"Com a fé de quem olha do banco a cena; do gol que nós mais precisava na trave; a felicidade do branco é plena; (...) a felicidade do preto é quase."
A letra da música Ismália, do Emicida, retrata em suas primeiras estrofes a regra da realidade da população negra no Brasil que, incrivelmente, ainda carrega sob seus ombros as chagas de feridas abertas do período da escravidão no país – em seus mais de 3 séculos de duração.
Ainda que em 1888 tenha sido promulgada a Lei Áurea, pondo fim, portanto, ao regime escravista, pouco se fez pela população negra em nosso país, mantendo-os, sempre que possível, à margem da sociedade em razão de sua raça.
E por mais que brademos que há apenas a raça humana, a distinção da raça ainda é um fator político preponderante, sobretudo quando por meio desta “política de Estado” se é possível manter a população negra nas camadas sociais mais baixas; afinal, ainda impera em nossa sociedade o conceito de que negros são incapazes, que são inferiores e que são “menos” humanos do que os brancos.
A carne mais barata do mercado é a carne negra. Essa conceituação não é uma invenção nossa, ela vem de anos de preconceito e de um racismo estrutural que mata diariamente um sem número de negros em razão da sua cor e de sua raça.
Debater e entender o racismo estrutural existente em nossa sociedade é tarefa essencial para a sua desconstrução – ou evolução -, pois como diz Djamila Ribeiro: não basta não ser racista, é preciso ser antirracista.
E aqui vale ressaltar que o tribunal da internet em nada contribui para a causa, pois quando confrontando com um ato isolado praticado por qualquer indivíduo, de pronto o acusa e julga como racista. Como se toda a sua história de vida tenha se pautado por atos como o praticado.
A forma de se buscar evitar comportamentos racistas é perceber-se criticamente. É refletir sobre o tema. É conversar e debater sobre ele, sobretudo em uma sociedade que nega suas origens e busca a todo momento “jogar para debaixo do tapete” todas as suas chagas que, inegavelmente, no primeiro momento de crise se mostrarão cada vez mais abertas.
Novamente tomando como base o Big Brother Brasil (21), esse episódio tem como proposta trazer à tona um tema complexo, mas que precisa se tornar pauta de debates diários a fim de que - de uma vez por todas - a gente deixe de se esquivar dele com termos como “mimimi” ou “vitimismo”. Não é “mimimi” e muito menos “vitimismo”. É racismo estrutural.
FILME: A 13ª Emenda [Netflix]
SÉRIE: Olhos que Condenam [Netflix].
Pequeno Manual Antirracista - Djamila Ribeiro
Racismo Estrutural - Sílvio Almeida
Escravidão - Laurentino Gomes
FILME: 12 Anos de Escravidão
ÁLBUM: What’s Going On - Marvin Gaye.
SÉRIE: Quem matou Malcolm X? [Netflix]
MÚSICA: Cê Lá Faz Ideia - Emicida
Data da gravação: 11/04/2021
Trilha: Hip Jazz - www.bensound.com