80 mil cruzeiros, mas Quintas Júnior sabe que as despesas aumentarão com a alimentação da tripulação e se quebrar um mastro ou rasgar uma vela durante a viagem. O gosto pela navegação e o desejo de fazer propaganda do Brasil no exterior o animaram a terminar a obra, porque, segundo ele próprio admite, nunca se meteu num negócio para não chegar ao fim.
O BARCO
O Tubarão II foi construído num pequeno estaleiro localizado no quintal da residência de um irmão do fotógrafo capixaba, na Ponta da Passagem, em Vitória. Tem 12 metros de comprimento, 4 de largura, 1 metro e 60 centímetros de calado e pontal de 3 metros e meio. Desloca 18 toneladas e pode levar cinco tripulantes. Possui dois mastros e um motor de 30 HP, que só será utilizado em manobras nos portos.
O material usado na construção é de primeira qualidade, destacando-se a peroba emprega-da na estrutura do casco e o cedro e louro, no interior das cabines. Suas partes foram divididas em dois setores, para permitir que, se uma for invadida pelas águas, a outra fique inteiramente, vedada.
Em seu interior cinco beliches, cozinha completa, depósito de mantimentos, banheiro, dois depósitos de água potável para 600 litros. O barco não tem a quilha arredondada, como é comum em tais casos, e sim pontiaguda, para permitir melhor velejar. Apesar de gostar do mar desde pequeno, Quintas Júnior, quando começou a construir o barco, dividiu seu tempo entre o estúdio, o estaleiro e a sede da Capitania dos Portos de Vitória, onde fez um curso intensivo de navegação. Só a vontade de viajar não era o suficiente para a aventura. Seria necessário a carta de navegação e agora pouca coisa falta para o início da viagem.

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Memória Capixaba de Fábio PirajáBy Memória Capixaba