Por Hilquias Scardua
Servimos dos banquetes aprazíveis, muitas vezes doces; consequentemente, esgotamos o amargor de muitos dissabores ofertados durante o ciclo dos dias. Essa Roda da Vida tende a girar e nos coloca em seu ponto mais alto e, em seu contínuo giro, nos vemos condicionados em seu extremo ponto baixo.
Um grande mestre nos trouxe uma lição de dor e superação que prometo ser uma reflexão profunda a respeito da efêmera condição da dor e, para evitar a curiosidade alheia, daqueles que antecipam, não é do Cristo que irei falar, pois esse exemplo está mais do que consolidado.
Certa altura, um amigo relata a grandeza sutil do outro amigo, quando um deles estava na eminência de sua morte, após ser condenado a tomar cicuta como castigo por suas boas obras, preso em grilhões e ansioso pela visita de seus amigos, caminhava de um lado para o outro com os pesados grilhões presos em seus tornozelos. Essa condição o fazia sangrar e sentir dores constantes. Mas, no momento oportuno, quando seus amigos chegam para visitá-lo, ele imediatamente corre até eles e dá um abraço forte e afável. Um deles diz: - "Sócrates, não precisa vir até a nós, isso te provocará mais dores, seus pés sangram!" - ele precipita os passos e diz - "aqui não há mais lugar para a dor, minha alegria e regozijo são tão intensos que é só isso que sinto neste instante."
Refletindo sobre esse feito, podemos avaliar nossos inúmeros momentos de dor, desde nossas quedas nas paixões, frustrações e dores físicas. Vencer as paixões, as frustrações, essa patologia da alma, é uma escolha. Sentir a dor é inevitável quando a ferida se expõe e nos castiga, mas podemos escolher sofrer ou superá-la.
Não há espaço para a coexistência de dois sentimentos em nosso espírito. Nossa Alquimia Sagrada nos proporciona a transmutação e superação das adversidades que parecem imutáveis. Transcendemos, superamos, reagimos ou, por outro lado, escolhemos um sentimento agradável de tamanha potência para revigorar nosso espírito.